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No seguimento à publicação dos textos da autoria do Pe. Correia da Cunha, denominados Lisboa Antiga e Voto do Primeiro Rei de Portugal , é chegada a hora de proceder à edição do último intitulado, A NOSSA IGREJA.
Conforme foi referido, os seus originais destes textos estão redigidos em língua francesa. Só graças à prestável e amável colaboração da Drª. Maria Luísa Trincão de Paiva Boléo é possível tornar visíveis estes textos inéditos na língua de Camões.
São Vicente de Fora é um dos mais grandiosos e nobres monumentos religiosos de Lisboa.
No Largo de São Vicente, as fachadas da Igreja e do antigo Mosteiro dos Agostinhos, formam um imponente conjunto. A grande escadaria central conduz aos três pórticos simétricos da igreja, encimados por nichos emoldurados que são coroados por outros maiores, contendo as estátuas de Santo Agostinho, ladeado por S. Sebastião e S. Vicente.
Entra-se no Santuário por um pórtico rectangular o qual, passada uma porta de colunas caneladas, se abre para a nave da igreja, com mais de 70 metros de comprimento. A abóbada em berço é realçada por caixotões de pedra branca e cinzenta num fundo de estuque cor-de-rosa. No transepto, uma cúpula altiva que abateu em 1755. O transepto do lado esquerdo conduz a uma capela revestida de mármore e mosaicos florentinos, o da direita a uma capela ornamentada de talha dourada.
Numa balaustrada de mármore separa a nave do altar-mor de duas faces, encimado por um altíssimo baldaquino de quatro colunas de madeira, cujo desenho se deve a Joaquim Machado de Castro. As bases das colunas estão rodeadas por oito grandes estátuas barrocas de madeira, obras dos discípulos de Machado de Castro, Alexandre Gomes e António dos Santos. Duas estátuas ainda maiores, da autoria de Manuel Vieira, erguem-se por cima do arco das portas que dão acesso ao coro dos cónegos, onde se encontra – majestoso, face á nave da igreja – o órgão de S. Vicente. A galeria que o sustenta tem três mísulas a maior delas dominada por três pequenas estátuas de figuras femininas. Toda a fachada do órgão é ricamente ornamentada com talha dourada, as almofadas pintadas de verde com filetes de ouro, segundo o gosto da época.
Há ainda a considerar o claustro duplo onde se podem admirar azulejos do Sec. XVIII. Trinta e quatro dos painéis reproduzem as fábulas de La Fontaine.
Não se pode também esquecer o Panteão da Dinastia de Bragança, a portaria com seus quadros, os seus azulejos, a sua balaustrada de mármore e de jacarandá, nem a Sacristia, com os seus mármores policromos embutidos, os seus móveis de jacarandá e de bronze dourado.
São Vicente constitui um incomparável museu do azulejo, quer pelos claustros quer pelas escadarias e dependência das antigas residências dos patriarcas.
Texto de Pe. José Correia da Cunha
Há ainda a considerar o claustro duplo onde se podem admirar azulejos do Sec. XVIII. Trinta e quatro dos painéis reproduzem as fábulas de La Fontaine.
Não se pode também esquecer o Panteão da Dinastia de Bragança, a portaria com seus quadros, os seus azulejos, a sua balaustrada de mármore e de jacarandá, nem a Sacristia, com os seus mármores policromos embutidos, os seus móveis de jacarandá e de bronze dourado.
São Vicente constitui um incomparável museu do azulejo, quer pelos claustros quer pelas escadarias e dependência das antigas residências dos patriarcas.
Texto de Pe. José Correia da Cunha
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João Paulo, Aleluia!
ResponderEliminarEscrevo em Sexta-feira Santa, memórias de um tempo passado na Igreja de S. Vicente de Fora e eu era muito feliz.
Basta olhar para as fotos que editaste para se perceber que a amizade era um bem ao alcance de todos – basta querer.
Memórias dos diversos anos, quando chegados à sexta-feira Santa se desnudavam os altares, sob os nossos olhares, enquanto os Santos, de cara e corpo tapado com pano roxo, assistiam...
Recordo-me de uma cena interessante. Certa Sexta-feira Santa uma paroquiana activa, devota, queria lavar os santos com vinho. Estás mesmo a ver a cara do nosso prior que recusou a oferta. Que era tradição lá da terra dela… Que desperdício! Mas que risadas ganhámos naquele instante.
Hoje quando me lembro desse dia, passado recente mas não longínquo no tempo, vemos que muito mudou. Páscoa feliz! Que Páscoa? Aquela que nos abona uns quantos feriados?, ou aquela cuja razão se torna hoje quase imperceptível?
Num país laico como apregoam; quando em sem nome se retiram e proíbem os símbolos da nossa religião milenar, qual a razão para que, em nome do laico, não se acabam com os feriados religiosos? Contradições?!
Bom! Depois de amanhã pára a tristeza e lá vamos nós em pensamento recordar aqueles instantes, aqueles momentos, quando à porta de S. Vicente o Padre Cunha acendia o Lume novo seguido de acto religioso solene a que o povo dava o nome da “Missa do Galo” (E o galo cantava três vezes enquanto Pedro renunciava a Jesus).
Tempos inesquecíveis que a memória não esquece! E tudo terminava alta madrugada em casa do Padre Cunha, bebendo uns cervejinhas e petiscando o que tinha, enquanto ficava no ar o belo canto perfumado da Amália ou de uma boa música clássica aqui e além explicada pelo querido e saudoso Padre Cunha: Agora os fagotes! Agora respondem os violinos, as tubas, os tambores ou os violoncelos.
Depois, esses amigos que vês nas fotos, percorriam em grupo as ruas proibidas, mas não despidas de segurança, cantando com alegria Aleluias.
Pelo meio-dia do dia de Páscoa voltámos a vestir as túnicas brancas símbolo da nossa pureza em comunhão com os paroquianos muitos dos quais já partiram na esperança da ressurreição.
Aleluia,
Rogério Martins Simões