sexta-feira, 4 de outubro de 2013

PE. CORREIA DA CUNHA E ADENAUER












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“VIVEMOS TODOS SOB O MESMO CÉU,
MAS NEM TODOS TEMOS O MESMO
HORIZONTE.”
Adenauer
 
(5.I.1876– 19.IV.1967)

 

Não foi sem razão que a morte de Konrad Adenauer (1876-1967) teve a mais funda repercussão em todo o Mundo. O falecimento do primeiro Chanceler da República Federal Alemã (1949-1963) causou um sentimento de profunda emoção, raiando mesmo a consternação. O eterno reconhecimento da obra realizada por Adenauer transpôs as paixões dos alemães. O número de convidados presentes nas exéquias oficiais, realizadas em Colónia, foram um record segundo os jornais da época. Nunca se viu tanta gente numa cerimónia fúnebre como no funeral de Adenauer.

Só assim se compreende que o Mundo tenha parado para se despedir, num gesto de recolhimento, do homem conservador e livre de suspeitas de colaboração com o nazismo. Possuía o perfil adequado para o desempenho do cargo de chanceler da Republica Federal Alemã.



 
 
 
Enquanto na cidade de Colónia, naquela manhã do dia 24 de Abril de 1967 decorriam as cerimónias oficias fúnebres, na majestosa igreja de São Vicente de Fora em Lisboa as portas abriram-se bem cedo para a celebração de um Requiem Solene por sua alma. Nas imediações do Largo de São Vicente, começou a juntar-se muita gente, cobrindo todo aquele amplo espaço, enquanto os sinos na torre da igreja dobravam lentamente a finados.

A igreja estava repleta de pessoas movidas pelo verdadeiro desejo de prestarem a derradeira homenagem ao homem que adoravam. Eram unânimes os elogios das virtudes deste chanceler, traçados com maior ou menor exuberância de adjectivos o perfil político do homem que  muitos orgulhosamente consideravam o Pai da Republica Federal Alemã.

No topo da imponente escadaria o Padre Correia da Cunha acolhia o Núncio Apostólico Mons. Maximiliano Furstenburg (1904-1988), que presidiria à solene celebração concelebrada também pelo ele próprio.

O Padre Correia da Cunha tornar-se-ia amigo de Maximillen Louis Hubert Egon Vicent Marie Joseph, Freiherr (Barão) de Furstenberg-Stammheim nomeado Cardeal em 26 de Junho desse ano, pelo Papa Paulo VI.

 
 
 
Em cadeiras colocadas ao lado esquerdo do altar sentava-se o representante do Presidente da Republica, o presidente do Concelho Prof. Dr. António de Oliveira Salazar; os presidentes da Assembleia Nacional e Cooperativa e do Supremo Tribunal de Justiça; os ministros da Defesa Nacional, Interior, Justiça, Finanças, Marinha, Negócios Estrangeiros, Ultramar e Cooperações.
Sendo a iniciativa deste cerimonial da responsabilidade da Embaixada da Republica Federal  Alemã, a mesma fez-se representar pelo respectivo embaixador Dr. Hubert Muller Roschach. Às cerimónias assistiram também muitos membros de instituições alemães sediadas em Portugal.
 
 
 
 
 
Esta missa de Requiem foi acompanhada pelo grupo coral «Stella Vitae» que entoou todos os cânticos pedidos pela solenidade litúrgica ao som do magnífico órgão ibérico barroco, enchendo aquele monumental espaço de um ambiente celestial.
As cerimónias de exéquias de grandes figuras públicas oferecem sempre novas oportunidades do templo se apresentar com primorosos arranjos e de transformarem aquele esplendoroso lugar propício à expressão dos mais profundos sentimentos de comoção e dor.
No espaço nobre da capela-mor com altar barroco sob baldaquino da autoria de Machado de Castro, contava com um catafalco monumental onde se encontrava uma sumptuosa essa coberta com um rico pano fúnebre com o brasão de armas da Alemanha em ouro com águia, bicada, lampassada, sancada e armada.
Pelo presidente da celebração Mons. Maximiliano Furstenburg  foi evocada a personalidade deste brilhante e intelectualmente ágil estadista rogando orações em sufrágio da alma de Konrad Adenauer. Saudou todas as individualidades ali presentes que prestaram um preito de sentida Homenagem a quem soube consubstanciar digna e inquebrantavelmente nos difíceis momentos da vida da Europa, os seus valores: o respeito pelos direitos invioláveis da pessoa humana, a liberdade, a democracia, o Estado de Direito, a promoção do pluralismo e da solidariedade.
 
 


Nessa mesma tarde, o Padre Correia da Cunha reuniu os seus jovens para leccionar uma aula de organização política, explicando-lhes a verdadeira história deste brilhante estadista que governou a sua Pátria com conhecimento, competência e habilidade: “ Konrad Adenauer era cristão democrata, foi ele um dos fundadores da economia social de mercado. O político teve toda a sua formação intelectual e civil em território alemão. Foi um fervoroso católico opositor ao regime Nazi tendo sido preso pela Gestapo várias vezes. Será sempre recordado por ter conseguido criar um sistema politico parlamentar democrático alicerçado na ideologia liberal-conservadora. Ficou célebre esta sua frase: Em política, o importante não é ter razão, mas que a dêem a alguém.”
 



No final das solenes cerimónias o embaixador Dr. Hubert Muller Roschach não deixou de agradecer em nome do Estado Alemão, ao Padre Correia da Cunha todo o seu empenho na realização deste Solene Requiem por alma daquele que escreveu um importante capítulo da História Politica da Alemanha Federal como seu edificador e organizador da nova nação alemã.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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