sábado, 18 de julho de 2009

PE.CORREIA DA CUNHA E A DEVOÇÃO A SÃO VICENTE

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‘‘ LISBOA É AFILHADA DE SÃO VICENTE ‘’




Sinto que ao publicar, hoje, a quinta parte da Conferência Comemorativa Vicentina dos Amigos de Lisboa, de Padre Correia da Cunha, no ano 1954, este acto contribui para a preservação da sua indelével memória e dos grandes valor defendidos por si ao longo da sua fulgente vida sacerdotal.

Todos nós que servimos com total dedicação a Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, ao longo dos anos que Pe. Correia da Cunha era o seu líder, alguns por mais do que uma geração, revemo-nos na profunda devoção de Padre Correia da Cunha pelo Mártir São Vicente que era carinhosamente o seu padroeiro de eleição.


Essa devoção a um jovem santo que ‘’não fugiu com o rabo à seringa ‘’, quando teve de dar testemunho da sua verdade e da fé em Jesus Cristo, despertava em todos os jovens de São Vicente de Fora, discípulos de Padre Correia da Cunha, o fortalecimento do espírito criador, da memória contra o esquecimento daqueles que por ideais da razão e da fé se entregavam às grandes causas dos direitos humanos, na busca da verdade, da justiça e do amor solidário entre irmãos que tinham um PAI COMUM.



Padre Correia da Cunha proclamava que o Cristianismo, não era só o conjunto de ensinamentos de tratados teológicos ou filosóficos…, mas sobretudo uma vida que se vive todos dias em prol dos irmãos, que resumia: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei! (João 15-9)








COMEMORAÇÃO VICENTINA DOS ’AMIGOS DE LISBOA’’


Conferência, na sede, pelo PADRE CORREIA DA CUNHA, no dia do Padroeiro da Cidade em 1954



V PARTE






D. Afonso Henriques tem conhecimento de tudo isto por informações de alguns presos moçárabes que, durante o domínio sarraceno, se mantiveram fiéis à
fé de Cristo e à devoção ao Santo Diácono. Por tal motivo promove a trasladação das veneradas relíquias para Lisboa, pouco depois da sua conquista.

Condizentes com as descrições dos Cronistas são os versos do Épico:


…Do Mártir Vicente
O Santíssimo Corpo venerado
Do Sacro Promontório conhecido
À cidade Ulisseia foi trazido


A 15 de Setembro de 1175, por um braço de mar que do Tejo ali subia, chega o corpo do Santo Mártir ás chamadas portas de S.Vicente, pouco mais ou menos onde é hoje o Arco do Marquês de Alegrete. Pernoitou na igreja de Santa Justa e Rufina e foi no dia seguinte levado, em grandiosa procissão, para a Sé Catedral. É por esta razão que tanto o Patriarcado de Lisboa como o Bispado do Algarve celebra, deste tempos imemoriais, a festa da trasladação do Santo.


Como ficou dito, prometera D. Afonso Henriques levantar um templo a S. Vicente. E, se bem o pensou, melhor o fez. No local da antiga enfermaria e cemitério dos Cruzados, o grande Rei lança a primeira pedra com toda a solenidade, e, em breve, surge a magnífica igreja e o grandioso mosteiro, que logo confia aos piedosos varões da Regra de Santo Agostinho chamados Cónegos Regrantes.

Afilhada de S. Vicente, LISBOA inteira consagra, desde logo, carinhosa devoção ao seu Santo Patrono. Festeja a chegada do seu corpo com solenidade, como se viu. E depois, pelos tempos fora, beija-lhe as relíquias com religioso respeito, ao menos uma vez por ano; pede-lhe a bênção com filial ternura; inscreve a Nau e os Corvos do Padrinho nas Armas da Cidade, nos cunhais das casas, nos frontispícios das fontes e monumentos; tributa-lhes foros; esculpe-lhes imagens; reconstrói-lhe o templo; levanta-lhe altares; acende-lhes círios; faz-lhe promessas; roga-lhe favores, e santifica o seu dia natalício (não esqueçamos que o dia natalício de um Santo é o dia do seu martírio), guardando-se de trabalhos servis e festejando o seu Padroeiro com toda a alegria, entusiasmo e fervor.


E a propósito: Dizem que para não arruinar a economia da Nação é que se aboliu este e outros dias santificados. Mas a verdade é que nem por isso se vê grande trabalho feito. Acaso trabalhariam menos os Portugueses que deram novos mundos ao Mundo e – que mais – novas estrelas? Acaso hoje se constroem padrões de imortal glória como a Torre de S. Vicente em Belém, ou se pintam painéis maravilhosos como os de Nuno Gonçalves?
Como os tempos mudaram!... E até no culto Litúrgico, valha a verdade.



Texto de Padre José Correia da Cunha


Continua…


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