terça-feira, 5 de junho de 2018

PE. CORREIA DA CUNHA - ACÇÃO CATÓLICA II













O ASSISTENTE É HUMILDE INSTRUMENTO...



Ao terminar a leitura dos tópicos desta segunda lição aos jocistas pelo Padre Correia da Cunha, constato que ainda hoje há muito boa gente que vive num embaralhado de paixões vulgares e egoístas cujos únicos interesses são meramente o uso de títulos e a satisfação de vaidades pessoais. Já não se cultivam os sentimentos de que a missão de cada um de nós é servir o próximo no respeito da dignidade apregoada pela solidariedade humana.

Necessitamos de homens como o Padre Correia da Cunha que assumia com a sua rigorosa inteligência a responsabilidade de defender os interesses dos seus semelhantes, incentivando-os e apoiando-os no seu desenvolvimento humano e cristão. Não era sedento de posições na hierarquia, nem fazia dos outros trampolins para subir, ou se valia da sua imensa sabedoria para demostrar os seus complexos de superioridade. Não frequentava os salões da intriga e das vaidades, bastava-se com os seus marujos e paroquianos. Tinha amigos espalhados por todas as classes sociais, mas a simplicidade e humildade eram as suas divisas. 




Como era bom que à semelhança do saudoso sacerdote que todos nos colocássemos ao serviço dos nossos semelhantes, tendo como ideal o de contribuirmos para uma ampla e fraterna humanidade.

Indiscutivelmente, devemos como cristãos esforçar-nos por fazer respeitar os princípios do Evangelho; Jesus foi exemplo de humildade e de fraternidade. Apesar dessa tão sublime lição terá sido manchado e abandonado pelos Homens ao largo dos séculos.

Urge readquirir confiança tão abalada pelos muitos maus exemplos de líderes, pois é evidente o desânimo que geram, contribuindo para a morte lenta das nossas esperanças, não podemos confiar naqueles que só em si pensam e nas distinções sociais.

O nosso assistente jocista era o primeiro defensor dos jovens operários, e toda a sua vida era dedicada a ajudá-los e a encorajá-los através da suas catequeses que eram verdadeiros estímulos para lutarem com fé e esperança na construção de um mundo mais fraterno e a terem consciência que seriam afortunados cidadãos se respeitassem os seus deveres e direitos para com Deus e para com os semelhantes.






O QUE É UM DIRECTOR?


Na acção do sacerdote, do assistente com os jocistas talvez seja conveniente desapareça este nome director, pois parece que dá a ideia de superioridade de vigilante dos meninos das escolas e por isso mesmo improfícuo, senão contraproducente no movimento, na actividade espiritual profunda e convicta do jocismo. Muito embora, porém respeitemos a palavra, não devemos rejeitar a coisa, a ideia da acção espiritual do assistente junto dos jocistas e se me é permitido dar uma definição, usarei para isso as palavras do Santo Padre: “O director é um sacerdote que poe ao serviço das almas de seus jocistas, todas as fontes de riquezas espirituais da sua alma de sacerdote.” 

Riquezas espirituais que deve comunicar às almas. Ideal a que as deve encaminhar?

Não são necessariamente as riquezas sacramentais de que o sacerdócio católico é o depositário e o dispensador, mas que o director se limitaria a comunicar a distribuir a seus jocistas. É certo que deve orientar e encaminha-los ao confessionário e à Sagrada Comunhão, embora não seja ele mesmo o confessor ou quem lhes dará na Sagrada Eucaristia. Novas as riquezas de que quero falar e que o assistente deve dispor aos seus jocistas são todos os tesouros que ele anos acumulou: tesouros da inteligência, estudos, diagnósticos morais e pastorais assimilados pela meditação e vividos na prática; e tesouros do coração: a vida espiritual que se gera aumenta e vivifica nos pobres trabalhadores, o fogo do amor de Deus que o consome e em que deve incendiar os trabalhadores que descobrem o verdadeiro amor; a luz da fé com que os deve alumiar e a caridade que é solícita e benigna que ouve compassivamente os seus sofrimentos e dores.

Deve ser o seu único ideal ajudá-los a conhecer a sua dignidade sublime de filhos de Deus, a corresponder ao amor com que Deus comunicar torna-los cônscios das suas riquezas espirituais presentes e do seu divino destino.

A realização desse grande ideal. Para a plena realização do ideal atrás apontado é necessário da parte do assistente que os instrua aos pobres operários. Esta instrução deve ser convicta para convencer, amada para comunicar amor pois ninguém dá o que não tem e para que o operário consiga o ideal é preciso que dele esteja convencido que o ame que o deseje.

Uma vez que se lhe abriu o caminho do ideal é preciso guiá-lo, encorajá-lo, reconforta-lo ao caminho deste grande ideal e muito espinhoso só são espetados de rosas os castelos no ar. 

O assistente é humilde instrumento nas mãos do Espírito Santo na santificação das almas. Por mais que se tenha dito nunca é demais repetir esta grande verdade: o assistente não é o Espírito Santo, mas um humilde instrumento cujo papel se limita a aguardar, a saber qual a sua divina vontade e a interpreta-la se tanto for preciso mas só para a seguir, secundar em todos os casos e ajudar a alma a corresponder-lhe. O assistente deve ser o primeiro a submeter-se. Aquele que dá os impulsos e toma a iniciativa.

Nem tão pouco se deve considerar como dirigido ou substituto, nem o deve suprir. Deve tomá-lo tal qual é, a fim de o levar a Deus que assim como ele é o quer. Todo o seu papel está em: guiar e encorajar e ensinar o operário a seguir docemente e generosamente o seu Guia Divino. 

Das almas dos nossos especialmente dos operários. Este deve ser humilde instrumento, deve ser pelo assistente dirigido e aplicado especialmente aos seus jocistas. 




















.