sábado, 15 de agosto de 2009

PE CORREIA DA CUNHA E A DILECTA CATEQUISTA

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‘’Guiada e Transformada pelo Espírito de Deus”



Nos anos sessenta haviam na Paróquia de São Vicente mais de meia centena de catequistas. O ensino da doutrina cristã era para o Padre Correia da Cunha uma prioridade que encarava como uma das principais missões da Igreja.

Havia nesse enorme grupo de jovens catequistas, uma que se destacava pela sua profundíssima Fé em Jesus Cristo, e também pelo enorme sacrifício que colocava nessa sua vocação de evangelizadora, dado ser portadora de uma doença degenerativa geradora de muito padecimento e horrível martírio.

Para si o sofrimento não era injusto. Fazia parte dos planos de Deus que são um grande mistério para todos nós. Considerando que era algo de essencial para a sua santificação, ouvi-a dizer: ‘’Jesus transformou o sofrimento em matéria-prima da nossa salvação. Na cruz Ele dignificou o sofrimento e o tornou fonte de santidade…’’

Ainda bastante jovem ficou paralisada no seu leito e assim impedida de continuar a levar a Boa Nova de Jesus às suas carinhosas crianças, que tanto a adoravam.

Visitei com o Padre Correia da Cunha, na sua missão de visita aos doentes da paróquia, esta nossa extraordinária irmã. O Padre Correia da Cunha sempre lhe ministrava a Sagrada Comunhão.

Hoje quero aqui compartilhar uma história, que tal como muitos dos antigos catequistas da Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, habituais visitadores desta querida e amável educadora da fé, tive o prazer de presenciar.

Depois de dizer logo à entrada com uma voz bem forte vinda do fundo do coração: ‘’A PAZ ESTÁ NESTA CASA ‘’, o  Padre Correia da Cunha fazia a aspersão com a água benta e acrescentava:

-Senhor Jesus Cristo, permiti que este vosso humilde e pecador sacerdote entre nesta casa onde jorra a felicidade duradoura, a prosperidade em Deus e a alegria serena da santidade que aqui habita.








Com a Sagrada Comunhão na mão e após umas breves orações, era chegada a hora de se realizar o encontro íntimo de Jesus Cristo com essa sua atribulada irmã.

Quase sempre, o Padre Correia da Cunha era interrompido pelo forte desejo da jovem doente em intenso sofrimento, mas com uma fortuna irradiante de pedir ao seu prior para que a confessasse. O  Padre Correia da Cunha invertia a posição e rogava-lhe comovida mente que ela o confessasse pelos seus muitos pecados. Eram deixados a sós e creio que depois da confissão de Padre Correia da Cunha à sua Santa Paroquiana vinha de alma renovada.

Era reconhecido por todos que esta nossa irmã buscava no seu sofrimento o meio de se encontrar com Deus, esforçando-se naquele estado de tanto tormento alcançar a sua salvação e a santidade de todos os seres humanos. Todos sabíamos que ela muito orava, implorando especiais bênçãos para sua paróquia e pároco mas nunca esquecendo as suas crianças e catequistas.


O Padre Correia da Cunha sempre lhe recusava a confissão, referindo que os Santos não se confessam; a sua paixão natural de felicidade já a faziam participar na natureza Divina. Esta sua catequista já tinha os benefícios e o refúgio no coração de Jesus Cristo.

O Padre Correia da Cunha conhecia muito bem as virtudes cristãs da sua predilecta catequista e acompanhava de muito de perto todas as sua necessidades, empenhando-se pessoalmente em muitos actos de misericórdia e caridade para com esta simples e humilde família cristã, constituída por si e sua mãe, que depositavam todas as suas confianças e esperanças na fé em Jesus Cristo.

Quando teve conhecimento que a sua catequista havia sido chamada à presença do Pai, o Padre Correia da Cunha chamou ao Cartório Paroquial o Acácio da Natividade da Agência Funerária e rogou-lhe que fosse efectuado um funeral não de supremo luxo, mas que tivesse a dignidade que uma santa merece. Os vencimentos seriam despesas da sua responsabilidade, lembrando-o no final, que as santas gostam de bonitas flores!

Por obra do destino, eu, João Paulo Dias sou fiel depositário da Bíblia Sagrada, edição do ano 1952, que sempre a acompanhou. Guardo-a devota mente. Procedi à sua renovada encarnação em pele com filetes a ouro.

A terminar gostaria de mencionar que alguns dos textos estão sublinhados a lápis de cor vermelha, como salmos, destacando o 16 e 0 27, e unicamente e exclusivamente o evangelho de São João (11-4), que diz: E Jesus ouvindo isto disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para a Glória de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.

Quantas pessoas não estão vivendo assim nos dias de hoje, buscando o sofrimento como um meio de se encontrarem com Deus, esforçando-se em si mesmas para alcançarem a salvação e a santidade?

Muitos ainda certamente guardam este testemunho de vida, desta maravilhosa catequista que tão nobremente e com elevado espírito de sofrimento serviu de uma forma esplendorosa, através da oração, a Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora.


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1 comentário:

  1. Anónimo12.10.09

    Ao ler este artigo com o qual concordo plenamente contigo, também eu com o Pe. Correia da Cunha ou com Pe. Zé Diogo (de lambreta) fui muitas vezes levar a sagrada comunhão a esta dilecta catequista na Rua leite Vasconcelos…
    Continua, tens aqui um trabalho excelente.
    Já começaste a pensar no almoço que se combinou, já lá vai bastante tempo e as férias já acabaram, se concretizarmos esta iniciativa decerto iremos ter mais seguidores e mais matéria.
    Vai dizendo alguma coisa …

    Um abraço para todos
    Victor Soares.

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