quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA E A SEMANA DA VELA

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E aprendeu-se a dizer com saudade: “Brest tem mais encantos na hora da despedida…”




A semana que antecedia a partida oficial da Regata oceânica Brest - Las Palmas era assinalada pela: A Semana da Vela.

A cidade engalanava-se para acolher em ambiente de festa, esta tão badalada Semana, durante a qual ocorriam pequenas regatas. Os guardas marinhas, como Brito e Abreu e Azevedo Pascoal, venceram a competição em Vauriens (pequenos veleiros com pouco mais de quatro metros de comprimento, dispondo de duas velas e totalizando 8,10 metros quadrados de superfície vélica).

Recorda-nos o Senhor Contra Almirante Félix António, que desse grupo de guardas marinhas fazia parte o Conde Martins, que na altura já tinha sido campeão mundial de Snipes em provas realizadas em Monte Carlo.





Os nossos heróicos “marujos” aproveitavam estes derradeiros dias em terras de França para gravarem nas suas memórias, com enorme orgulho, as inesquecíveis recordações que haviam de ficar indeléveis nas suas vidas.



Para além das imensas cerimónias oficiais que se realizavam a bordo dos navios, a Semana da Vela também servia para os tripulantes do Navio Escola Sagres afrouxarem das grandes folias e se espreguiçarem no relaxamento, aguardando a tão esperada hora da partida à conquista da gloriosa vitória.



Recordo porém que a oficialidade, onde se incluía o Capelão Correia da Cunha, não dava tréguas. Todos os motivos, incluso a promoção a 1º Tenente do Guilherme Conceição Silva, serviam de pretexto para “soltar amarras” do Navio-Escola e irem em busca de novas emoções.




Os mais prestigiados Hotéis das cidades vizinhas de Brest eram invadidos por estes joviais e charmosos oficias da Armada Portuguesa, que com o brilho das bordaduras douradas das suas elegantes fardas decoravam os belos salões de dança.



Dançando com formosas parceiras, sempre esqueciam as asperezas da vida e da solidão. O som da música que os envolvia ajudava a criar sabores excitantes nas suas imaginações.



A vida de marinheiro é um infindável baile e nestes momentos de festividade, abraçados aos seus belos pares, os passos de dança geravam ilusões e fortes sentidos nas almas que os arrastavam até ao romper da madrugada.



Mas na nossa bonita embaixada “Escola Sagres”, uma das principais estrelas daquela espectacular parada náutica, aconteciam actos oficiais relativos à Semana da Vela, que requeriam a presença de todo o corpo de oficiais e onde se impunha um verdadeiro culto de patriotismo e testemunho dos bravos e notáveis navegadores portugueses que assim espelhavam a grandeza da cultura portuguesa, nas suas diversas formas de expressão.



A azáfama era grande a bordo dos imponentes e majestosos navios, onde se serviam cocktails em honra das altas individualidades, nas grandes recepções de boas-vindas dessas prestigiadas figuras que nos visitavam.



Na sexta-feira, dia 1 de Agosto de 1958, proceder-se-ia ao solene encerramento da semana da vela com uma cerimónia na Prefeitura Marítima de Brest, onde eram saudados todos os comandos e tripulações dos vários navios em competição.



Pela noite dentro, com toda a tripulação embarcada, decorria o ensaio de cânticos, baladas e fados do nosso querido Portugal.



Foi em gesto triunfal de glória e de especial gratidão pelo acolhimento neste belo porto, que todos os tripulantes da Escola-Navio Sagres entoaram a bem conhecida balada coimbrã:

 “ BREST tem mais encantos na hora da despedida”



Contínua…
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