quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

45º ANIVERSÁRIO OBJECTIVO – 2 ABRIL 2016








A IGREJA, CADA VEZ MAIS CONSCIENTE


 DO SEU PAPEL DE MÃE E MESTRA...





O grupo de Jovens OBJECTIVO da comunidade paroquial 

de São Vicente de Fora destacou-se no panorama da 

pastoral juvenil, nos anos setenta do século passado pela 

sua originalidade. No próximo dia 2 de Abril, na bela

 cidade de Ourém, realizar-se-á um encontro com todos os

 amigos do GRUPO DE JOVENS OBJECTIVO para a

 celebração do 45º Aniversário da sua fundação. 







Será aproveitada a ocasião para o lançamento do livro: 

OBJECTIVO da minha autoria.

É de salientar o compromisso e a intervenção na comunidade paroquial, bem como noutros espaços alargados da vida social e politica. O OBJECTIVO contribuiu decisivamente para o enriquecimento da paróquia assim como da diocese de Lisboa pela reflexão lúcida em torno de temas centrais para a renovação da Igreja e da sociedade portuguesa. 



Não posso deixar de recordar a 

presença do Sr. Cardeal Patriarca 

Senhor D. António Ribeiro à Comunidade Paroquial de 
São Vicente de Fora, no dia 4 de Novembro de 1972, aquando da celebração do primeiro aniversário do grupo OBJECTIVO. Ficamos todos encantados com tamanha distinção, e aproveitando o nosso bispo esse momento, para agradecer o esforço e empenhamento do grupo de jovens de São Vicente de Fora na construção do Mundo Novo.

Não podemos de deixar de evidenciar que este ciclo vital do grupo OBJECTIVO deixou marcas profundas na juventude e que ainda hoje emergem como resultado, a capacidade de um reflexão amadurecida no campo das ideias e na sensibilidade apurada e crítica das instituições da actual sociedade.

Seja-me lícito recordar o brilhante discurso do Padre Ismael Sanches, assistente espiritual do Grupo OBJECTIVO, na recepção ao Sr. Patriarca de Lisboa – D. António Ribeiro na comemoração do primeiro aniversário do grupo no ano de 1972.








 Quero saudar em primeiro lugar o Senhor Patriarca (D. António Ribeiro), nosso pastor e pedagogo da fé nesta nossa Igreja de Lisboa, o Senhor Prior (Padre José Correia da Cunha), chefe da comunidade paroquial de São Vicente de Fora e todos os que se encontram nesta sala, e tem acompanhado de longe ou de perto, directa ou indirectamente, o grupo de jovens OBJECTIVO, nos seus esforços e nos seus ideais de Construir Comunidade.


Desejo e peço-lhes que não tomem como dissertação a reflexão que quero partilhar convosco sobre a educação da juventude.

Todos sabemos que no nosso mundo moderno, a juventude se tornou um lugar privilegiado de incidências especiais e preocupações pelos problemas e pelas esperanças que ela suscita.

- Já porque o mundo em que vivemos está totalmente virado para o futuro.

- Já porque as populações, mercê da explosão demográfica, se rejuvenescem a ritmo muito acelerado; num país como o Brasil, por exemplo, conta entre jovens de idade de quinze a vinte e cinco anos mais de 50% da sua população. Portugal, apesar de não se encontrar muito longe dessa percentagem.

- Já porque os desequilíbrios, as injustiças e a insegurança das sociedades se reflectem e repercutem mais nos jovens, implicando reacções quase sempre violentas, de contestação, e movimentos mais ou menos radicais, mais ou menos perseverantes, de tentativas de libertação: libertação do peso de uma certa tradição, de preconceitos, de tabus de convenções que lhes apodrecem como esforço artificial: Este esforço de libertação sempre expressado pelo pelo peso de carências de educação, tanto a educação para uma liberdade responsável como da educação para a justiça.

- Pelo volume de exibicionismo que têm nestes últimos tempos acompanhado estes fenómenos, e pela seriedade que eles os governos dos estados os internacionalizam.

Igrejas, assim as colocam a juventude como alvo primordial de referência e de planeamento. Através da imprensa, da rádio e da televisão, nós vamos, posta que imperfeitamente, tomando conhecimento de problemas como das contestações das instituições educacionais, das reformas de ensino e dos surtos de criminalidade juvenil. O estilo de vida que alimenta os movimentos propícia à droga.


Ao contrário os movimentos de inspiração religiosa e as comunidades de base juvenis internacionalizaram-se rapidamente.

Mas o assim chamado “conflito de gerações” tanto nas famílias como nas instituições vai-se perpetuando, e até se agrava.

