«É PRECISO READQUIRIR A
CONFIANÇA!»
Este coro falado, da autoria do Padre Correia da Cunha foi escrito no ano de 1935. Mantém-se actual e poderia ser redigido hoje. Estamos a viver uma terrível época. O desemprego alastra em grande ritmo, colocando muitas famílias em situação de grave pobreza. O desemprego juvenil é um flagelo que afecta gravemente muitas famílias e sobretudo os sonhos e as aspirações dos jovens.
Naqueles tempos, toda a juventude pretendia apenas entrar na aprendizagem de uma profissão ou ofício, mas debatiam-se com uma herança carregada de negras nuvens e uma realidade muito negativa. Creio que naquela época o flagelo do desemprego seria mais insuportável, numa sociedade profundamente desigual. O desemprego arrastava sempre consigo a miséria e a fome. O Padre Correia da Cunha preocupou-se sempre com o progresso material de todos os seus paroquianos, sobretudo daqueles que carregavam na alma histórias recheadas de segredos de miséria e dor… A paróquia era o seu único abrigo, na busca do pão.
Pelo que presenciei o sacerdote era muito sensível a este drama (desemprego) e procurava, com a necessária brevidade, conseguir um emprego. Era impreterível que o seu semelhante voltasse a adquirir a elevação moral dos seus princípios. Por graça até lhe chamavam o padre das cunhas. Uma carta de recomendação do Padre Correia da Cunha era a chave certa, para abrir as portas em muitas empresas.
Neste tempo de epidemia em que nos debatemos, há muita gente mergulhada em trabalho árduo, num sublime sacrifício para que renasça a esperança e se encha este grande vazio que invadiu os nossos corações.
O cenário de hoje, são perspectivas de sacrifícios, porque hoje há muita gente passando necessidades, vítimas da pandemia, sem compreenderem a adversidade dos seus destinos.
Todos estendemos os nossos braços, à semelhança daqueles jovens Jocistas, numa suplica para que chegue um mundo novo, com mais dignidade, solidariedade humana e justiça justa.
A grande maioria de desempregados conduzem as suas esperanças debruçadas no optimismo do desejado emprego, vencendo pelo esforço natural do trabalho. O desemprego só pode levar à degradação e indignidade.
É urgente e imprescindível readquirir a confiança!
OS DESEMPREGADOS
1º Coro dos desempregados
- A nossa época é sombria!
Coro dos desempregados
- A nossa época é de miséria!
1º Coro dos desempregados
- Em todos os países da terra
Coro
- A miséria!
1º Coro dos desempregados
- Em cada lar
Coro
- A miséria!
1º Coro dos desempregados
- Em cada coração
Coro
- A miséria!
1º Coro dos desempregados
- Por toda a parte
Coro
- Falta o trabalho,
Falta o pão,
Falta a esperança,
Falta o amor!
Dirigente Jocista:
- Irmãos! Porque estão assim
descaradas as vossas mãos?
Porque estão vossos rostos, assim tão pálidos?
Porque tendes vosso corpo assim tão emagrecido?
Coro Jocista:
- Porquê?
1º Coro dos desempregados
- É que andamos há muitas semanas
a mendigar
Coro dos desempregados
- O dia inteiro!
1º Coro dos desempregados
- A bater até fazermos sangue nas
mãos.
Coro dos desempregados
- O dia inteiro!
1º Coro dos desempregados
- Vagueamos sem rumo! E vem um
dia atras de outro dia,
Sempre mais triste e mais negro.
Coro dos desempregados
- E nós não somos mendigos!
1º Coro dos desempregados
- Apesar de nossos braços inertes
e da nossa fome.
1º Coro dos desempregados
- Não somos mendigos, a pedir
esmola!
Coro dos desempregados
-Somos os operários sem trabalho,
somos desempregados!
1º Coro dos desempregados
-Os nossos braços
1º Coro dos desempregados
Querem trabalho!
1º Coro dos desempregados
- A nossa fome
Coro dos desempregados
- Quere pão!
Coro dos desempregados
- O nosso coração
Coro dos desempregados
- Quere uma esperança!
1º Coro dos desempregados
- A bandeira da miséria flutua. A
bandeira da morte flutua sobre o mundo,
Sombria como nuvem de tempestade, negra como a fome!
Nas ruas estreitas, nos becos imundos.
Há multidões desesperadas, multidões
desesperadas, multidões.
Coro dos desempregados
- Irritados. Furiosas.
Revoltadas. Ameaçadoras!
1º Coro dos desempregados
- Ouvi!
Coro dos desempregados
- Milhões de peitos gritam o seu
ódio, o seu desejo de revolta
e de sangue!
