“É SEMPRE O ESPÍRITO DE CRISTO QUE
RENOVA E RESSUSCITA…”
“Pelo matrimónio cristão que celebrastes aqui nesta Igreja Paroquial
de São Vicente de Fora, na minha presença, fostes consagrados para serdes
colaboradores de Deus, nesta terra, na grandiosa obra da criação.
Agora vedes que a expressão de um acto de amor foi
enriquecida por um filho, que encherá de inefável alegria o vosso abençoado
lar.”
Era com este preliminar discurso que o Padre Correia da Cunha
se dirigia aos jovens casais que apresentavam os seus rebentos quando
pretendiam que estes recebessem o sacramento do baptismo.
“Estais
lembrados do que prometestes quando vos transmiti nesse dia? Os pais são os primeiros e insubstituíveis
educadores da fé cristã…
O vosso primeiro cuidado será, portanto, educar o vosso filho
como baptizado, isto é, como um bom cristão.
Por isso, para bem marcar a seriedade da vossa iniciativa de
hoje, sois vós próprios que fareis livremente o pedido do baptismo para o vosso
desejado e amado filho; e como consequência, comprometei-vos a educá-lo cristamente
e enviá-lo à catequese, quando tenha idade.
Sob este aspecto referia o Padre Correia da Cunha que a
Comunidade Paroquial, bem como os padrinhos, tinham importantes missões a
desempenhar: cooperadores vossos que, ajudar-vos-ão com os seus conselhos,
disponibilidade e exemplos a educarem o vosso filho.
Espero que haja da vossa parte uma cuidadosa atenção na
escolha dos padrinhos. Não sejam convidados por terem muito dinheiro e poderem
dar ricas prendas ao afilhado. Não é esse o espírito que a Igreja recomenda,
mas sim os dos “pais” espirituais com a confiada missão, de durante toda a
vida, cumprirem no que se comprometerem na cerimónia do baptismo: zelar pela
vida cristã do afilhado.
Ninguém é obrigado a ser padrinho ou madrinha mas também nem
todos podem ser admitidos a esta exigente missão cristã.”
O Padre Correia da Cunha aproveitava também a oportunidade
para fazer uma pequena resenha histórica sobre este sacramento na Igreja.
Nos primórdios da Igreja, quando esta era ainda um pequeno
rebanho, perdido no meio dos pagãos, eram sobretudo os adultos que pediam o
baptismo pela Igreja. Não bastava aos adultos pedirem o baptismo para o
receber. Estes eram obrigados a mudar profundamente as suas maneiras de vida e
a darem início à aprendizagem da doutrina de Jesus.
Começavam como «catecúmenos», o que quer dizer aqueles que
ouvem a palavra de Jesus, aqueles que se instruem.
No início da Quaresma, depois de alguns anos, os «catecúmenos»
eram acolhidos pela Comunidade. Ensinavam-lhes então os mistérios mais
profundos. Na vigília pascal eram baptizados. Despojados das suas vestes eram
emersos na água da piscina. Ao saírem deste banho vestiam umas túnicas brancas
que envergavam nos dias seguintes como símbolo da inocência baptismal. Eram as
túnicas do banquete celeste, o sinal da glória.
Actualmente o «banho» reduz-se a umas gotas de água derramadas sobre a cabeça. Hoje os «catecúmenos» são na maior parte uns bebés. A Igreja terá abandonado tão belas coisas? Não! Continua haver uma preparação profunda e séria para os adultos que desejam receber este sacramento.
Referia o Padre Correia da Cunha que os exemplos têm mais-valia
que as palavras: os pais cristãos, que já praticam em si mesmos as mudanças de
vida que a Igreja exige como condição para o baptismo, transmitem aos seus
filhos a vida cristã, como um valioso património. Mas recordo também que não
fechava as portas às mães solteiras. Essas mulheres eram consideradas por ele
como as verdadeiras heroínas, que tiveram a coragem de com alegria participarem
tão intimamente do milagre da vida.
Quando a Igreja aceita baptizar uma criança faz um acto de confiança
nos pais e padrinhos, com a convicção que a criança será posteriormente
instruída na Fé que recebeu no baptismo.
De facto, mais tarde, quando crescer e a sua inteligência
despertar, poderá aprender a viver a vida que os pais lhe transmitiram como um
património familiar e tomar progressivamente consciência pessoal do amor que
Deus derramou sobre ela no dia do seu baptismo. A graça do baptismo
gratuitamente recebida é uma fonte de luz e força já actuante.
O Padre Correia da Cunha baptizou muitas crianças, pois as
famílias tinham imenso respeito por este sacerdote e sabiam que nunca negava
esse serviço e tão pouco exigia qualquer renumeração. A Graça de Deus para ele
não tinha preço…não havia dinheiro que a pudesse pagar.
Antes de terminar a celebração, colocava os novos cristãos
sob a protecção especial de Nossa Senhora da Conceição e rezava-se uma
Ave-maria por todas as mães solteiras, rogando que os filhos crescessem ao
longo dos anos felizes e fossem alegria dos lares.
As fotografias que hoje publico irão comover o coração de alguns, que o Padre Correia da Cunha tornou Filhos de Deus e membros da Igreja de Jesus Cristo.
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