A Igreja, cada vez mais consciente do seu papel de mãe e mestra têm tido bem presente estes problemas, tem feito análise e programadas orientações, desde documentos do Concilio Vaticano II como a Constituição Pastoral. A Igreja no Mundo de Hoje – A declaração sobre a educação cristã até à carta apostólica de Paulo VI ao Cardeal Maurice Roi. Neste último documento, aludindo a novos problemas sociais, Paulo VI diz: Nós podemos ainda, como ninguém, falar do amor do próximo. Nós podemos ir buscar ao preceito evangélico do perdão e da misericórdia fermentos regeneradoras da sociedade. Nós, Irmãos veneradíssimos e Filhos dilectíssimos, podemos sobretudo dispor de uma arma singular, em favor da Paz: é a oração, com as suas maravilhosas energias de tonificação moral e de impetração de transcendentes factores divinos de inovações espirituais e políticas e com a possibilidade que ela oferece a cada um, de se interrogar a si mesmo, com sinceridade, acerca das raízes do rancor e da violência, que podem eventualmente encontrar-se no coração de cada um de nós “

Perante estes problemas, cujas dimensões, em profundidade e em extensão a ninguém é lícito ignorar, mas que geralmente são efectivamente ignorados ou pelo menos minimizados, como é que devemos comportar-nos?

As nossas iniciativas são parciais e nem sempre encontram o apoio incondicional e a compreensão das famílias e das autoridades.


As experiências pedagógicas que se tentam sofrem por vezes interpretações tendenciosas e num mundo que evolui tão rapidamente e onde a complexidade de factores é tão intrincada, onde por entre nós cada cabeça quer ditar a sua sentença, é difícil coordenar esforços e encontrar unidade de orientação. Entre nós, para além destas dificuldades de fundo, outros dados característicos concorrem para dificultar seriamente o trabalho educacional: a demissão por parte das famílias que confiam esta missão à Igreja, supondo que esta dispõe de recursos mágicos de transformação das pessoas, os traumatismos de vária ordem que os jovens carregam e cujas consequências se fazem sentir nas primeiras tentativas de vida comunitária; a escassez de recursos didácticos e de disponibilidade de tempo das pessoas, os preconceitos contra a coeducação de uma certa mentalidade puritana; as prevenções naturais dos jovens contra uma Igreja que se lhes apresenta como autoritária, conformista e tradicionalista e o cepticismo que isso acarreta; carência de motivações de fé e o romantismo de um vago ideal humanitário; uma ética individualista e interesseira onde as pessoas tentam mais promoverem-se a si próprias do que trabalhar em espírito de serviço, pela formação dos outros.


Neste contexto, o nosso trabalho de responsáveis exige paciência incansável, sob pena de ser interpretado como demissão, e malabarismos de toda a ordem para estarmos presentes, para evitar improvisações e para nunca se perder a oportunidade de apelar para a liberdade responsável de todos.



Para além das nossas limitações e mesmo de alguns erros pedagógicos, o que tem alimentado este trabalho é o fermento evangélico que nós desejamos ver a actuar na família, na escola, no ambiente de trabalho e na vida social e civil. Mas os obstáculos ao progresso que nós desejamos para nós mesmos e para os outros são muitos.


Como diz o documento do Sínodo dos Bispos sobre a justiça no Mundo, o “método educativo”, ainda vigente etc…


Eis, Senhor Patriarca, meus irmãos, as linhas de Programação que nos propomos dentro do trabalho do OBJECTIVO. Pela acção, comunitariamente, com a pobreza de realizações e de recurso que temos fica-nos apenas a certeza de um ideal claro, de uma meta segura: educar os jovens, humanizar as relações interpessoais. Ultrapassar o individualismo, incutir o sentido de respeito pela pessoa do outro, fazer descobrir a riqueza do trabalho em comum, suscitar a confiança das pessoas em si próprias, ajudar as pessoas em si próprias, ajudar as pessoas a fundamentar honestamente as suas opiniões, desenvolver um sentido crítico construtivo, alargar os horizontes das solidariedades humanas foi a nossa preocupação em relação ao OBJECTIVO que agora comemora o seu primeiro ano de existência.



Para este novo ano que começa propomo-nos já algumas tarefas mais viradas para o exterior, como seja a alfabetização de adultos e a presença junto dos elementos marginalizados da Paróquia. Paralelamente queremos aprofundar com uma agenda mais precisa e melhor delineada o estudo das bases doutrinárias do Evangelho, em ordem a uma pedagogia da fé mais completa.

E acreditamos que o auxílio precioso que nos podem dar reside na boa vontade de colaboração por parte das famílias e de todos os grandes responsáveis desta Paróquia.




Desde 2014 que os membros do grupo de jovens OBJECTIVO se reúnem em fraterno convívio.

Este encontro do próximo dia 2 de Abril em Ourém contará com a presença especial do teólogo Ismael Sanches. Expresso aqui, desde já o profundo agradecimento à organização: Maria de Jesus Henriques e seu marido.


Serão certamente momentos de grande felicidade e alegria e utilizando a terminologia do nosso convidado: momento delirante!

Pelo conhecimento da lista de presença já confirmadas, constato que todos nos mobilizamos para esta significativa participação de membros do OBJECTIVO e familiares. Obrigado a todos!





















.