terça-feira, 12 de janeiro de 2021

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA

 



Os amigos que partiram...




IN MEMÓRIAM

ANTONIO FRANCISCO FIALHO PALMA

1936-2017



Veio do coração das vastas planícies do Alentejo, onde nasceu no dia 4 de Abril do ano de 1936, na bela vila da Vidigueira. Ali, foi baptizado com o nome de ANTÓNIO FRANCISCO FIALHO PALMA. 

Com apenas 16 anos começou a sua vida de lutas na grande cidade de Lisboa, como empregado de comércio, numa das mais requintadas e prestigiadas lojas de pronto a vestir que havia na baixa lisboeta. 

Sempre foi um excelente trabalhador e cumpridor dos seus deveres, encontrando naquele estabelecimento a sua realização profissional. No entanto, faltava-lhe algo mais. Foi no Patronato de Nuno Alvares Pereira, fundado pelo Monsenhor Francisco Esteves (1871-1959) no ano de 1905, onde eram acolhidos muitos jovens do bairro de Alfama e São Vicente, onde lhes proporcionava a prática desportiva, actividades teatrais, musicais, passeios culturais e religiosos, que o Fialho encontrou um forte espírito de camaradagem, que tanto o cativou. Foi nos finais dos anos cinquenta que este jovem pelo seu comportamento e sagacidade se integra na vida activa do Patronato de Nuno Alvares Pereira. 

É admirável a participação do Fialho naquela obra, com um temperamento obstinado, indomável e com forte energia do seu espirito, ali participava activa e diariamente, em todas as actividades desportivas, culturais e de lazer, após os seus afazeres profissionais. Foi durante muitos anos membro da direcção do Patronato, sediado nas Escolas Gerais. 

Com a chegada do Padre Correia da Cunha no ano de 1961, à Paróquia de São Vicente de Fora, trazendo uma lufada de renovação pastoral, o António Fialho sempre encontrou tempo para se envolver nessa nova dinâmica. O Padre Correia da Cunha sempre elogiou este jovem, pelas missões prestadas ao serviço da Comunidade Paroquial. Foi sempre muito afectuoso e leal para com o seu pároco adoptivo, pois à época o Fialho era residente na freguesia de Algés. 

O António Fialho conquistou na Paróquia de São Vicente de Fora grandes amizades, tornando-se numa figura inesquecível. Sempre que vinha à capital, nunca deixava de visitar o seu amigo Padre Correia da Cunha. 

No ano de 2015, em que se apresentou o livro da minha autoria: Correia da Cunha – Mestre de Vida, tive a necessidade de elaborar uma lista de nomes, de antigos membros da Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, para os convidar a estarem presentes naquele nobre evento. Curiosamente, não houve um só, dos antigos alunos e membros do Patronato de Nuno Alvares Pereira, que não me referisse o nome do António Fialho, como grande discípulo daquele que o livro visava homenagear. 

Nos finais dos anos setenta regressou à terra que o viu nascer, mas nunca deixou de todos os anos, ali acolher as velhas amizades da Paróquia de São Vicente de Fora (amigos do Patronato) num almoço de confraternização com os sabores alentejanos. 

Com muita perseverança, desenvolveu acção relevante no Clube Vasco da Gama da Vidigueira, como director da modalidade do Andebol. Esta colectividade, em reconhecimento do seu profícuo trabalho, tem-lhe promovido grandes homenagens. Não querem deixar de recordar o Fialho Palma, pelo imenso amor e carinho que sempre dedicou á sua terra-natal e clube. 

Foi no dia 21 de Novembro de 2017, ano das celebrações do centenário do nascimento do Padre Correia da Cunha, que o António Francisco Fialho Palma, após doença prolongada, nos deixou. A falta que todos sentimos da sua franca amizade, incentiva-me a lavrar estas singelas palavras em sua memória. 

Dai-lhe Senhor, o eterno descanso e brilhe para ele o esplendor da Luz Eterna. 

Paz à sua grande alma. 












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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

PE. CORREIA DA CUNHA - FADISTA CARLOS DO CARMO (1939-2021)

 






CARLOS DO CARMO (1939-2021) - E SUA MENINA E MOÇA


Não sei como começar a escrever de algo que aconteceu há mais de 50 anos, num dos pátios, dos amplos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora, na cidade de Lisboa.

O fadista Carlos do Carmo a convite do seu grande amigo Padre Correia da Cunha foi cantar a São Vicente de Fora, com toda a sublimidade do fado. Lembro que ele sorria de felicidade radiante, diante de uma enorme plateia completa. Um homem sozinho, acompanhado apenas de um guitarrista e um viola. Cantava primorosamente, pois a sua voz era toda sentimento.

Creio que muitos nunca esquecerão aquela tarde do ano de 1970, como refere o meu bom amigo Carlos Pissarra que muito contribui para a realização daquele maravilhoso evento. O António Carlos Pissarra ficou tão entusiasmado com o êxito obtido, que tentou convencer o Padre Correia da Cunha a transformar aqueles claustros, revestidos de azulejos, numa permanente sala de fados.

Foi brilhante a interpretação do genial fadista, com as melodias extraídas dos acordes daquela guitarra e viola. Conquistou a simpatia e efusivos aplausos dos vicentinos. As almas encheram-se de profundas emoções. No fadista Carlos do Carmo até o próprio silêncio tinha sonoridade.

Os fados interpretados pela voz do Carlos do Carmo eram sentidos pela alma. A arte musical não tem propriedade; é de quem a admira, a entende e a pratica com voluptuosidade dos amantes apaixonados. Era o caso do reverendo Padre Correia da Cunha, que sempre lutou para transformar a sua paróquia num verdadeiro Centro Cultural (a sua sonhada Associação para a música organística). Obviamente, dando primazia às actividades pastorais e ao culto.

Jamais poderemos esquecer a figura deste fadista e as interpretações das cantigas à sua cidade de Lisboa, como ainda hoje recordamos as belas cartas de amor que o Padre Correia da Cunha escrevia à cidade onde nas, cera. Nas nossas almas ficarão impressos pedaços de melodias poéticas, musicando o sentimento existente nos sonhos do nosso amor a esta cidade feiticeira: LISBOA MENINA E MOÇA...

Carlos do Carmo morreu. Soube-o através das Tv's neste primeiro dia do ano de 2011. O seu nome ficará gravado para sempre na história da canção nacional.

Por isso escrevo esta singela homenagem de muita admiração a este grande Homem de bondade e cavalheirismo. Lisboa nunca o esquecerá!







Sei da verdadeira amizade do Padre Correia da Cunha com a Dona Lucília do Carmo. Era plena e cimentada em grandes virtudes, desenvolvida em mútua nobreza de caracteres. Nesta foto : O Padre Correia da Cunha está numa tertúlia com amigos, no Restaurante típico O FAIA, que era proprietária a Senhora Dona Lucília do Carmo.




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