“O FIM DA LONGA MARCHA ESTÁ À VISTA…”
As
peregrinações ao Santuário de Fátima eram uma das expressões mais belas da
devoção do Padre Correia da Cunha, à Virgem Santa, Mãe da Igreja e Mãe da
Humanidade. Gostava de fazê-las com pequenos grupos num clima de recolhimento e
intimidade.
Palmilhou
dezenas de quilómetros, arrastando-se pelas longas estradas, curvado pelo peso
de uma vida ao serviço dos irmãos. Chegava exausto, recitando litanias
repletas de esperança e resignação. Ao longe já avistava numa névoa o
Santuário da Virgem de Fátima. A visão sublime seguia à frente, como que a
guiar os seus passos.
O Padre
Correia da Cunha sabia que naquele chão sagrado podiam orar e meditar,
mesmo perante a sempre crescente multidão devota que ininterruptamente acorria
àquele santo lugar.
Fátima
é reconhecida em todo o Mundo pelo espírito de penitência e oração que anima a
ingente multidão dos seus peregrinos. O Santuário de Nossa Senhora de Fátima é
um poderoso centro de atracção espiritual, como o testemunha o crescido número
de casas conventuais de oração que ali se instalaram e continuam a marcar
presença.
Fátima
é uma viva concretização da mensagem evangélica aqui recordada pela Mãe de
Deus. Basta pensar nos generosos sacrifícios e ferventes preces que deste recinto
sagrado se elevam até Deus, pela conversão dos pecadores e pela salvação do
Mundo.
O Padre
Correia da Cunha fez-se muitas vezes peregrino do Santuário de Fátima, com
aquela devoção filial, afectuosa e naquele local elevava a sua mente ao alto,
suplicando a Deus para que Fátima continue sempre assim: enfim, que se conserve
intacto este torrão, sagrado tal espírito de oração, recolhimento e penitência.
Seja-me
permitido lembrar que foi no Santuário de Fátima, onde o Padre Correia da Cunha
celebrou as suas bodas de prata sacerdotais, no dia 29 de Junho do ano de 1965.
Na pagela editada para memorizar o evento, constava: “ Aleluia! Aleluia!
Aleluia! Bendito seja o Senhor, Pai, Filho e Espirito Santo! Bendito seja a
sempre Virgem Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe!”
Fátima
era um espectáculo de fé que se renovava a cada ano, com imensas peregrinações
da família naval, da paróquia de São Vicente de Fora, das OGFE…
A
fé move multidões, marcando-lhes um caminho e fixando-lhes um alvo.
O
Padre Correia da Cunha, como já referi, realizou imensas peregrinações ao
Santuário de Fátima. Todos guardamos ainda o entusiasmo que colocava na sua
chegada junto da capelinha das aparições. Dizia ele: “ Levantai as vossas
orações juntamente com a minha à Nossa Mãe do Céu, pedindo-lhe que abençoe esta
bela e santa gente da Paróquia de São Vicente de Fora”.
Só
depois é que cada um se recolhia para pedir a bênção para o Mundo e que Maria
obtenha de Deus a justiça e a paz. Que todos os cristãos sejam a imagem viva do
seu divino filho, o qual derramou todo o seu sangue pela redenção da humanidade.
Que todos vivam o Evangelho e dêem testemunho de Cristo na sua vida particular,
na família, na sociedade, na escola, na empresa… de modo que haja na Terra uma
maior convivência fraternal, maior compreensão, mais harmonia e uma mais
intensa vivência no amor ao próximo.
O
Padre Correia da Cunha amava estas peregrinações que organizava como um culto
de amor e muito entusiasmo. Eram magníficas estas experiências de fé em Louvor
da Virgem Santa Maria – Nossa Senhora.
Tudo
aquilo que se passava naquele rincão do “paraíso” era um milagre de comunhão
humana. Todos ajoelhados em penitência, orávamos comovidamente embalados pelo
cântico lancinante de Avé! Avé ! Avé Maria!
A Virgem do Rosário, na sua pequenina capelinha,
abençoava a multidão que a venerava apaixonadamente. Ela estava ali e não
estava. É do Céu e da Terra. É rainha e o seu leito era coberto das mais belas
flores e pétalas. Eram chamas de orações que chegavam aos seus pés como
oferendas de amor ou puras oblatas de fé.
Tenho
uma imagem do Padre Correia da Cunha naquele Santuário, com uma lágrima no
olho no final da cerimónia no momento do comovente hino “ Adeus à Virgem”.
Nesse mesmo momento, milhares de lenços brancos a adejar no vasto recinto
pareciam desprenderem-se, voar, para o céu; eram bandos de asas brancas aos
milhares que ainda palpitavam, mesmo quando a imagem já não se distinguia ao
longe.
O
adeus à Virgem é um espectáculo de afectos e emoções, como o referia então o
saudoso Padre Correia da Cunha.
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