domingo, 26 de setembro de 2010

PADRE CORREIA DA CUNHA – 93º ANIVERSÁRIO

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‘’A SUA VIDA FOI UM HINO À AMIZADE. ‘’


No dia 24 de Setembro 2010, celebrava 93 anos de vida terrena se fosse vivo. Padre Correia da Cunha teve uma vida inteiramente dedicada aos outros, sobretudo aos muitos jovens que frequentavam assiduamente a sua Paróquia. O seu exemplo de simplicidade, humanidade e cultura singular, ainda hoje, continua a inspirar os seus muitos discípulos que obstinadamente querem e desejam mantê-lo vivo nas suas vidas.

Este ano um grupo de amigos prestou-lhe uma singela homenagem com uma romagem ao seu mausoléu, no Cemitério do Alto de São João. Em perfeito espírito de reverência e silêncio, este grupo depôs uma coroa de flores e implorou para que Padre Correia da Cunha goze para sempre a vida bem aventurada e o esplendor da glória eterna.







Robert Descombes, organista itinerante de São Vicente de Fora nos anos 60/70, aproveitou para transmitir aos presentes um testemunho comovente sobre este seu grande e inesquecível amigo: “ No ano de 1976 quando me despedia, no Aeroporto de Lisboa, de Padre Correia da Cunha até ao próximo ano… este com uma voz embargada dizia-me: - Robert, para o ano, já cá não estarei… Recordo que já manifestava grandes fragilidades na sua saúde. Faz este ano, 34 anos, que não voltei a visitar esta encantadora cidade. Quando recebi a notícia da sua morte, no ano de 1980, tomei de imediato consciência que visitar Lisboa seria para mim uma profunda angústia e um duro sofrimento.

Este ano tive uma prenda de vida ao descobrir o blogue de João Paulo Dias, que através de uma linguagem acessível presta um magnífico tributo a este homem de grande génio, que desde a primeira hora me encantou pela sua frontalidade, simpatia e generosidade, proporcionando viver a época mais bela e encantadora da minha vida… que já leva 63 anos.

Naquele majestoso órgão ibérico, da sua igreja, seguramente o mais belo da Península Ibérica, passei dias e noites a realizar um trabalho que era para mim imperscrutável e sobrenatural. Quantas vezes, Padre Correia da Cunha se sentava nos longos bancos da igreja, deixando-se envolver pela música desse fabuloso órgão. Tudo me parecia algo de místico e sobrenatural… que belas e gratificantes recordações, conservo da sua pura amizade.



…A cidade de Lisboa, sem Padre Correia da Cunha, já não é a Lisboa que aconchegava dentro do meu coração tão português…

O bairro de São Vicente de Fora, sem Padre Correia da Cunha, já não tem alma e as tão belas vivências que foram aniquiladas pelo abandono das pessoas que ali tinham raízes profundas…

O mosteiro de São Vicente de Fora, sem Padre Correia da Cunha, já não atesta a expressão humana e afectiva que lhe era conferida pela imensa alegria da generosa juventude, que o rodeava. É um simples museu de peças de arte…

A igreja de São Vicente de Fora, sem Padre Correia da Cunha, mantém a alvura da sua fachada. O seu encerramento desde há 3 anos é inacreditável! Já não atrai ou encanta para dar a conhecer nenhum projecto de fé, cultura … são pedras mortas…
Relembro os grandes cerimoniais que Padre Correia da Cunha realizava naquele templo, acompanhados pelos oceânicos sons daquele órgão, o meu preferido… ’’

Alguns dos amigos ali presentes, nesta romagem, deixaram-se envolver pela arte cénica e representaram trechos do seu Auto de Natal, editado no ano de 1962 e representado nas escadarias da igreja de São Vicente de Fora pela primeira vez na noite de 24 de Dezembro do ano de 1961.

Os últimos momentos foram para um forte aplauso a este amigo com quem partilhámos verdadeiros ideais de vida cristã e humana e que uma vez mais nos congregou pelo seu vivo testemunho: o mais belo da vida é a capacidade de nos amarmos uns aos outros, ou seja, sermos bons e leais amigos. Obrigado Padre Correia da Cunha.

As orações evocativas foram confiadas ao Exmº Comandante Eugénio Duarte Ramos. Parceiro nas longas viagens efectuadas ao serviço da marinha quando Padre Correia da Cunha exercia as funções de Capelão da Armada.

Embarcou com Padre Correia da Cunha, em meados de 1958, no velho NE ‘’Sagres”, participando na segunda Regata dos Grandes Veleiros (Tall Sailing Ships), que decorreu entre Brest (França) e Canárias e que fez escala em Las Palmas e em Santa Cruz de Tenerife. Esta era a viagem de final de curso da Escola Naval, do Comandante Eugénio.





