terça-feira, 15 de julho de 2014

PE CORREIA DA CUNHA E A RENOVAÇÃO












«DEVEMOS TER CORAGEM PARA QUE 

HAJA RENOVAÇÃO DA LITURGIA E DA 

PASTORAL…»



O objectivo da publicação deste recorte de revista pretende mostrar o grande empenhamento do Padre Correia da Cunha em construir um núcleo de amigos da música sacra e de órgão. Era a forma de colocar em funcionamento o melhor órgão ibérico da Europa. Este instrumento foi construído em 1765, pelo organeiro João Fontanes de Maqueira, com a vantagem de se encontrar ainda hoje, e após vários restauros, em estado quase original.

Este seu desejo foi publicitado através de artigos de sua autoria em muitos jornais diários, revistas da época, assim como em variados programas de rádio.

O Padre Correia da Cunha fez tudo para consubstanciar este seu sonho da criação da Liga dos Amigos da Musica coral e organística. Dirigiu centenas de cartas a uma vasta plêiade de beneméritos, apelando à abnegada generosidade e elevados sentimentos para aderirem a esta  sua grande iniciativa que visava: - promover concertos com artistas nacionais e, quando possível também estrangeiros. Contratar um organista privativo e exclusivo dedicado ao serviço deste órgão com obrigação de formar e dirigir um grupo coral. Assegurar a boa conservação e funcionamento do instrumento mediante avença com um organeiro e afinador competente.

Como era evidente, estava presente na sua cabeça que a concretização deste seu sonho contribuiria para uma autêntica promoção cultural das crianças e jovens do bairro de São Vicente de Fora.

Os aderentes e os seus familiares beneficiariam de um concerto mensal oferecido pelo organista contratado e dos concertos extraordinários que fossem possíveis de realizar com outros artistas.


Mas os amigos da boa música não souberam acolher esta sua iniciativa…



Já como pároco, foi acolhido de braços abertos, tornando-se um grande arauto de Jesus Cristo, a interpretar o pensamento do Senhor para os homens, mulheres e jovens daquele tempo.

Batia à porta de todos os paroquianos de São Vicente de Fora. Convidava todos a aderir à renovação da sua Comunidade Paroquial. Tinham de o fazer de consciência lúcida e a comprometerem-se com o Pastor a concretizarem a prática do Evangelho e a criarem-se novas condições que a Comunidade Paroquial deveria assumir na vida social.

O padre Correia da Cunha apresentava-se com uma mentalidade nova caracterizada pela preocupação de apresentar as verdades de fé orientadas para a vida das pessoas. Era uma lufada de ar fresco que nos trazia ele e o Concílio Vaticano II.

As omissões e os silêncios não eram tolerados pelo Padre Correia da Cunha. Apreciava a coragem dos que se atiravam para a frente, colocando de lado a prudência e o bom senso (quando considerava necessário também saltava a cerca…). Mas sempre advertia que tinha que haver respeito pelos que caminhavam mais devagar. Numa corrida nem todos os atletas chegam em primeiro lugar. Mas todos são lutadores, pelo que não podem ser excluídos.





Como sabemos o Padre Correia da Cunha, pela formação recebida no seminário, era um conservador. Mas nas condições históricas que se viviam nos anos pós Concílio, tinha expressões próprias de forças de progresso. Na foto que hoje publico, podemos ver o Padre Correia da Cunha rodeado dos Padres José Felicidade Alves (Pároco de Santa Maria de Belém), João Perestrello (Pároco de Loures), José Maria de Freitas (Pároco Beato) e Mons. Adriano Botelho (Pároco de Alcântara), homens que acreditavam no grande movimento de renovação iniciado com o Papa João XXIII.

Estes presbíteros eram totalmente dedicados a Cristo e à Igreja. O Concílio de Vaticano II era a expressão da vontade que a Igreja tem de se renovar continuamente segundo o espírito do Evangelho. Todos eles sentiam estes sinais de vitalidade de uma Igreja que nunca está satisfeita consigo mesma.

Eram tempos de enorme esperança que desafiavam a inteligência humana. Na verdade, este conjunto de homens não tinha medo de encarar essa esperança que a Igreja iria abrir-se no caminho de novos dinamismos.


O pós-Concilio representava um princípio de renovação, um programa de vida nova. Lembro que o Padre Correia da Cunha morreu perfeitamente convencido de que não se cumpriu nem um quinto da primavera que o Concílio trouxe à Igreja para a edificação de um MUNDO NOVO.




















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