sábado, 16 de agosto de 2014

PE. CORREIA DA CUNHA E O BAPTISMO











“É SEMPRE O ESPÍRITO DE CRISTO QUE 

RENOVA E RESSUSCITA…”




“Pelo matrimónio cristão que celebrastes aqui nesta Igreja Paroquial de São Vicente de Fora, na minha presença, fostes consagrados para serdes colaboradores de Deus, nesta terra, na grandiosa obra da criação.

Agora vedes que a expressão de um acto de amor foi enriquecida por um filho, que encherá de inefável alegria o vosso abençoado lar.”

Era com este preliminar discurso que o Padre Correia da Cunha se dirigia aos jovens casais que apresentavam os seus rebentos quando pretendiam que estes recebessem o sacramento do baptismo.

“Estais lembrados do que prometestes quando vos transmiti nesse dia? Os pais são os primeiros e insubstituíveis educadores da fé cristã…

O vosso primeiro cuidado será, portanto, educar o vosso filho como baptizado, isto é, como um bom cristão.

Por isso, para bem marcar a seriedade da vossa iniciativa de hoje, sois vós próprios que fareis livremente o pedido do baptismo para o vosso desejado e amado filho; e como consequência, comprometei-vos a educá-lo cristamente e enviá-lo à catequese, quando tenha idade.

Sob este aspecto referia o Padre Correia da Cunha que a Comunidade Paroquial, bem como os padrinhos, tinham importantes missões a desempenhar: cooperadores vossos que, ajudar-vos-ão com os seus conselhos, disponibilidade e exemplos a educarem o vosso filho.







Espero que haja da vossa parte uma cuidadosa atenção na escolha dos padrinhos. Não sejam convidados por terem muito dinheiro e poderem dar ricas prendas ao afilhado. Não é esse o espírito que a Igreja recomenda, mas sim os dos “pais” espirituais com a confiada missão, de durante toda a vida, cumprirem no que se comprometerem na cerimónia do baptismo: zelar pela vida cristã do afilhado.

Ninguém é obrigado a ser padrinho ou madrinha mas também nem todos podem ser admitidos a esta exigente missão cristã.”

O Padre Correia da Cunha aproveitava também a oportunidade para fazer uma pequena resenha histórica sobre este sacramento na Igreja.
Nos primórdios da Igreja, quando esta era ainda um pequeno rebanho, perdido no meio dos pagãos, eram sobretudo os adultos que pediam o baptismo pela Igreja. Não bastava aos adultos pedirem o baptismo para o receber. Estes eram obrigados a mudar profundamente as suas maneiras de vida e a darem início à aprendizagem da doutrina de Jesus. 

Começavam como «catecúmenos», o que quer dizer aqueles que ouvem a palavra de Jesus, aqueles que se instruem.


No início da Quaresma, depois de alguns anos, os «catecúmenos» eram acolhidos pela Comunidade. Ensinavam-lhes então os mistérios mais profundos. Na vigília pascal eram baptizados. Despojados das suas vestes eram emersos na água da piscina. Ao saírem deste banho vestiam umas túnicas brancas que envergavam nos dias seguintes como símbolo da inocência baptismal. Eram as túnicas do banquete celeste, o sinal da glória. 





Actualmente o «banho» reduz-se a umas gotas de água derramadas sobre a cabeça. Hoje os «catecúmenos» são na maior parte uns bebés. A Igreja terá abandonado tão belas coisas? Não! Continua haver uma preparação profunda e séria para os adultos que desejam receber este sacramento.


Referia o Padre Correia da Cunha que os exemplos têm mais-valia que as palavras: os pais cristãos, que já praticam em si mesmos as mudanças de vida que a Igreja exige como condição para o baptismo, transmitem aos seus filhos a vida cristã, como um valioso património. Mas recordo também que não fechava as portas às mães solteiras. Essas mulheres eram consideradas por ele como as verdadeiras heroínas, que tiveram a coragem de com alegria participarem tão intimamente do milagre da vida.


Quando a Igreja aceita baptizar uma criança faz um acto de confiança nos pais e padrinhos, com a convicção que a criança será posteriormente instruída na Fé que recebeu no baptismo.

De facto, mais tarde, quando crescer e a sua inteligência despertar, poderá aprender a viver a vida que os pais lhe transmitiram como um património familiar e tomar progressivamente consciência pessoal do amor que Deus derramou sobre ela no dia do seu baptismo. A graça do baptismo gratuitamente recebida é uma fonte de luz e força já actuante. 





O Padre Correia da Cunha baptizou muitas crianças, pois as famílias tinham imenso respeito por este sacerdote e sabiam que nunca negava esse serviço e tão pouco exigia qualquer renumeração. A Graça de Deus para ele não tinha preço…não havia dinheiro que a pudesse pagar.

Antes de terminar a celebração, colocava os novos cristãos sob a protecção especial de Nossa Senhora da Conceição e rezava-se uma Ave-maria por todas as mães solteiras, rogando que os filhos crescessem ao longo dos anos felizes e fossem alegria dos lares.

As fotografias que hoje publico irão comover o coração de alguns, que o Padre Correia da Cunha tornou Filhos de Deus e membros da Igreja de Jesus Cristo. 










































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