terça-feira, 11 de outubro de 2011

PE CORREIA DA CUNHA E O DR. CARNEIRO MESQUITA









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DR. CARNEIRO MESQUITA



‘’…DO BARRO VIEMOS, AO BARRO VOLTAREMOS. ‘’



O Padre Correia da Cunha frequentou com elevado brilho o Seminário Maior dos Olivais, o qual lhe proporcionou uma bem alicerçada preparação para a sua futura vida eclesiástica. Ali recebeu as luzes das ciências teológicas, litúrgicas e da pastoral cristã, ferramentas indispensáveis para o exercício do seu múnus sacerdotal. Os saberes transmitidos pelos seus mestres enriqueceram o seu manancial espiritual e humanístico.

Também os paroquianos de São Vicente de Fora foram muito ajudados pela mestria do Padre Correia da Cunha. Foi dele que herdamos a sua magnífica prática no ensino da doutrina da Igreja e a sabedoria para interpretarmos os problemas da sociedade contemporânea à luz dos Evangelhos.

O Padre Correia da Cunha não resistia à tentação de falar do Seminário de Cristo Rei, sem evocar o seu grande e inesquecível mestre Mons. Pereira dos Reis, pela sua dedicação aos alunos e competência no domínio da psico-pedagogia educacional que ficariam para sempre gravadas na sua memória. Esta enorme figura sempre lhe mereceu um grande respeito e uma especial veneração.

Padre Correia da Cunha e Cónego Honorato Monteiro













Mas também houve outra grande e memorável sumidade, que mereceu uma profunda admiração por parte do Padre Correia da Cunha. Era deão da Sé Patriarcal de Lisboa, prestigioso membro do clero do Patriarcado de Lisboa e secretário privativo do Cardeal D. Manuel II Cerejeira. Mons. Dr. Carneiro Mesquita (1880-1962) era um ‘’familiar’’ para o jovem presbítero.


O Padre Correia da Cunha lia muito e gostava de reflectir e abordar com este arcediago todos os temas relacionados com o pensamento filosófico e teológico, versus doutrina social da Igreja. O Dr. Carneiro Mesquita e o Pe. Correia da Cunha eram dois eloquentes pensadores católicos. Tinham em comum, como amigos, os mais reputados teólogos e filósofos que eram fontes de inspiração importante para a cultura cristã e intelectual daquela época. Creio ser de elementar justiça lembrar aqui, Mons. Dr. Carneiro Mesquita cuja memória, se mantém viva no coração de muitos que usufruíram da sua estima e amizade e que continua perpetuada na Fundação, com o seu nome, na terra que ele tanto amava; Fontes – Santa Marta de Penaguião.

O Mons. Dr. Carneiro Mesquita fez o curso teológico no Seminário de Lamego. Doutorou-se em direito pela Universidade de Coimbra. Prelado doméstico do Papa foi elevado a protonotário apostólico, distinção das mais altas concedidas pela Santa Sé e que significou a exaltação das virtudes do ilustre sacerdote, que tão notáveis serviços prestou à causa da Igreja e em vários sectores da vida nacional.





Quero hoje trazer à memória aquele dia, na companhia de Padre Correia da Cunha, no seu carro mini, em que ele se lembrou de fazer um profundo pensamento sobre a humildade que era a qualidade que mais venerava nas pessoas. Dizia ele: Humilde é aquele que enxerga todos à sua volta como seres iguais e merecedores de felicidade. A verdadeira humildade deixa o homem mais confiante. Só quem tem plena consciência dos seus valores não precisa de actos de demonstração de poder e exibicionismo, pois conhece a importância da sua contribuição para uma situação seja ela qual for. E sem dúvidas o meu saudoso amigo Dr. Carneiro Mesquita preenchia todos estes dotes.

Para o Padre Correia da Cunha não era casualidade que a palavra humildade viesse do latim, humilis, que por sua vez está ligado ao radical húmus. O que é húmus ? – Terra fértil. Afinal de contas, não somos todos feitos da mesma coisa? – ‘’do barro viemos, ao barro voltaremos. ‘’PCC

Mons. Carneiro Mesquita era um homem humilde, bondoso e com largo espírito de altruísmo, respeitado e estimado por todos os fieis do Patriarcado de Lisboa. Pelas suas tarefas, convivia diariamente com o Cardeal Patriarca, que era um diplomata, rigoroso, firme e profundo nas suas seguras directrizes para responder aos problemas essenciais do Patriarcado de Lisboa.




Confidenciou-me o Padre Correia da Cunha que o Cardeal Patriarca D. Manuel II, Cerejeira se notabilizava na teimosia das posições tomadas.

No Paço Patriarcal havia um só homem, de hipersensibilidade a que se juntava uma inteligência extraordinariamente lúcida, que conseguia fazer recuar Sua Eminência em algumas das suas implacáveis determinações que não eram acolhidas com bom aprazimento pela comunidade: Era o Dr. Carneiro Mesquita.





Padre Correia da Cunha conhecia o segredo do Dr. Carneiro Mesquita. Não era a intelecto, nem a perspicácia… era simplesmente a humildade. Dr. Carneiro Mesquita tinha a cultura da verdadeira e sincera humildade que sempre colocou nos seus mais elevados valores.


Como também já referi Padre Correia da Cunha era puro, simples e humilde com um total desprendimento das honras e títulos terrenos.


Mas é curioso, a ambos fora atribuídas condecorações nacionais, como recompensa do mérito e dos serviços prestados à comunidade. O Dr. Alberto Carneiro Mesquita com o grau de comendador da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul. O Pe. Correia da Cunha com as insígnias de comendador da Ordem de Cristo e oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul. Estas honras nacionais foram certamente entendidas como uma gratidão do país pela riqueza dos dons de Deus a estes dois sacerdotes de inteligência poderosa, profunda e de uma enorme sensibilidade e apurado gosto pelas várias artes. Não seria o reconhecimento das suas humildades?


Também nos ofícios fúnebres de ambos não faltaram muitas individualidades de várias categorias sociais e inúmeras pessoas das classes pobres a quem ambos ao longo das suas vidas protegeram.


O Dr. Alberto Carneiro de Mesquita deixou testamentalmente, que à sua terra amada - Fontes, as suas propriedades e bens fossem entregues a uma Fundação que continuasse a distribuir apoio ás famílias carenciadas. Como era de família abastada repartiu pelos pobres aquilo que lhe pertenceu.


Mas Padre Correia da Cunha, oriundo de família modesta não é qualquer um. Deveria ser homenageado com o seu nome de rua, na Freguesia de São Vicente de Fora. Bairro onde tanto trabalhou em prol da comunidade e onde tanta consideração e apreço recebia dos mais humildes da freguesia.


Na toponímica deveria constar: PE. JOSE CORREIA DA CUNHA – 1917-1977 - MESTRE DE VIDA.





















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1 comentário:

  1. Nas fotografias, qual é o Mons. Carneiro de Mesquita? E o Pe. Correia da Cunha?
    Obrigado!
    JB

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