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AMIZADE! … SIGNIFICA O QUE HÁ DE
MAIS SUBLIME NA VIDA!
Há lugares que, embora fazendo parte da nossa infância, pelos
anos que já passaram, ficaram na nossa memória indeléveis e nos nossos
sentimentos, pois transportamos sempre uma saudade que nunca se apagará…
Há dias, passeando pelo vasto Campo de Santa Clara, fiquei desolado e confrangido com a transformação da sua paisagem humana e patrimonial. A minha Escola Primária
nº 4, sediada num elegante palácio setecentista, está encerrada. Recordo os
gritos de alegria de centenas de crianças vestidas de batas brancas. Será que uma
comunidade sem crianças terá futuro?
Pergunto-me: Os elegantes palácios, mosteiros e casarões
históricos são sumariamente votados ao abandono em prol do progresso e da
evolução do país?
Os estabelecimentos fabris do exército, que empregavam
milhares de operários que ali labutavam, em prol do progresso da grandeza da nação,
estão encerrados e certamente a degradarem-se.
Era um imenso fluxo diário desta gente humilde e simples, na
maioria operários e operárias, que passavam ansiosamente com voracidade, envolvendo
aqueles espaços de vida e cor com as suas batas azuis e “macacões”.
As tradições vão-se sumindo, pouco a pouco, ajustadas pelo
turbilhão inevitável das transformações da modernidade.
Era gente feliz na simplicidade e modéstia, mas era notável e
digno de admiração o sentimento de confraternização do pessoal das Oficinas
Gerais de Fardamento e Equipamento, que fora do trabalho esquecia as convenções
hierárquicas e se unia em plena familiaridade na sua Casa de Pessoal.
A Casa do Pessoal das OGFE visava a promoção cultural,
desportiva e recreativa dos seus associados e familiares. Para alcançarem estes
objectivos procurava o melhor aproveitamento dos tempos livres dos seus
associados e residentes da área geográfica dos estabelecimentos (calçado e
vestuário). Possuía um excelente auditório, onde apresentava o seu Grupo de
Teatro e sessões de cinema nas noites de sábado.
As fotos que publico neste post são testemunho de um dia de
bom tempo, num bom ambiente, com muita boa comida, boa pinga e sã camaradagem
em que o Capelão Correia da Cunha participou lá para os lados de Óbidos, um evento
organizado pela Casa de Pessoal das Oficinas Gerais de Fardamento e
Equipamento.
O Padre Correia da Cunha gostava de jogar futebol, é uma
verdade insofismável, mas a única declaração que lhe ouvi sobre esta modalidade
foi: “ são onze atletas solteiros de um lado e onze atletas casados do outro
lado e um senhor barrigudo com um apito na boca”. O Padre Correia da Cunha
jogava habitualmente pela equipe dos solteiros.
Há quem goste de futebol, outros que gostam de falar da vida
alheia… O Padre Correia da Cunha gostava de futebol e utilizava a sua filosofia
de vida para “espiar” a alma dos seus semelhantes. Vejo-o nas tabernas do
bairro despido de preconceitos, expondo os seus sentimentos, aspirações e
ideias.
O Padre Correia da Cunha era um homem popular, simples, modesto,
bom e sempre bem-humorado, admirado por todos que o conheciam, o capelão das
OGFE arrastava a sua vida da melhor forma possível na sua inquebrável fé em
Jesus Cristo. Era um homem dedicado à sua Paroquia de São Vicente de Fora, de onde
era a maioria dos funcionários das OGFE. Nas acomodações das suas possibilidades
não encarava sacrifícios para o bem-estar desta boa gente de lutadora e
trabalhadora.
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