quinta-feira, 19 de março de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E A 1ª COMUNHÃO

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O VERDADEIRO AMOR É UMA DÁDIVA DE DEUS. O AMOR NÃO SE DEFINE, SENTE-SE.




Bem doutrinados ao longo de três anos de catequese, chegava o tão esperado Dia da Primeira Comunhão. Dia de grande Festa! Aquela quinta-feira santa era importante para todos. Não só se celebrava a primeira comunhão como se comemorava a primeira missa, repetição da Última Ceia em que Jesus instituiu este sacramento.

O Padre Correia da Cunha escolhia sempre esta data para esse grandioso evento na Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora.


A cerimónia ocorria durante a parte da tarde, na Igreja Paroquial de São Vicente de Fora, completamente lotada, em tempo de semana santa. A doutrina estava bem sabida, sem falhas. O Padre Correia da Cunha, que a todos dedicava um grande afecto, queria-nos distinguir naquele dia, preparando-nos uma pequena oração para lermos durante a oração universal.


Muito cedo chegávamos à igreja com os nossos fatos brancos, sapatos novos e as meninas nos seus vestidos alvos, parecendo umas autênticas noivas. Alinhados à direita e à esquerda do altar, ao longo da nave, os avós, os pais, os tios e os primos tinham os olhos postos nas princesas e príncipes desta grande festa.



Começava a bonita cerimónia e a festa lá ia decorrendo em harmonia com os ritos, e em esplêndido cerimonial. Antes do importante discurso e de recebermos pela primeira vez o Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, o Padre Correia da Cunha ajoelhava-se diante de 12 dos seus pobres e começava a lavar-lhes os pés, numa atitude de humilhação, fragilidade, súplica e submissão.



"Jesus pegou uma toalha e cingiu-se com ela. Depois colocou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido"(Jo 13, 4-5).


Em todas estas festas da semana santa eram habitualmente escutados extensos sermões de Padre Correia da Cunha, autênticas peças admiráveis da oratória sagrada e que o povo, em respeitoso silêncio, ouvia com muito agrado. Estas eram as maiores oportunidades que o povo tinha de ouvir o seu estimado pároco.





  






Grande especialista em Liturgia da Semana Santa,  o Padre Correia da Cunha buscava um equilíbrio entre Ritos, procurando dessa forma que o mistério perene da Salvação fosse celebrado com muita dignidade e postura. Aproveitava as celebrações da Semana Santa, cuja participação da comunidade era muito considerável, como força impulsora a da sua evangelização nesses tempos fortes.

Finalmente chegava a temida hora do discurso. Subíamos então ao alto de um banco, transformado em púlpito, e fazia-se um silêncio profundo. Numas vozitas trémulas e receosas, os discursos começavam empolados em estilo de retórica sacra.


Para todos, aquelas palavras assumiam desde logo o aspecto de um "importante" discurso pois eram ditas no decurso de uma relevante cerimónia.


O cerimonial da Quinta-Feira-Semana era muito longo e lembro-me da imensa paciência para guardar o rigoroso jejum, como era de regra antes do Concílio Vaticano II. Nessa altura, comer fosse o que fosse, antes de receber a Sagrada Comunhão, era considerado pecado.





PADRE CORREIA DA CUNHA, ACOL. REIS E VALENTINA





Em fila indiana lá nos dirigíamos ao altar para receber, naquela divina hora, o pão e o vinho (para o Padre Correia da Cunha a comunhão era sempre nas duas espécies). Quando os tomávamos, sentíamos descer o bálsamo inspirador do próprio Espírito Santo que enchia, de um amor muito profundo, o nosso coração. E em profundo recolhimento agradecíamos:

- Obrigado, Jesus, por teres querido fazer do meu coração a casa onde Tu queres habitar. Eu gosto de receber-te, Jesus.


Entretanto, nos Claustros da Paróquia, havia uma grande azáfama. Era dia de grande festança e preparavam-se por ali várias qualidades de doces, saborosas sandes e não era esquecido o delicioso leite com chocolate.O  Padre Correia da Cunha gostava de proporcionar a todas estas crianças um excelente lanche que comiam lambareiramente num grande ambiente de convívio e de muita alegria fraterna.


Eram assim os dias da Primeira Comunhão nos anos sessenta, que todos revivemos com uma imensa saudade.


Também eu sinto nostalgia desse dia único. Gostaria que todos os que possuam crónicas e fotos do seu dia de Primeira Comunhão, com o Padre Correia da Cunha, as divulgassem através deste blogue. Seria muito reconfortante para todos revisitarem esses doces momentos.

No próximo texto deste blogue irei prestar uma singela homenagem à nossa querida ANA THEMUDO BARATA (ANITA), presidente da Catequese Paroquial de São Vicente de Fora, desde finais dos anos sessenta até inícios dos anos oitenta e com quem tive o privilégio de trabalhar em perfeita simultaneidade como representante da Comunidade de Catequista, junto da Vigararia I do Patriarcado de Lisboa. 

Recordo com muita saudade esta querida amiga.

















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