segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PE. CORREIA DA CUNHA E CARTA ABERTA SOBRE O NATAL
















PRESÉPIO SÃO VICENTE DE FORA - 1964



“ GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS, E PAZ
 NA TERRA AOS HOMENS DE BOA
VONTADE.”




Envolvidos na devota fé cristã, com as nossas almas cheias de alegria e paz, preparamos-nos, uma vez mais, para celebrarmos as festividades do nascimento do Deus Menino.

Natal é festa de família! Lares em festa onde puros sentimentos de afectos familiares se espelham.

Mas nas encantadoras festas de Natal sempre se conservam lembranças e saudades do Natal vivido nas nossas infancias que, no meu caso, foram na Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, junto do Padre Correia da Cunha.

Transcrevo hoje, uma carta aberta sobre o Natal, dirigida pelo Padre Correia da Cunha aos seus estimados e adorados paroquianos.

O Padre Correia da Cunha, o primeiro responsável daquela imensa família, que era a sua paróquia, tinha todos os anos o desejo ardente de afogar a solidão e a tristeza de muitos irmãos. A esses irmãos, tristes e sem nenhum carinho, apenas lhes restava esperar, sempre esperando…uma reconfortante esperança por melhores dias e que a mensagem, dada naquele humilde presépio de Belém, fosse acolhida pelos corações dos Homens.








Caríssimo e estimado Paroquiano

Estamos às portas do Natal, solenidade celebrada por todos, mesmo não cristãos, com o sentido, pelo menos de Paz e de Alegria.

Não vamos tecer considerações a propósito dos muitos e variados aspectos dessa festa nem sequer de modo como é celebrada. Não é esta a forma mais adequada de o fazer. Mas pensamos que você, como paroquiano que é, tem o direito de saber o que a nossa comunidade paroquial, planeou fazer para celebrar o Natal e ainda o direito de colaborar connosco se assim o entender.

Para os cristãos, o Natal é acima de tudo uma lição e uma vivência de caridade, lição e vivência essas baseadas na atitude do próprio Deus que, unicamente por amor de nós, se fez Homem para viver connosco e partilhar connosco a sua própria Vida Divina, constituindo-nos seus irmãos e, portanto, herdeiros do seu Reino. Por isso mesmo, é que pensámos que a nossa paróquia deveria celebrar o Natal de uma maneira autêntica e viva, mostrando que estamos aprendendo a referida lição e que procuramos pô-la em prática.

Baseados, pois, nesta concepção do Natal e desejando respeitar os direitos que como paroquiano (direito de saber e de colaborar), passamos a expor-lhe os nossos planos.

É claro que celebraremos com toda a solenidade possível a Liturgia Eucarística própria dessa festividade. Temos a Missa do Galo e as Missas habituais do dia de Natal. Para estes actos do Culto Divino, como aliás para todas as funções religiosas da Paróquia, está sempre convidado: A Paróquia é a sua paróquia, sem a sua presença a paróquia não está completa.

Pensando que na nossa paróquia pode haver quem, na véspera do Natal, não tenha à sua volta o carinho nem o conforto de familiares ou amigos, e, portanto, se encontre sozinho numa ocasião de tanta alegria – queremos convidar essas pessoas para fazerem connosco aqui, nos claustros da nossa igreja, a sua festa da consoada que começará pelas 20 horas do dia 24 de Dezembro.

Não importa que sejam pobres, remediados ou mesmo abastados. Nem importa que sejam ou não cristãos. O que importa é que sejam pessoas da paróquia e estejam sós nesse dia, sem o calor de uma amizade.

Se souber de alguém nestas condições, pode desde já em nome da nossa Família Paroquial convidar essas pessoas para tomar parte da nossa consoada. E, se aceitarem o convite deve comunicar-nos o facto até ao próximo dia 19 de Dezembro, responsabilizando-se pela verdade da comunicação. Assim ficaremos com cinco dias para arranjar a mesa fraterna em condições de todos serem servidos capazmente, sem vergonhas para ninguém


GRUPO CATEQUISTAS S.VICENTE - 1966



Como uma paróquia deve ser uma comunidade ou família em ponto grande, pareceu-nos a nós que deveríamos também, ao menos na quadra do Natal, demostrar publicamente por meio de um acto concreto – que dela fosse visível sinal – a amizade fraterna que nos deve ligar a todos os paroquianos, mas absolutamente a todos. 

Para tanto, pensámos organizar um convívio, à escala paroquial, em que todas e cada uma das famílias da paróquia venham partilhar fraternalmente com os outros o pão da sua mesa, sem nenhuma acepção de pessoas nem de posições ou situações sejam elas quais forem.