1º Coro dos desempregados
- Ouvi!
Coro dos desempregados
- Milhões de peito gritam o seu
ódio, o seu desejo de revolta de sangue!
1º Coro dos desempregados
- Ouvi!
Coro dos desempregados
- Amanhã, sobre o mundo em sangue
e fogo, ressoará o clamor imenso da vingança.
Dirigente Jocista:
- Escutai: Camaradas sem
trabalho, coragem !
Coro Jocista
- Coragem irmãos!
Dirigente Jocista:
- Nós estamos construindo para
vós um mundo novo!
Coro Jocista:
- Um mundo cristão!
Dirigente Jocista:
- Mocidade trabalhadora: das
lutas entre irmãos nunca podem nascer a fartura e a paz.
Nós trazemos connosco uma imensa esperança!
Nós os mensageiros do amor divino, vimos trazer-vos a Lei de Cristo, o
mandamento sublime.
Coro Jocista:
- Amai-vos uns aos outros
Multidão:
- Amai-vos uns aos outros
Dirigente Jocista:
- Escutai. Homens de todas as nações!
Homens de todas as classes!
Coro Jocista:
- Escutai!
Dirigente Jocista:
- É grande a miséria da mocidade
sem trabalho, dessa juventude que, na
Esperança caminha para a morte. Escutai!
Coro Jocista:
- Escutai! Voltemos a Cristo!
Voltemos à sua Lei! Voltemos ao seu amor!
Voltemos a Roma! Cidade da Verdade Eterna!
Dirigente Jocista:
- Voltemos à felicidade!
Dirigente Jocista:
- Nós! Nós! Nós! Nós a juventude!
Nós a juventude nova! Nós a juventude operária cristã
Com a nossa acção corajosa!
Dirigente Jocista:
- Estamos a construir!
Coro Jocista:
- O futuro!
Dirigente Jocista:
- Que o papa exige de nós!
Coro Jocista:
- O futuro!
Dirigente Jocista:
- Que a miséria do mundo reclama!
Coro Jocista:
- O futuro!
Dirigente Jocista:
- Que realizará promessas de paz
verdadeira, de verdadeira Felicidade!
Coro Jocista:
- O futuro!
Dirigente Jocista:
- Em que a geral alegria virá do
trabalho certo e do salário justo!
Coro Jocista:
- Com a nossa acção corajosa,
vamos construindo o futuro que o Papa exige de nós!
Multidão:
- A nova ordem cristã!
Dirigente Jocista:
- Não com discursos! Não com
palavras vazias de sentido! Não com o vão ressoar de cânticos!
Coro Jocista:
- Mas com a nossa acção enérgica,
audaciosa, cheia de esperança,
Firme, tenaz, obstinada até à vitória!
Acção à qual damos sem contar o nosso dinheiro, o nosso tempo as nossas
energias moças, a
Nossa vida!
Acção ao serviço de todos, a única acção!
Dirigente Jocista:
- Quem está connosco?
Multidão:
- Nós, Nós, Nós a juventude!
Nós a juventude operária.
Nós a juventude operária cristã
Dirigente Jocista:
- Jocista, escutai: Esta acção
exige uma batalha!
Multidão:
- Aceitamos a batalha!
Dirigente Jocista:
- Essa batalha exige sacrifício
Multidão:
- Aceitamos o sofrimento!
Dirigente Jocista:
- Sofrimento que pode ir até à
morte.
Multidão:
Fiéis até à morte! Fiéis! Fiéis!
Dirigente Jocista:
Mãos juntas, joelhos em terra!
Rezemos!
Coro jocista
- Rezemos!
Dirigente Jocista:
- Deus de misericórdia e de amor,
os moços desempregados, no mundo inteiro
Erguem para Vós as mãos suplicantes, milhares de mãos prontas para o
trabalho
Trementes de impaciência, ávidas de construir um futuro melhor.
Multidão:
(de pé) Senhor dai-nos trabalho,
trabalho!
Coro jocista
- Dai-nos trabalho Senhor!
Dirigente Jocista:
- E poderemos deixar contentes o
repouso forçado, que nos consome as forças
E nos mata de fome!
Não consintais que o nosso ardor moço e forte se perca em vão.
Não nos deixes morrer lentamente!
Multidão:
- Trabalho, Senhor, trabalho!
Coro jocista
- O mundo está nas nossas mãos!
Dirigente Jocista:
- Não consintais que se afunde na
desordem! Não deixeis que a miséria alastre mais os seus estragos!
Multidão:
- Dai-nos o bem-estar pelo
trabalho!
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