sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E A CONFISSÃO

.
.
.





… simples, humilde, discreta…



Ganham cada vez mais uma maior nitidez as excepcionais qualidades deste grande homem que viveu num entrega genuína à sua amada Paróquia de São Vicente de Fora. Padre Correia da Cunha na sua passagem por essa Comunidade Paroquial exerceu efectivamente o ministério de pároco, todos ainda o recordamos pela imensa multidão que se juntava todos os domingos à sua volta para participarem na Missa das 10 horas, onde habitualmente pregava eloquentes homilias que deixavam estupefactas as elites pela sua frontalidade e linguagem belicosa, que era uma autêntica ‘’farpa’’ aos comportamentos impostores de alguns ditos cristãos.

Pela sua vida social em todos os meios populares e intelectuais da época, o seu carácter afável e a sua acção de grande pensador junto dos seus dedicados paroquianos e amigos, tudo lhe era permitido dizer. Lembro hoje algumas das suas aguerridas expressões, que deixava alguns participantes da assembleia boquiaberta. Era o fruto genuíno da sua cultura de ''vaidoso'' marinheiro: ‘’ Meus queridos irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo… ser cristão sem caridade vivencial é uma intrujice. Andamos a embrulhar-nos uns aos outros… assim não. É melhor irmos todos badamerda… Jesus Cristo não se deixa embarrilar…’’

Ganhou fama pela sua ‘‘depravada’’ linguagem. Mas quero referir que granjeava de imediato a simpatia e admiração de todos aqueles que tinham a oportunidade de o contactarem e tornarem-se seus amigos.

Foram os seus paroquianos e amigos que mais sentiram a perda deste grande homem de cultura, mestre, sacerdote e marujo, do qual todos ambicionavam receber sempre uma palavra de fraternal amizade!








A RECONCILIAÇÃO:

Que mais é preciso?



- Apenas a tua confissão arrependida ou contrita. Nada mais.
O propósito de emenda, o cumprimento da penitência, a declaração dos pecados ao confessor não são mais do que consequências do teu arrependimento. É que o teu SIM tem de ser autêntico, consciente, decidido e também continuado pela vida fora; tem de ser um SIM total.
Para melhor entenderes as condições do teu SIM, aí vão umas explicações, à maneira do Catecismo, que provavelmente já esqueceste…
Para fazeres uma Confissão bem feita (caso contrário, não vale a pena; antes te é sumamente prejudicial) é preciso:




1. Fazeres um sério exame de consciência, ou seja, relembrares cuidadosamente as faltas cometidas, para delas te arrependeres;
2. Excitares a tua alma a uma contrição sincera, isto é, a uma sentida dor ou mágoa de teres ofendido a Deus e de teres ofendido tantas vezes e tão gravemente, por pensamentos, palavras, obras e omissões;
3. Quereres decididamente emendar a tua vida, tendo o firme propósito ou vontade de não tornares a pecar e de evitares tudo o que possa ser ocasião próxima de pecado.

Por exemplo: Se, por triste experiência, sabes que, ao passar por certa casa, podes ter fortes tentações de pecar, o teu propósito de emenda tem de formular a vontade de não passar por lá sem séria necessidade.

4. Acusares os teus pecados perante o confessor. Esta acusação ou confissão tem de ser:

a) – inteira ou completa, enumerando todos os pecados mortais de que tenhas lembrança e ainda não tivessem sido confessados, e acusando-te também dos pecados veniais que mais te pesem na consciência;



b) _ circunstancial, no sentido de confessares também as circunstancias que afectem a gravidade da falta ou constituam até outro pecado.


Por exemplo: Qualquer pecado de um homem solteiro com uma mulher solteira é pecado mortal. Mas, se esse pecado for com um parente, constitui outra falta mortal. Se além de serem parentes, um deles for casado, haverá três pecados graves num só acto, pois um deles foi infiel ao seu cônjuge. E se os dois forem casados, haverá pela mesma razão quatro pecados mortais. Deles terá que se arrepender sinceramente se quiser obter o perdão divino.

c) – Simples, humilde, discreta e feita com recta intenção.
Simples, evitando complicações ou explicações desnecessárias;
Humilde, sem afectações e desculpas mais ou menos sofismadas;
Discreta, usando palavras honestas;
Feita com recta intenção, isto é, sem ser por motivos humanos, como por exemplo, para agradar a alguém, mas unicamente para pedir perdão de Deus.

5. Reparares a ofensa feita a Deus e os danos causados ao próximo, por meio da satisfação da penitência que te for imposta pelo Confessor.

De três modos se repara a ofensa feita a Deus:

a) – cumprindo a penitência que o Confessor deu e que, por via de regra, é reza de umas orações ou a oferta de alguma esmola;
b) – levando com paciência os trabalhos da vida que constituem a nossa participação na Cruz de Cristo,
c) – praticando boas obras que provem a Deus o nosso sincero desejo de emenda e o nosso arrependimento.

A ofensa feita ao próximo satisfaz-se:




a) – restituindo-lhe o que for seu e esteja em nossas mãos injustamente,
b) – indemnizando-o dos prejuízos causados;
c) – usando de caridade, generosidade e paciência para com ele.

Como vês, a Confissão não se deve fazer de ânimo leve ou sem as devidas disposições. Seria abusar da infinita misericórdia de Deus e cometer uma nova falta que poderia ser até um sacrilégio.

No entanto, não é nenhuma complicação.
Basta leres com atenção os parágrafos anteriores, para veres que tudo é claro e simples, desde que haja verdadeiro arrependimento. É mais difícil explicar o que é a Reconciliação e quais as condições de a fazer bem do que fazê-la bem feita.

Texto Padre José Correia da Cunha


.


.


.

Sem comentários:

Enviar um comentário