Quem celebra o Natal, é porque, como irmão e em espírito de família, quer viver em paz, e amizade com os outros. Se assim é, disso temos de dar testemunho. Pois bem. Não será possível encontrarmo-nos todos (os que pudermos, é claro) à volta da mesma mesa numa demostração de fraternidade? Se cada família trouxer uma refeição volante (género pic-nic) em quantidade bastante para todos os seus membros, decerto chegará para todos os paroquianos comungarem à mesma mesa de uma fraternidade amizade.

No entanto para que este convívio decorre na melhor ordem e não redunde num fiasco, é necessário estabelecer um mínimo de organização. Por isso, se concordar com a ideia e quiser tomar parte no convívio, terá de se inscrever até ao dia do Natal para termos tempo de arranjar as coisas nas devidas condições para o dia 3 de Janeiro, data em que está previsto o Convívio Paroquial. Portanto, o convívio está aberto a todos os paroquianos sem distinção nas seguintes condições:

- Ser paroquiano; fazer a sua inscrição até ao dia de Natal deste ano; trazer os alimentos até às 17 horas do dia 3 de Janeiro dia convívio.

Dentro ainda da nossa concepção do Natal, pensamos também apelar para a generosidade de todos os paroquianos em favor dos irmãos mais necessitados.

Como sabe, há um organismo paroquial, chamada Conferência de S. Vicente de Paulo, cuja missão é fundamentalmente auxiliar os irmãos que vivem em circunstâncias mais difíceis. Esse organismo encarrega-se de, em nome de toda a paróquia, prestar a esses irmãos o auxílio possível, de realizar a partilha entre irmãos de sorte que se cumpra a Lei do Senhor: «DAR COM A MÃO DIREITA DE MODO QUE A ESQUERDA NÃO SAIBA.». Pois, a partir do próximo domingo, dia 30 de Novembro, todos podemos colaborar nas Campanhas da Generosidade Fraterna, dando anonimamente tudo o que pudermos para bem dos outros irmãos. Essas campanhas serão especificadas, semana a semana, até ao fim do ano. Assim teremos:

- A semana do arroz e do açúcar de 30 Novembro a 7 de Dezembro; a semana da massa, feijão e grão de 7 a 14 de Dezembro; a semana do azeite e do bacalhau de 14 a 21 de Dezembro; a semana do café, conservas e leite em pó de 21 a 28 de Dezembro.

À entrada da nossa igreja haverá recipientes para receber estas ofertas ou dinheiro. De tudo daremos contas na Folha Paroquial e num placard à porta da igreja. E tudo será distribuído pelas conferências de S. Vicente de Paulo oportunamente e consoante as necessidades dos nossos irmãos, dando-lhes também contas da distribuição feita, mas de forma a nunca ferir a modéstia de quem for beneficiado.

Para fecho destas celebrações natalícias, teremos uma representação de um Auto de Natal, no dia 4 de Janeiro, provavelmente no adro do Panteão de Santa Engrácia. Oportunamente confirmaremos o local e a hora.

Em vista do que fica dito, pedimos e agradecemos desde já uma resposta sua e comunicar-nos as suas impressões, ou sugestões ou qualquer outra forma de colaboração com que nos queira honrar.

Desculpe-nos o facto de lhe não termos enviado esta CARTA ABERTA pessoalmente e em carta fechada. Não temos infelizmente o ficheiro de toda a Paróquia. É trabalho que poderia agora começar-se com a sua ajuda… Por outro lado, também não somos ricos a não ser de coração. No resto, somos todos pobres e, por isso, não podemos gastar dinheiro em selos – temos de nos servir da generosidade de todos a começar pela das pessoas de boa vontade que com verdadeiro sentido de amizade fraterna fazem chegar este impresso às mãos de todos os paroquianos.

Para seu conhecimento, comunicamos que a comissão que planeou todo este programa é constituída pelo Prior e pelas Direcções da Catequese Paroquial, da Associação de Pais da nossa paróquia e das Conferências de S. Vicente de Paulo.

Agradecendo a atenção dispensada e o favor de uma resposta, fazemos sinceros votos por que o Deus Menino lhe traga a si a toda a sua família as melhores bênçãos e graças divinas.

Paróquia de São Vicente de Fora, 26 de Novembro de 1969



   O Vosso prior
   Pe. José Correia da Cunha







O Natal era a festa da família paroquial, em oferenda ao Deus Menino, numa vivência de fé e, no Natal de cada ano, o Padre Correia da Cunha sempre esperava milagres, que se concretizassem todos os ideais sonhados.
Com muita emoção, desejo a todos um Santo Natal!
AMÁLIA RODRIGUES - "Vi o Menino Jesus"




















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domingo, 8 de dezembro de 2013

PE. CORREIA DA CUNHA E A IMACULADA CONCEIÇÃO















A VOSSA CONCEIÇÃO IMACULADA, OH
MARIA ENCHEU O MUNDO INTEIRO DE
ALEGRIA!


