quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

PE CORREIA DA CUNHA, ESTRATEGO

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“Só ao Senhor teu Deus adorarás e servirás”.





 

Em 1940 iniciou-se em Portugal o processo de canonização do Beato Nuno, que era na altura a encarnação suprema da Pátria Portuguesa.

Na Igreja de São Vicente de Fora, a sua imagem estava no altar mais rico e belo do templo, o de Nossa Senhora da Conceição da Enfermaria, totalmente revestido em mármores embutidos do séc. XVIII.

O culto reconhecido e merecido estava nos corações dos portugueses, fiéis que viam nele o símbolo do amor pátrio.

Muitos dos seguidores desde culto, para Pe. Correia da Cunha, invertiam a essência do catolicismo, depositando ramos de flores, fixando placas de mármore com anotações das graças recebidas … e passando pelo sacrário sem um mínimo de reverência ao ‘ Dono da Casa’, presente no Sacrário. Já não se tratava de uma veneração ao Monge Beato mas de uma adoração ao Soldado Herói.

Pe. Correia da Cunha, visando a pronta solução a este delicado problema e dados os desafios de percurso inesperados e complexos, sentiu a necessidade de organizar uma estratégia, definindo alvos, alavancas e um rumo com muita sensibilidade e competência.

Para Padre Cunha : Só DEUS é merecedor de Adoração.

‘’ E outra vez conquistemos a Distância – do mar ou outra , mas que seja nossa’’
Fernando Pessoa


Seria o Tempo o grande objectivo estratégico - por mar ou outro modo – contanto que nunca nos fuja!











Assim, providenciou a passagem do Sacrário para o Altar mais rico e sublime da igreja e procedeu à colocação da imagem de Beato Nuno Alvares Pereira na Capela gradeada do Santíssimo, onde inicialmente se encontrava o Sacrário. O Altar retomou a sua beleza natural e riqueza, vendo-lhe retiradas centenas de placas de mármore.


Pe Correia da Cunha repetia muitas vezes que todas as peças antigas são belas quando bem conservadas nas suas formas originais. Ainda hoje me revejo nesse seu ensinamento.

É exactamente pela capacidade de realizar estas mudanças, ajustando-se a novos tempos que em geral as instituições sobrevivem, vivem e, não raro, se perenizam, apesar de frequentemente terem que enfrentar condições muito adversas ao longo de determinado período.


Pe Correia da Cunha tinha uma grande ancoragem que o protegia: O altar mais nobre e rico do templo deve ser reservado ao Sacrário.
As missas durante a semana passaram a ser celebradas nesse preciosíssimo altar.


Nenhum processo de mudança avança realmente sem a legitimação dos fiéis, salvo raríssimas excepções. Obviamente que houve indescritíveis obstáculos humanos e culturais de obstinados seguidores da ‘’adoração’’ a Beato Nuno Alvares Pereira.

Creio que a sua pureza, delicadeza de sentimentos e sensibilidade no trato com o seu rebanho, também em muito contribuíram para a concretização da sua correcta estratégia.

Passados cinco anos, liberto já de quaisquer peias, o seu verdadeiro sonho corporizou-se:

O Sacrário voltou à sua Capela natural e a imagem de Beato Nuno está no seu Altar porque a Igreja o reconhece merecedor de culto de veneração. Beato Nuno Alvares Pereira está nos corações dos paroquianos de São Vicente de Fora, como no dos Portugueses.


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