quarta-feira, 16 de abril de 2014

PE. CORREIA DA CUNHA – RETRATO IX













‘’ A música tinha que estar em harmonia com a existência do momento…’’

Padre Correia da Cunha



A boa música era uma das suas grandes paixões. Creio que houve na vida de Padre Correia da Cunha uma grande mulher que o ensinou a conhecer e apreciar a boa música.

Lembro-me de vê-lo triste, naquela manhã de Domingo do dia 24 de Maio do ano de 1969, em que celebrou as exéquias da maestrina Olga Violante (1903-1969), sua dedicada madrinha e sua grande referência no campo coral e musical. Essa grande Senhora esteve ligada à sua vocação desde a sua tenra infância …era a sua magnânima protectora.

O Padre Correia da Cunha também foi um tutor de muita da juventude de São Vicente de Fora, gerando em muitos de nós o gosto pela música clássica e de órgão através dos muitos concertos que se realizavam na igreja paroquial de São Vicente de Fora. 




Ficará para sempre na nossa memória a suas explicações despretensiosas na defesa do culto da boa música. Para se gostar, era necessário entender pois ninguém pode amar aquilo que desconhece e não abarca. Padre Correia era verdadeiramente um grande mestre no domínio musical.


O Padre Correia da Cunha dominava como ninguém a arte musical e a sua superior inteligência fazia brotar o amor pela boa música em todos nós.


Ficarão inesquecíveis as longas noites (até às 5 horas da madrugada) que passei na companhia de Padre Correia da Cunha, efectuando gravações no seu extraordinário gravador de bobines de fita para passar como fundo musical no templo. Muita gente ficava horas, sentada nos longos bancos, a ouvir estas fantásticas selecções de música sacra que eram sentidas como autênticas e sublimes magias e de elevação ao transcendental.


As celebrações penitenciais comunitárias e os tempos fortes da liturgia tinham por parte de Padre Correia da Cunha a grande preocupação de serem envolvidas em boa música sacra polifónica e de órgão de reconhecida superioridade. Era nesse clima que cada um de nós em espírito de reflexão profundo ia esgravatando a sua consciência e exercitando a busca de novos comportamentos perante Deus, os outros e consigo próprio.



Pensando nesses belos sons que nos ajudastes a descobrir apenas nos resta duas palavras: Obrigado e Saudades.

















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