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‘’ A GLORIOUS EDEN “
O Padre
Correia da Cunha era um homem simples, que nutria uma enorme paixão e adoração
pela cidade que o viu nascer - LISBOA.
Para
além desta feiticeira do Tejo, havia três sítios “ místicos’’ que muito o
fascinavam: a sua Praia das Avencas, a Serra da Arrábida e a Serra de Sintra.
Já
aqui falamos da Arrábida e da Praia das Avencas. Hoje traçaremos um quadro das
belezas da sua amada Sintra. Não é tarefa fácil pois nem o maior pintor
paisagista com as suas mais ricas fantasias será capaz de colocar numa tela
todas as belezas e encantos indescritíveis da realidade que é essa jóia bem
portuguesa.
A
natureza ali oferece um tão variado panorama, que é quase impossível
descreve-lo.
De
resto, só o Padre Correia da Cunha, pela sua apurada sensibilidade e paixão,
conseguia uma perfeita descrição daquela arte e realidade viva que era a sua querida
Sintra.
Também
não lhe faltava tempo para nos falar da desventurada história de D. Afonso VI,
que acabou os seus dias numa pequena sala do Palácio, que lhe serviu de prisão.
O pavimento estava gasto dos pés do infeliz Rei, do seu incessante caminhar de
um lado para o outro, e sempre na mesma linha, durante os sete anos que ali
viveu.
Ao
escrever hoje sobre Sintra, chega ao meu pensamento um sentimento de pesar pois
acode-me à memória os bons tempos vividos e passados com este saudoso amigo,
Padre Correia da Cunha e companheiros, por essas singulares e inconfundíveis paisagens
da sempre bela Serra de Sintra.
O
seu grande coração, no convívio com os amigos, abria-se tal como a harmoniosa
natureza que envolve esta encantadora vila, que certamente tanto terá ainda por
descobrir.
Creio
que o Padre Correia da Cunha sentia um duplo prazer, sempre que visitava este
local, como se fora a primeira vez que o contemplava este verdadeiro tesouro da
natureza. Quando a começava a deslumbrar ainda ao longe e quando se perdia nos
seus cerrados bosques.
Em busca de alguns momentos de alívio, para o imenso e persistente calor, do verão em Lisboa, que quase o torturava, o Padre Correia da Cunha dava sempre que podia, longos passeios pela mística Serra de Sintra.
A extraordinária situação geográfica deste encantador lugar e a proximidade ao Oceano Atlântico faziam com que o ar fosse mais saudável, puro e fresco.
Como
referia o Padre Correia da Cunha, Sintra era um capricho da Mãe Natureza que
deve ter tido origem em qualquer violenta transformação da superfície terrestre
ou de um parto do genuíno amor da Criação Divina!
O
seu aspecto virginal e romântico que nos deixava tomar de surpresa em surpresa
pelo seu conjunto de colinas e vales, era para nós como acariciar, com
suavidade suprema, a beleza da perfeição de um corpo feminino.
Estes
maravilhosos passeios com o Padre Correia da Cunha eram longas caminhadas,
através de verdejantes matas fechadas, sob a folhagem densa de tantas e belas
centenárias arvores.
Atingido
o ponto mais alto da Serra, admirávamos as casas palacianas de Sintra agrupadas
diante de nós. A vila era na época o ponto de veraneio de muitas famílias da
classe abastada
e
de grande parte dos representantes do Corpo Diplomático acreditado no nosso
país.
Estas
tardes passadas em Sintra na companhia do Padre Correia da Cunha e dos amigos
companheiros eram de uma enorme e inesquecível beleza.
Ainda
hoje certamente muitos dos que acompanhavam o reverendo, recordam os seus belos
jardins vestidos com magnificência de variadíssimas árvores e flores, os seus
mirantes donde se avistavam enormes paisagens com uma multiplicidade de cores, originadas
pelo reflexo do Sol crepuscular.
Não
era sem custo que o Padre Correia da Cunha se despedia deste paraíso onde os
seus olhos se deleitavam com a majestosa beleza que ele tanto admirava e
apreciava.
Como
se compreenderá ainda hoje é impossível apagar das nossas memórias estes
passeios aos recantos da Serra de Sintra, pelas fortes impressões que deixou
gravadas nas nossas vidas.
É
destas belezas e encantos que ficaram indeléveis nas nossas lembranças que
sentimos a necessidade de com muita saudade mas também imenso prazer,
transmitir sobre um rincão que o Padre Correia da Cunha seleccionava para um
contacto mais a sós com o Criador. Aproveitamos para convidar-vos a que
revisitem Sintra, um local, onde os olhos, em perfeita liberdade, procuram um
sítio agradável e fresco para descansarem.
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