A data foi igualmente marcada com a realização de um jantar de confraternização num elegantíssimo restaurante da doca do Jardim do Tabaco, situado nas fraldas da sua querida Alfama, com uma magnífica vista sobre o Tejo, com todos estes seus velhos amigos. O Padre Correia da Cunha esteve presente através duma enorme fotografia com o seu companheiro inseparável, o corvo ‘’Vicente’’.

Reinou uma galante boa disposição, sendo os diálogos entre todos os convidados, as memórias dos bons e saudosos momentos passados na companhia deste querido e saudoso amigo.

Foi uma noite muito agradável, reinando um verdadeiro espírito fraterno durante a aprazível refeição.




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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

PADRE CORREIA DA CUNHA – HOMENAGEM

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Pe. JOSÉ CORREIA DA CUNHA




24 SET.1917 – 24 SET.2010





Passam no próximo dia 24 de Setembro 93 anos do seu nascimento, que como todos sabemos era o dia 24 de Setembro 1917 e não a 26 de Setembro, como consta nos documentos oficiais de identificação.

Com a presença do prestigiado organista francês Robert Descombes, que nos anos 60 e 70, a pedido de Padre Correia da Cunha, deu vários concertos, no majestoso órgão da Igreja de São Vicente de Fora, um grupo de amigos realiza no próximo dia 24 de Setembro, uma HOMENAGEM DE GRATIDÃO expressando um vivo reconhecimento a este grande, homem, mestre, capelão e padre… que tanto contribuiu para a formação cristã e humana de várias gerações.

PROGRAMA
16.00 Horas – Romagem ao mausoléu dos seus restos mortais, no Cemitério do Alto de São João (Rua 57ª – 36831)

19.00 Horas – Concentração nas escadarias do Mosteiro de São Vicente de Fora.

20.00 Horas – Jantar no Restaurante Mercearia Vencedora
Avenida Infante Dom Henrique Doca do Jardim do Tabaco, Pav. A/B –
(Parque estacionamento)

WWW. Merceariavencedora.com


Agradecemos a vossa confirmação para o email: joaopaulo.costadias@gmail.com

Já não está connosco, mas naquela data, queremos aproveitar para agradecer a Deus ter-nos concedido este grande zeloso capelão e prior que no desempenho dessas suas nobres missões deixou uma obra tão sólida que ainda hoje perdura, tão vasta que provoca a tantos anos de distância, os nossos quentes aplausos de PARABÉNS!

(1) - Robert Descombes é titular e conservador do órgão d'Orgelet, um dos mais antigos instrumentos de Franche Comte, e um dos poucos instrumentos do século XVII, existente em França. Como tal, é uma das grandes jóias da sua cidade. Pela sua enorme reputação, que vai para além das fronteiras, já recebeu visitas regulares de organistas de todo o mundo. Os organistas são pessoas de grandes e eternas paixões. Este grande organista titular e grande apaixonado pelo maravilhoso órgão de São Vicente de Fora, nutria uma profunda amizade por Padre Correia da Cunha.



(2) - No meu facebook poderão consultar ementa.


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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA

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Os amigos que partiram…






IN MEMORIAM


HERNÂNI DA ANUNCIAÇÃO SANTOS

1949-1965
45 ANOS DE SAUDADE




HERNÂNI DA ANUNCIAÇÃO SANTOS nasceu no dia 29 de Setembro de 1949 e faleceu no dia 6 de Setembro de 1965. Naquela tarde fatídica, em que o autocarro ‘’ Mensageira de Fátima’’ se dirigia para o portão do Pátio de São Vicente de Fora, Hernâni, ao procurar chamar atenção de dois dos seus companheiros para se recolherem, sofreu um forte impacto na cabeça depois de ir contra o umbral do portal de pedra, tendo morrido instantaneamente por causa do violento choque.


Faz esta semana, 45 anos que desta tragédia enlutou a Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, mais precisamente no dia 6 de Setembro 1965. Aprouve a Deus levar para Si o Hernâni (NÃ), um grande amigo de Padre Correia da Cunha e irmão, em Nosso Senhor Jesus Cristo, de todos os jovens de São Vicente de Fora.


Num gesto de procurar salvar a vida de dois dos seus amigos, ele perdeu a sua. No entanto não deixou de vencer, uma vez que não há vitória maior do que estar na Glória de Deus. O seu acto heróico fez com que chegasse de forma triunfal aos braços do Pai. Enfim, o Céu ficou mais rico e todos os jovens de São Vicente de Fora e família mais pobres. O que fica, além da imensa dor que aos poucos se foi transformando numa alegre lembrança, foi o seu exemplo de vida, que frutificou no coração de muitos jovens. Foram estes mesmo jovens que mantiveram, em compromisso de fidelidade , o bálsamo que suavizava a dor daquele coração sofrido de Ti Alice, sua mãe adoptiva, e a que o desgosto ia consumindo.


