quinta-feira, 22 de julho de 2010

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA

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Os amigos que partiram…


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IN MEMORIAM


GRACINDO JOSÉ DA CRUZ NEVES


1950-2006


GRACINDO JOSÉ DA CRUZ NEVES, nasceu em Lisboa a 18 de Fevereiro do ano de 1950 foi um grande amigo de Pe. Correia da Cunha e merece ser recordado pelo seu dinamismo e empenhamento nas actividades que desenvolveu com total e generosa dedicação na Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, como acólito. Quem não recorda o jovem Gracindo com a sua túnica branca cingida com cordão vermelho, símbolo do martírio do Padroeiro Vicente de Saragoça? Era muito admirado e querido por todos os que tiveram o benefício de o conhecer. A convivência com ele era uma festa de alegria e felicidade.


A grande influência que herdou de seu pai, Rudolfo Neves, grande actor, mantinha-o em estreito convívio com a arte teatral e musical. Possuía um oceano de talentos, tendo colaborado em vários grupos e encantado todos pelos seus dons nessas áreas.

Ao tomar uma profunda consciência sobre a guerra colonial, que dilacerava famílias e gerava dezenas crianças órfãs…estes imensos dramas motivaram-no a fugir de Portugal, apenas com 17 anos de idade. A sua incorporação na vida militar, após aplicada reflexão, não era legitimada, por uma guerra que considerava injusta e que começava a ter oposição dentro da própria igreja, com a criação de movimentos de libertação.

Para a sua mãe Isilda Neves, fervorosa paroquiana de São Vicente de Fora, o desaparecimento de seu filho provocou uma enorme dor e tristeza. Com este seu acto de ‘’rebeldia’’ rompe totalmente os laços de família, pois não pode haver a mínima informação sobre o seu paradeiro, para evitar vinganças por parte das autoridades policiais.
Creio que a família que experimenta uma abrupta separação deste tipo e particularmente de alguém que é querido e amado o sentimento deverá ser desorientador: Estará vivo? Estará morto?

Após longos anos de ausência Gracindo regressa à sua Pátria com a sua nova família, depois de estalar em Portugal a Revolução do 25 de Abril de 1974. Foi emocionante o reencontro com os seus velhos e queridos amigos, de São Vicente de Fora, que o aguardavam de braços abertos. De novo em sua casa, em Lisboa, todos se aperceberam que iriam enriquecer com os conhecimentos adquiridos por ele na área da pedagogia, na qual tinha realizado um doutoramento em terras do Reino da Suécia.

Como se compreenderá não faltaram as manifestações amorosas desses encontros e desencontros – encheram os corações de uma transbordante e indescritível alegria. Os lugares podem mudar, para melhor ou para pior, desde que as pessoas especiais que vivem neles permaneçam as mesmas, que era o caso dos seus inesquecíveis amigos da sua adolescência.

Todos guardamos as mais gratas recordações da sua sincera amizade, alegria e de um genuíno humor peculiar…

Foi no dia 16 de Agosto de 2006 que Gracindo José da Cruz Neves nos deixou. Fica-nos a sua memória. Ele foi repousar na Glória de Deus. Hoje, junto do Pai e de seu grande amigo Pe. Correia da Cunha estão à nossa espera e entretanto continuarão a interceder por todos nós que não queremos nem poderemos esquecer as suas lembranças.


Deixo para os comentários, de muitos seus amigos vivos, que deverão prestar a merecida homenagem à memória deste nosso saudoso e grande amigo de São Vicente de Fora e que teve um coração universal por essa Europa, que o soube acolher quando não aceitou servir uma guerra que era um crime contra os povos das colónias.

São Vicente de Fora guarda-o em seu coração! Deixou em todos muitas saudades.


RECEBEI, SENHOR, NO REINO DOS JUSTOS O NOSSO IRMÃO.




Foto cedida por José Manuel Nunes Barata

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