A solenidade em louvor da Imaculada Conceição de Maria, Padroeira de Portugal, alcançava um brilho invulgar na Paróquia de São Vicente de Fora e caracterizava-se por uma distinta  festividade. O Padre Correia da Cunha tornava estas celebrações de uma forma verdadeiramente deslumbrante e duma grandeza emocial sem par, quando punha aquele templo repleto de gente a cantar hossanas à exclesa Mãe de Deus e Rainha dos portugueses.

PE. CORREIA DA CUNHA


A igreja de São Vicente de Fora apresentava sempre um elevado aglomerado de crentes. No  final do Evangelho, o Padre Correia da Cunha proferia eloquentes homilias que eram notáveis pelo pensamento e pela forma de relevo literário, mas de profundo sentido religioso. Para ele Maria! Senhora da Conceição significava a concepção da relação entre o Divino e o humano… Conceição era a sua verdadeira e eterna rainha.

ALTAR N. SRª  DA CONCEIÇÃO DA ENFERMARIA

 
No transepto do templo, o altar era decorado com as mais belas flores em toda a sua extensão para receber as manifestações de piedade e fervevoroso culto mariano. Era ali que se encontava a imagem de Nossa Senhora da Conceição da Enfermaria, evocada desde o primeiro Rei D. Afonso Henriques, e ao longo dos séculos pelos portugueses com comoventes e grandiosas celebrações.

O Padre Correia da Cunha via na figura materna de Maria, Mãe de Deus,  o modelo perfeito de mulher e de mãe, a cuja protecção tanto devia. Comovidamente, aludia : “ Que este júbilo de boa Mãe se nos pegue a todos nós; saibamos meditar e conservar estes ensinamentos no nosso coração!”.

A Imaculada Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mácula de pecado original.  A celebração de Nossa Senhora da Conceição, assinalada a 8 de Dezembro, foi definida como festa universal em 1476, pelo Papa Sisto IV.

Oito de Dezembro é uma data que, de Norte a Sul de Portugal, se celebra festivamente.








No dia 25 de Março de 1646, o Rei Português, fundador da Dinastia de Bragança, D. João IV promoveu uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência  de Portugal. Dirigiu-se à igreja de Nossa Senhora da Conceição que declarou Padroeira e Rainha de Portugal. A partir dessa data, mais nenhum Rei Português colocou a coroa na cabeça por se considerar que só a Virgem Nossa Senhora tinha esse direito. Nos quadros onde aparecem Reis ou Rainhas, a coroa está sempre colocada ao lado, sobre uma mesa, num tamborete ou almofada de cetim.

A importância de Nossa Senhora na vida dos portugueses está enraizada desde os primordios da nacionalidade. Maria é realmente a nossa mãe, porque Jesus a deu como mãe, não só aos que se encontravam junto da cruz do calvário, mas também a toda a humanidade, que a proclama Maria  bem-aventurada.

À semelhança do fazia o Padre Correia da Cunha no final destas celebrações marianas, hoje também somos convidados a aplaudir a nossa Mãe. Estas palmas são para ti, como sinal do nosso amor e do nosso carinho. E TODOS CANTEMOS:


Salve, nobre Padroeira
Do Povo, teu protegido,
Entre todos escolhido,
Para povo do Senhor.

Ó glória da nossa terra,
Que tens salvado mil vezes,
Enquanto houver Portugueses,
Tu serás o seu amor.

Com tua graça e beleza
Um jardim não ornas só,
Linda flor de Jericó,
De Portugal és a Flor!

Flor de suave perfume,
Para toda a Lusa gente,
Entre nós, em cada crente
Tens esmerado cultor.

Acode-nos, Mãe piedosa,
Nestes dias desgraçados,
Em que vivemos lançados
No pranto, no dissabor.

Lobos famintos, raivosos
O teu rebanho atassalham,
As ovelhas se tresmalham,
Surdas à voz do pastor.

Da fé a lâmpada santa,
Que tão viva outrora ardia,
Se teu zelo a não vigia,
Perde o restante fulgor.

Ai! da Lusa sociedade,
Se o sol do mundo moral
Se apaga… Ó noite fatal!
Ó noite de negro horror!

És a nossa Padroeira,
Não largues o padroado
Do rebanho confiado
A teu poder protector.

Portugal, qual outra Fénix,
À vida torne outra vez.
Não se chame Português
Quem cristão de fé não for.


8 DE DEZEMBRO – DIA DA MÃE

Renovemos hoje a nossa homenagem sincera, de todos os anos, no Dia da Mãe, e neste dia especial redobramos o respeito e o carinho que lhe dedicamos todos dias em reconhecimento aos seus desvelos e ao seu amor.

Que Deus a Proteja ou lhe conceda a Paz eterna.

























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