‘’SACRIFÍCIO DE AMOR E
DE ALEGRIA
EM CRISTO.”
Continuamos a transcrever o Curso de Preparação para o
Matrimónio da autoria do Padre Correia da Cunha. Creio que o escreveu com o
máximo gosto e o mais vivo interesse. Confesso que pela leitura destas
amarelecidos folhas os casamentos canónicos naquela época eram casamentos
idealizados, de perfeição e de uma relação maravilhosa.
A passagem do namoro ao casamento consistia na formação de um
compromisso de projectos, selados nas alianças de criar e educar os filhos.
O mandamento do matrimónio católico exige a união até que a
morte separe os casais, por isso a Igreja Católica não prescinde da cooperação
e da colaboração daqueles que o adoptam.
No casamento católico exige-se que os noivos prometam
‘’receber com alegria os filhos que Deus lhes enviar educando-os no Amor a Deus’’.
Homem e mulher através do Sacramento do Matrimónio são a
única e verdadeira imagem de Deus. Unidos pelo sacramento, o homem e a mulher
formarão uma só carne o que implica viver em comunhão total um com o outro. A
separação será sempre o fracasso do Amor, não está prevista no projecto de
Deus, pois Este não concebe um amor que não seja total e duradouro. Só o amor eterno,
expresso num compromisso indissolúvel, respeita o projecto primordial de Deus
para o homem e para a mulher.
Pelo Santo Sacramento
do Matrimónio realiza-se a união natural de um homem com uma mulher, mas a
união sobrenatural, isto é, divina de um cristão com uma cristã. Estas simples
palavras têm um significado muito mais profundo que, à primeira vista parece.
A união conjugal de um
cristão com uma cristã tem o valor de uma comunhão robusta em que não só dois
corpos se unem, mas duas almas se fundem numa só alma e num só coração, e Deus,
que é uno – UM SÓ -, liga-os no seu eterno e infinito amor. Na verdade, o amor
humano, a simpatia mútua, baseada em motivos naturais, como a beleza, a
juventude e frescura e outras qualidades mesmo de ordem moral, esse amor
humano, natural, base do casamento passa a ser, em virtude do Sacramento do
Matrimónio, um amor sobrenatural, divino. Os esposos cristãos, que sabem o que
é o casamento, amam-se não por motivos humanos, mas por razões divinas; amam-se
em Deus e amam Deus em cada um deles. Por isso mesmo, São Paulo chama ao
matrimónio o grande Sacramento, e diz que o marido se deve entregar ao amor da
sua esposa como Cristo se entregou pela Cristandade a ponto de se deixar
sacrificar na Cruz; e que a esposa deve amar o marido como a Igreja ama a
Cristo. E continuando na explicação destas ideias, o grande apóstolo, ensina que
o marido e a mulher formam um só corpo cuja cabeça é o marido, devendo a
mulher, portanto, obedecer-lhe e servi-lo, e devendo o marido guiá-la,
encaminha-la e viver para ela, a mulher. Pois assim como a Igreja e Cristo
formam um só Corpo Místico, assim também os esposos formam um só corpo em
Cristo.
Para os cristãos, o
casamento não é, por mais que assim pareça, uma simples obra do acaso ou
resultado de interesses humanos. O casamento para nós é o encontro e uma união
de dois seres, filhos de Deus e esse encontro foi preparado e querido por Deus
desde toda a eternidade. Deus não muda; para Deus não há tempo com ontem e
amanhã: O que Deus é hoje, o que Deus sabe e quer e vê hoje, via, queria e
sabia ontem; verá, quererá e saberá amanhã. Para Deus tudo é presente.
E Deus soube e sabe
desde sempre que determinado filho seu (que só dali a milhões de anos havia de
nascer) encontrará determinada rapariga também filha de Deus.
E o amor que entre os
dois surgirá é como semente por Deus lançada aqueles corações, que de resto, já
fizera um para o outro. É bem verdadeiro
o ditado popular que diz: «Casamento e mortalha no céu se talha».
O amor para os cristãos
é, pois, qualquer coisa de infinitamente maior que a mera simpatia fundada, em
motivos terrenos e transitórios…É qualquer coisa de eterno, infinito, e portanto
permanente, que não pode estar sujeito a caprichos irreflectidos. É que esta
qualidade divina do amor cristão é colocada, por assim dizer, nas mãos livres
dos seus filhos que não são autómatos inconscientes, mas homens livres. É como
perfume precioso e delicadíssimo lançado em frascos muito frágeis.
E nada do que é divino
se desenvolve no homem sem sacrifício. A semente divina do amor exige
sacrifício. Exige que os homens se entreguem ao seu cultivo com toda a alma e
também com a graça do céu, é claro, porque sozinho nada os homens poderão
fazer.
Precisamente porque é
divino, o amor cristão, exige que os esposos o tratem divinamente, isto é, o
tratem não com intenções ou interesses humanos mas com cuidados cristãos. E
para isso têm os esposos de se envolverem em sacrifício.
Podemos dizer que o
Matrimónio, assim como é sacramento é também um autentico sacrifício. Mas não esqueçamos:
Sacrifício de amor e de alegria em Cristo.
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