segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PE. CORREIA DA CUNHA E O CAVALEIRO

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“Aos grandes Homens… a Paróquia reconhecida”


“Nos primeiros tempos da Reconquista, cerca de treze mil cruzados vieram de toda a Europa para auxiliar D. Afonso Henriques. Houve um cavaleiro, chamado Henrique, originário de Bona, que morreu na conquista de Lisboa e que está sepultado na Igreja de S. Vicente de Fora.

A lenda diz que, logo que Henrique foi sepultado, dois dos seus companheiros, ambos surdos e mudos de nascença, foram deitar-se sobre o seu túmulo. Pediram a Henrique que intercedesse junto de Deus pela sua cura. Em sonhos, Henrique disse-lhes que Deus os tinha curado. Quando acordaram, verificaram que o sonho se tinha tornado realidade.

Pouco tempo depois, morreu um escudeiro de Henrique e foi sepultado, longe do túmulo do seu amo. O cavaleiro Henrique apareceu em sonhos ao sacristão da igreja e disse-lhe que queria o corpo do escudeiro junto de si.

O sacristão não ligou importância ao sonho, nem quando este se repetiu no dia seguinte. Na terceira noite, Henrique, novamente em sonhos, falou-lhe tão irritado com a sua indiferença que o sacristão acordou imediatamente e passou toda a noite a cumprir as suas indicações. Apesar de ter trabalhado muitas horas, o sacristão sentia-se bem, como se tivesse dormido toda a noite.

Segundo a lenda, cresceu uma palma no seu túmulo cujas folhas curavam os males de todos os peregrinos que ali acorriam. Um dia, a palma foi roubada, mas ficou para sempre na memória do povo através do nome de uma rua na baixa de Lisboa.”


Este nobre e valente cavaleiro, Henrique de Bona, que morreu na nossa amada cidade de Lisboa em odor de santidade, encontra-se sepultado na majestosa Igreja de São Vicente de Fora.


A lápide, que se encontra no lado esquerdo do altar de Santo António, assinala que ali repousam em paz os restos mortais do cavaleiro Henrique de Bona, não o deixa esquecer.

Padre Correia da Cunha, em São Vicente de Fora, também não o esquecia. Sempre que passava na Rua do Senhor da Palma, hoje simplesmente Rua da Palma, como todos nós a conhecemos, era-lhe como uma grata recordação trazer ao pensamento este ilustre cavaleiro.





Em São Vicente de Fora eram prestadas grandes homenagens à coragem e astúcia deste grande cavaleiro. Nesta foto, com honras episcopais precede-se a uma dessas venerações ao gentil e amado cavaleiro ‘santo’, que tão querido era nessa comunidade por ter honrado com heróica bravura a nossa nobre cidade.

À semelhança deste cavaleiro, também as relíquias de São Vicente de Saragoça, Santo Padroeiro de Lisboa, deveriam estar depositadas na sua sumptuosa igreja paroquial, ou pelo menos assim, pensava Padre Correia da Cunha. Era com grande mágoa, na alma, que o testemunhava.

É hoje reconhecido, que o depósito das relíquias de São Vicente, na Sé Catedral de Lisboa, não foi pacífico. Gerou um enorme e acesso conflito entre as várias facções de habitantes da cidade à época. Havia aqueles que defendiam que as relíquias deveriam ser colocadas no Mosteiro de São Vicente de Fora (como Padre Correia da Cunha veria a concordar mais tarde), outros como os moçárabes acreditavam que o melhor local para depositar as mesmas era a Igreja de Santa Justa e Rufina e existia ainda um terceiro grupo que impunha como alternativa a Sé Catedral.

Esta rivalidade na disputa das relíquias do Santo, entre moçárabes e os outros cristãos, durou longos séculos após a chegada do seu corpo à cidade, na noite de 16 de Novembro de 1173.

A nau que transportava o corpo do Santo, vinda do Algarve, ancorou junto à Igreja de Santa Justa e Rufina, mas depois fez-se uma grande procissão para a Sé Catedral, tendo como acompanhantes inteligíveis os dois corvos que ficaram como guardiões das relíquias por muitos e longos anos naquele monumento.





Contudo, como referia Padre Correia da Cunha, São Vicente Mártir nunca deixou de ser celebrado e venerado na sua Igreja de São Vicente de Fora, com um rito próprio, por todos os lisboetas que lhe querem bem.

Não se deveria também de perpetuar a memória de Mons. Francisco Esteves (1900-1959) e Padre Correia da Cunha (1961-1977) com a transladação dos seus restos mortais, para capela em São Vicente de Fora, pelo trabalho dinâmico, de inesgotável prodigalidade sem paragem nem descanso que a missão lhes impôs para dilatarem o Reino na Paróquia de São Vicente de Fora de Lisboa?

Não se deveria igualmente deixar em pedra gravados os nome destes dois grandes homens da igreja “A Paróquia Agradecida”?
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