MISSÃO DE VIDA: VOCAÇÃO PARA OS DOENTES
O Padre Correia da Cunha esteve à
frente da Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, de 1960 a 1977( durante
dezassete anos). Ao assumir o governo da paróquia deparou-se com muitos
problemas. A regência da paróquia estava entregue a «uma dúzia de beatas» que
era «as donas daquilo tudo». Era uma freguesia morta e envolta numa trama de
relações e ligações demasiado arcaicas. O jovem pároco vinha cheio de ideias inovadoras.
Era um intelectual, um padre fiel mas pouco conformista. Para renovar a
paróquia era necessário restituir-lhe gente nova e criar compromissos de
empenho social. Vinha da Marinha de Guerra, onde exercia as funções de capelão
no Hospital da Marinha. Pelo texto deste coro falado que hoje publico, o Padre
Correia da Cunha desde de sempre teve uma predilecção pelos doentes, que
considerava que o seu sofrimento era a grande força para o seu ministério. Os
doentes eram um dos seus mundos.
Acompanhei o Padre Correia da
Cunha em muitas visitas às casas dos seus paroquianos doentes. Hoje poderei
testemunhar que aquelas visitas o enchiam de muita energia e felicidade.
Nessas visitas sempre tratava os doentes pelos seus nomes próprios . Dedicava
vários dias da semana para ir de casa em casa do bairro, onde houvesse doentes
e pessoas em sofrimento, mesmo nos ambientes mais pobres. Recordo-o sentado
junto do leito de cada doente, falando com todos eles com uma delicadeza
paternal.
Na casa de cada doente, sempre
havia outros elementos da família, que lhe exponham os graves problemas por que
estavam a passar. A segurança social à época era uma miragem. Sempre deixava um
envelope com dinheiro para as necessidades mais insistentes da família. Havia
uma sincera atmosfera de caridade.
O Padre Correia da Cunha era duro
para aqueles que dele se abeiravam, na tarefa da pedinchice e que faziam dessa
arte uma profissão. Sofria muito por aqueles que na penumbra da sua casa passavam
tantas dificuldades e até fome. Ele considerava que era nos espaços recatados
que se tinha de viver a misericórdia e a compaixão, para a força da igreja.
Cada pessoa era importante para
ele, e para cada um tinha uma palavra delicada e um gesto certo. Com ele
aprendi: «que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita.» O seu
ministério era ir de casa em casa para ver e sentir, as necessidades dos seus
paroquianos, e contribuir para as solucionar, sem que fossem eles a procurarem a
ajuda ou preencherem formulários. A pobreza não era para ser exposta ou o
caixote do lixo dos ricos. Quantos lares... não eram apoiados pelo prior de São
Vicente de Fora na mais absoluta confidencialidade!
OS DOENTES
(Durante o desfile do cortejo que transporta os doentes nas
macas e cadeiras de rodas em todo o «stadium», a multidão de pé, em silêncio
faz a continência jocista!
Dirigente:
Honra a Vós, Irmãos doentes!
Vai para vós o nosso amor mais fervoroso.
Honra vos seja
A Vós, lutadores da primeira linha
A Vós que trabalhais na obscuridade
Das fundações.
Enquanto nós, os que gozamos saúde
Construímos a luz do sol e ao ar livre,
As torres altas do nosso edifício!
Coro Jocista:
Irmãos doentes.
Honra vos seja!
Dirigente:
É aos vossos sofrimentos
Tão nobremente aceites
Que nós devemos
O triunfo do nosso apostolado!
No silêncio das enfermarias
Na solidão de vossos quartos de doentes
A vossa fraqueza faz a nossa força!
Coro Jocista:
Irmãos muito amados, coragem!
Dirigente:
Quando vós sofreis mais
Ou quando as vossas dores se aquietam
Sempre Deus está convosco,
Sempre Deus vos abençoa;
E o que Deus quere
É sempre o melhor!
Coro jocista:
Bendito seja Deus!
Dirigente:
Não vos esqueçais:
Foi do sangue dos mártires
Que germinaram triunfantes
as primeiras legiões cristãs!
Não vos esqueçais:
Cristo pregado na cruz
Pela sua morte
deu-nos a Vida
Coro Jocista
Bendito seja Deus!
Dirigente:
Sobre a patena
Que o sacerdote levanta para o alto
em vosso nome,
bem junto à hóstia do sacrifício.
Vós pusestes o vosso dom,
O sacrifício que é o vosso
- a doce aceitação do vosso sofrer
Isto que fazeis por nós,
Nunca o esqueceremos.
Multidão:
Nunca! Nunca!
.
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