domingo, 25 de janeiro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA, O INOVADOR

.

















‘’ FAZEI, SENHOR, QUE O NOSSO PÁROCO SAIBA DAR-NOS SEMPRE, O PÃO DA PALAVRA E O PÃO DA VIDA’’



Pe. Correia da Cunha
Pagela da tomada de posse na Paróquia de São Vicente de Fora -1961.




Para o Padre Correia da Cunha, a prática sacramental não podia ser um puro acto de rotina vazio de sentido. Não aceitava práticas sacramentais e litúrgicas sem expressão e vivência cristã. Tudo fazia para que interiorizássemos o verdadeiro conteúdo e compreensão desses actos de alegria do Amor Divino. Infelizmente, vão-se arrastando muitos cultos, nos dias de hoje, sem espírito de vida cristã e sem se medir os seus efeitos negativos num futuro próximo. Só um verdadeiro Deus de Amor e de Compaixão pode ajudar os seres humanos a serem fraternos e compassivos uns com os outros, sobretudo com aqueles com quem vivemos as nossas experiências diariamente: família, escola, emprego e comunidades onde estamos inseridos.

Os encontros diários com Padre Correia da Cunha permitiam sempre abrir novos caminhos para uma educação de virtudes e aprofundamento da nossa vida cristã. Estava sempre de braços abertos para nos ajudar na resolução dos problemas próprios de uma juventude refractária, indicando caminhos …e apontando os perigos. Nunca criticava as más opções nem queria saber quem eram os autores.

RENOVAÇÃO

SÃO VICENTE DE FORA – as celebrações de reconciliação

A prática da confissão não podia ser o despacho de um vasto rol de pecados.

Toda a comunidade era convidada a participar nestas celebrações litúrgicas de reconciliação.
As celebrações penitenciais organizadas, nos tempos fortes Advento e Quaresma, na Paróquia de São Vicente de Fora, eram ricas em reflexões e de um exame de consciência, onde o livro de registo da nossa consciência era totalmente esgaravatado.O Padre Correia da Cunha elaborava um guião muito detalhado onde as nossas vidas eram passada ao detalhe. O Espírito Santo iluminava-nos a termos consciência de quantos pensamentos, quantas palavras, quantas atitudes, quantas acções e quantas omissões teríamos de dar contas :

- A minha relação de rotura com Deus.

- A minha relação de rotura com os outros.

- A minha relação de rotura comigo próprio.

DEUS é PAI e está sempre pronto a perdoar desde que haja arrependimento.

A celebração comunitária da confissão da misericórdia e do perdão terminava num encontro pessoal com o confessor, que no final nos dava a absolvição. Vai em PAZ.

No final havia um espaço de profunda oração pessoal para fortalecer e aumentar a graça Divina.
O Pe. Correia da Cunha procurava no dia-a-dia que os paroquianos se reservassem para essas grandes celebrações comunitárias. Não havia nem defendia as confissões diárias.

RENOVAÇÃO

SÃO VICENTE DE FORA – não havia emolumentos

O Padre Correia da Cunha entendia que a sua missão era ajudar cada homem a descobrir o amor de Deus, transformador do coração do homem e gerador de uma vida de fraternidade. Os sacramentos (sinais) eram dávidas gratuitas de Deus, que contribuíam para reforçar a nossa vida cristã.

A GRAÇA DE DEUS, nesta conformidade, não podia ser paga por nenhum dinheiro deste mundo. Tem de estar disponível para todos, como o coração de Deus está disponível para todos os seres humanos que o ambicionem.

A Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora tem expensas cada membro deve na sua consciência comparticipar na medida das sua possibilidades para manter viva esta sua casa. No ofertório cada um colocava o que sua consciência indicasse. As missas, os baptizados e casamentos não tinham valores de emolumentos.

Durante os 15 anos que tive o privilégio de ser seu aprendiz nunca o ouvi Padre Correia da
Cunha falar em interesses materiais. Sempre que não tinha dinheiro, apenas lhe ouvia o seguinte comentário: - ‘’Nasci nu e vou morrer nu. ‘’dava liberdade ao Espírito. Foi assim que viveu o honrado homem e o bom padre.

Como é sabido o Padre Correia da Cunha veio a falecer nu quando se preparava para tomar o seu banho diário (apareceu morto na sua residência).

O Padre Correia da Cunha traduzia de uma forma muito simples o que era ser cristão:

- SERMOS AMIGOS E SOLIDÁRIOS EM NOME DE JESUS.


O CRISTIANISMO NÃO ERA UM CONJUNTO DE ENSINAMENTOS E PROFUNDOS CONHECIMENTOS MAS UMA VIDA QUE SE VIVE.

O Padre CORREIA DA CUNHA acreditava que o Espírito Santo ensinava a verdade que não se encontra nos livros. O espírito vem sempre em ajuda dos homens simples e humildes e não naqueles que apenas pensam na sua própria utilidade. Daí, o seu obsessivo culto pelo SINGELO.

O Cristianismo deve cultivar a busca dos valores da fraternidade entre os homens, na busca da paz, da justiça e do respeito pela natureza. O Padre Correia da Cunha dizia que só a vivência diária dos ensinamentos do evangelho podiam gerar caminhos para estabelecer estes valores, nunca esquecendo que tudo se inicia no ‘’próximo’’.

















.
.
.
.
.
.
.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário