terça-feira, 1 de janeiro de 2013

PE. CORREIA DA CUNHA – ESPERANÇA NO ANO NOVO











  
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"MÃOS CHEIAS DE PRECES E DE GESTOS
DE AMOR!"







Mesmo que a descrença na vida política nacional nos arraste para um profundo desencanto; que o verde da esperança se apresente com um verde empalidecido e sem encantamento, e que os corações se tenham cansado de esperar, depois de tantas falsas promessas, neste dia, quero recordar que para o Padre Correia da Cunha, o surgimento de um Ano Novo era o momento certo para deixarmos para trás as certezas quase sempre logradas e as realidades sem beleza e fascínio.
Na Para-Liturgia que celebrava na passagem de ano, na Igreja Paroquial de São Vicente de Fora, levava-nos confiar e a ter esperança, pois a pequena luz interior, existente em cada um de nós, fazia-nos acreditar em algo de novo e de belo!






Essa celebração litúrgica de meditação e preces era quase como um renovar de alma numa ressurreição de Fé, num renascer de novas utopias!

Recordava ele que a passagem do tempo nos vai desiludindo acerca das pequenezas da vida terrena, do idealismo e dos desejos do coração humano. Por sua vez, vai-nos dando conhecimento e uma percepção mais vastos da nossa existência na maravilhosa missão que Deus nos destinou para justificar a nossa Vida.

Esta cadeia do tempo, cujos elos são os anos que fogem, arrasta e enlaçam-nos na magia dos seus mistérios, fazendo-nos meditar na vertigem da vida temporal em relação à vida eterna.


Na agitação frenética e no constante lufa-lufa, construímos sonhos, realizamos obras obstinadamente, desiludimo-nos, sofremos, rimos, choramos, amamos e odiamos, renascendo impetuosamente das cinzas de um sonho e elevando-nos nos píncaros de nova ilusão absurda, que subitamente nos despenha nos espaços infinitos e áridos.


Nesta noite de Natal de 2012 fui surpreendido por um momento feliz, um telefonema do poeta Rogério Martins Simões, amigo comum do Padre Correia da Cunha. Leva a vida a esperar e a confiar que as suas rimas sejam soluços com eco! Por isso, a sua espinhosa doença é uma desgraça que para ele se lhe apresenta suave e as lágrimas maravilhosamente doces. É a poesia! Rogério é um dedicado admirador do Padre Correia da Cunha. Não quis deixar de partilhar os mais puros prazeres que viveu na companhia desse homem de talento, que pela inqualificável extensão do seu saber, pela astúcia da sua sábia análise o marcaram para sempre como homem e cristão.





Tal como eu, Rogério Simões conserva na sua alma a chama da luz deixada por Padre Correia da Cunha, trazendo à memória aquelas noites da passagem de ano, em que o Padre Correia da Cunha reunia na sua residência a mocidade de São Vicente de Fora, (considerada por ele a sua família) cheia de confiança, optimismo… com as almas cheias de desejos.



A boa e jubilosa música clássica era uma espécie de oxigénio nesses Reveillon’s organizados pelo Padre Correia da Cunha. Foi um privilégio termos descoberto a beleza dessa música ainda garotos, naqueles eufóricos ambientes que o Padre Correia da Cunha nos proporcionava, durante as longas noites de passagem de ano. Empolgados e maravilhados a saborear umas cervejinhas do abastado stock do Padre Correia da Cunha, este aproveitava para lembrar que também tínhamos de oferecer algo ao NOVO ANO:


- “Demos-lhe a nossa Fé em Jesus Cristo, a nossa boa vontade, o nosso consciente esforço para limar arestas, mantermos uma atmosfera propícia a suportarmos com elevação as contrariedades inevitáveis do nosso dia-a-dia e buscarmos a felicidade que todos esperamos em cada ano que surge! “

Tão cheia de mistérios é a Vida, de tão súbitas e impressionantes reviravoltas e surpresas que haverá sempre uma fatia de felicidade que nos é devida. É bom e reconfortante saber esperar!


Abramos confiadamente os braços e o coração a este Ano Novo!



SANTO ANO NOVO!























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1 comentário:

  1. FELIZ ANO NOVO DE 2013
    Tal como o amigo João Paulo aqui escreveu permanece no meu coração o saudoso Padre José Correia da Cunha. Sempre que o recordo, para além de o “ver”, oiço um belo fado cantado por Amália, um tema musical clássico, um concerto de órgão, com os quais nos deliciávamos noite dentro na sempre improvisada casa paroquial na Igreja de S. Vicente de Fora.
    Nasci em 1949. Meu pai, natural da Pampilhosa da Serra – Póvoa, e minha mãe natural do Colmeal – Malhada, seguiram o rumo comum do povo serrano, migrando para a Cidade – Lisboa em busca de uma vida melhor. Mas a saudades eram tantas que se fixaram “perto da linha” dos caminhos-de-ferro, de Santa Apolónia, repovoando Alfama, S. Vicente de Fora, Santa Engrácia, Mouraria, Castelo etc. Isto é, dava-lhes uma sensação de proximidade pois se sentiam à distância de uma viagem de comboio.
    Pergunta quem me lê: o que tem a isto a ver com o Padre Cunha? Tudo! O Padre Cunha, cedo entendeu esta gente, “moira de trabalho” que tentou captar para o ajudar na sua “missão”. Os novos migrantes tinham fortes raízes católicas e era preciso segurar, e assegurar, a continuidade das suas “proles”. O bom Padre Cunha soube captar a juventude da sua paróquia, nos anos 60 do século passado, abrindo as portas da Igreja e do Mosteiro de S. Vicente de Fora.
    Recordo que naquele tempo não havia tempo para festas de final de ano. O Final de ano em nossas casas era um dia normal: havia que dormir cedo pois no seguinte era de trabalho. Por isso os nossos pais sentiam-se seguros ao saberem que os filhos participavam nas cerimónias na Igreja e no são e educativo convívio em casa do Padre Cunha. Para nós era a festa que nos faltava em nossas casas.
    Voltando ao artigo do João Paulo, e às imagens, deliciei-me ao me ver, na primeira fotografia que não conhecia. Sou o 3.º menino do coro a contar do lado esquerdo tendo ao meu lado e ao centro o meu saudoso amigo Hernâni. Na segunda fotografia fácil será reconhecer-me naquela idade: sou o segundo a contar de baixo e do lado direito. Do lado esquerdo e ao lado do Hernâni está o meu irmão Jaime Simões.
    Termino este meu comentário. Se hoje recordo o saudoso Padre Cunha é por me ter deixado marcas importantes na minha formação como homem e quiçá de poeta.
    Um abraço e um feliz ano para todos.
    Meco, 01-01-2013 14:43:47

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