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ONDE ESTÁ O CHEIRINHO DAS SARDINHAS ASSADAS ?
Lembro que o Padre Correia da Cunha sempre procedia solenemente à bênção e inauguração do trono de Santo António, na sede do grupo recreativo da Calçada de São Vicente: “Academia Recreativa Leais Amigos”, que ainda onde hoje organiza a marcha da freguesia de São Vicente.
Há quem traga ainda hoje à memória, de que o Padre Correia da Cunha se candidatou para ir à frente da Marcha de São Vicente, no desfile pela Avenida da Liberdade, com o seu afeiçoado corvo Vicente, ao ombro, pulando ao som do cavalinho da marcha.
Porém, em São Vicente de Fora, o Padre Correia da Cunha não celebrava apenas os Santos Populares, como também o grande magusto de São Martinho, a quadra Natalícia, com teatro nas escadarias da igreja e concursos de presépios, o dia do Santo Padroeiro e o final do ano catequístico, com passeios e piqueniques pelas mais belas regiões do país.
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ONDE ESTÁ O CHEIRINHO DAS SARDINHAS ASSADAS ?
Durante o mês de Junho pairava sobre o bairro de São Vicente de Fora um cheiro especial: o cheiro a sardinha assada.
Começava nos bairros históricos de Lisboa mas facilmente se espalhava por todos os outros, por todas as ruas, vielas e becos da cidade.
As festas populares de Lisboa não podiam passar sem que o Padre Correia da Cunha organizasse o seu belo e tradicional Arraial dos Santos Populares, na cerca do Mosteiro de São Vicente de Fora.
A preparação do arraial dos Santos Populares iniciava-se logo no início do mês de Junho. Erguiam-se os mastros, as barracas, as grinaldas e o coreto. As luzes, o festão e as bandeiras povoavam a Cerca do Mosteiro. O Padre Correia da Cunha, em colaboração com os paroquianos, tinha o recinto num autêntico “brinquinho” para os festejos. Era assim em São Vicente de Fora, onde os Santos Populares eram festejados à antiga portuguesa.
A sardinha assada era a grande rainha da festa. O seu cheirinho espalhava-se por aquele enorme espaço ao som de Amália Rodrigues, que interpretava as marchas Populares, fazendo o Padre Correia da Cunha questão de difundir a voz divinal da sua amada fadista, com a ajuda das enormes colunas da sua notável aparelhagem.
Este odor gostoso da sardinha assada ia de Alfama ao Bairro Alto e Campo Grande, onde a Feira Popular era um braseiro constante de tisnar as belas e frescas sardinhas, frangos e pimentos, entre muitos outros.
O Padre Correia da Cunha referia que Lisboa, na noite de Santo António, não podia ter outro cheiro senão o da sardinha assada em confronto com o dos vasos do manjerico.
Na Paróquia de São Vicente de Fora em de Lisboa não havia na noite de Santo António espaço onde coubesse um alfinete, quanto mais um automóvel. O Padre Correia da Cunha adorava este deslumbrante espectáculo popular, onde não faltavam os ingénuos tronos de Santo António, os festões, a música popular, os manjericos e os “comes e bebes”.
Lembro que o Padre Correia da Cunha sempre procedia solenemente à bênção e inauguração do trono de Santo António, na sede do grupo recreativo da Calçada de São Vicente: “Academia Recreativa Leais Amigos”, que ainda onde hoje organiza a marcha da freguesia de São Vicente.
Para ele o importante era que o povo se divertisse, que os jovens pudessem dar largas à sua alegria, dentro claro dos limites da boa ordem.
A missão de “policiar” era da sua conta. Quando surgia ali algum folião provocador, originando distúrbios, o Padre Correia da Cunha agarrava-o de imediato pelos colarinhos e colocava-o no exterior do recinto com um valente par de bofetadas, garantindo assim que não houvesse tormentos inúteis, pois o arraial era espaço de encontro marcado com a sã convivência e muita alegria e reinação.
Bem agarradinhos, mas claro com todo o respeito, para não parecer mal, as raparigas de mini saias, com os seus belos cabelos compridos e os rapazes, com elegantes camisas, gravatas de seda e com os cabelos penteados, dançavam no grandioso baile, brotando um outro cheiro: o dos perfumes da moda.
Muitos amigos de Padre Correia da Cunha, colocados em altas posições sociais, marcavam com as suas presenças, estes animados arraiais dos Santos Populares da Paróquia de São Vicente de Fora, pois sabiam que o produto destes festejos se destinava aos serviços de beneficência da comunidade paroquial, que tantas dificuldades apresentava, dado o Padre Correia da Cunha teimosamente nunca cobrar emolumentos pelos serviços religiosos. A Graça Divina não podia ter preço!
O CORVO VICENTE |
Há quem traga ainda hoje à memória, de que o Padre Correia da Cunha se candidatou para ir à frente da Marcha de São Vicente, no desfile pela Avenida da Liberdade, com o seu afeiçoado corvo Vicente, ao ombro, pulando ao som do cavalinho da marcha.
Todos reconheciam a sua alma foliona e onde houvesse sardinha assada, caldo verde, pastéis de bacalhau, pão saloio, chouriço, pataniscas e bom vinho a jorrar nas jarras, a noite era prolongada até ao romper do dia.
Porém, em São Vicente de Fora, o Padre Correia da Cunha não celebrava apenas os Santos Populares, como também o grande magusto de São Martinho, a quadra Natalícia, com teatro nas escadarias da igreja e concursos de presépios, o dia do Santo Padroeiro e o final do ano catequístico, com passeios e piqueniques pelas mais belas regiões do país.
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