Com a partida do Hernâni para junto do Pai, restava-lhe a companhia dos seus jovens que a rodeavam de muito amor e carinho e que ela acolhia com uma desmedida serenidade. Ti Alice tinha uma vida interior de muita fé, radiante de alegria e contagiante. Maria Alice da Fonseca Roque Alves (Ti Alice) foi uma grande orientadora da vida humana e espiritual de muitos jovens daquela paróquia, influenciando os mesmos a sentirem-se amados e amarem o seu próximo.


Segundo vários testemunhos, Hernâni era um jovem felicíssimo e muito dedicado à sua comunidade paroquial e ao seu pároco o Padre José Correia da Cunha. Este não era de declarar amor por ninguém em particular, mas entendíamos o significado que emanava do seu olhar, pelo que todos reconheciam que nutria um apreço e amizade profunda por este seu discípulo, que era acólito e zelador da dignidade dos actos litúrgicos para além de um excelente cicerone do Mosteiro.

Todos viam no Hernâni um herói pois vivia intensamente a vida cristã, da qual costumava entusiasticamente falar. A morte de Hernâni foi um enorme choque e uma experiência muito dolorosa. Não se compreendia porque Deus havia levado este seu dedicado servo… Como refere Rogério Martins Simões no seu comentário sobre o cicerone Hernâni, “ a sua voz era deslumbrante e cantava lindamente. Que cantar tão belo! Quanta alegria, quando em grupo cantávamos juntos: " A Fonte da minha aldeia”.


Hoje queremos homenageá-lo e agradecer ao Senhor a amizade do Hernâni. Como vale a pena uma vida de entrega intensa na Tua presença.


Todos acabámos por tratar por NÃ, tomando por emprestada a maneira carinhosa e verdadeira que a mãe Alice utilizava.


Para ele não houve morte, esperou o tempo certo para ter juntinho a si a sua amada mãe Alice.

São Vicente de Fora guarda ambos em seu coração! Deixaram em todos muitas e profundas saudades.


Hernâni e Ti Alice estão rogando bênçãos para todos os seus amigos que tão maravilhosos momentos de vivência cristã viveram em suas afáveis companhias.

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TESTEMUNHO DE ROGÉRIO MARTINS SIMÕES
06/09/1965 - 06/09/2010
45 Anos de saudade - do nosso querido NÃ
HERNÂNI DA ANUNCIAÇÃO SANTOS
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Já passaram 45 anos?! Que tragédia! Que trauma o foi para todos nós, jovens da mesma idade, amigos inseparáveis. Eu ía ao seu lado! Nascemos no mesmo ano, eu a 5 de Julho, e o Hernâni a 29 de Setembro de 1949. À data dos acontecimentos tinha já os meus 16 anos de idade e recordo que nos preparávamos para a grande festa dos 16 anos do Nã.
Recordar esta tragédia é lembrar um dos acontecimentos mais traumatizantes da minha vida e da vida daqueles que presenciaram incrédulos o que ali estava a acontecer. Sim, mesmo ao nosso lado.
Regressávamos de mais uma viagem na camioneta do Patronato. Todo o dia fora divertido, porque, nesse tempo, contentavam-nos com pouco - os nossos pais não tinham viatura, e ir numa excursão à Praia das Maçãs; ao Guincho, a Vila Viçosa, ou a outro local programado, era sempre um motivo para nos fazer felizes. Tudo correra com normalidade e lá estávamos nós amontoados ao fundo da camioneta. Muito cantámos, mas o artista era o Hernâni.
Recordo o momento em que a camioneta chegou ao Campo de Santa Clara, local onde se faz a Feira da Ladra.
Lembro-me da viatura começar a entrar por aquele estreito e maldito portão. Recordo-me de ver os putos pendurados no estribo da camioneta, ali mesmo ao nosso lado, na sua parte traseira. Ainda estou a ver o Nã a gesticular para os garotos e a pedir-lhes para que fugissem; para que não ficassem entalados entre a camioneta e o portão que dá acesso à parte inferior do antigo Mosteiro de São Vicente de Fora.
Recordo o momento em que o Hernâni colocou a cabeça de fora, tentando, com o braço afastar os putos. E a camioneta entrava lentamente, uma eternidade, arrastando e esmagando contra o portão de ferro a cabeça do Hernâni. De o ver cair a meu lado o corpo do Hernâni, jorrando sangue. Vejo-me a chorar e a correr para a Igreja a rezar...
Entrei na Igreja em convulsão. Ajoelhei-me e pedi a Cristo e aos Santos para salvarem o Nã - e Eles não me quiseram ouvir...
A partir daí deixámos de escutar o seu belo canto no átrio da Igreja de São Vicente de Fora.
Não mais esqueci aquela tragédia. Talvez por isso, quando nos juntamos, todos cantamos a mesma canção. ASSIM, e enquanto houver memória, haveremos de cantar, recordando-o, a sua canção: '' A FONTE DA MINHA ALDEIA"
A fonte da minha aldeia
Quando soluça baixinho
Parece até que rodeia
A poeira do caminho.
ETERNA SAUDADE, DO TEU ETERNO AMIGO ROGÉRIO MARTINS SIMÕES
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