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‘’ O alcoolismo é combatido pelo consumo do vinho. ‘’Bertillon
Como prior de uma paróquia de muita gente pobre e desalentada, Pe Correia da Cunha gostava imenso de visitar amiudadas vezes os doentes, aproveitando para lhes dirigir umas palavras de ânimo, consolo e presenteá-los com a Sagrada Comunhão. Este serviço, Pe Correia da Cunha encarava-o com uma superior perícia e caridade, e conseguindo muitas vezes por estes seus cuidados obter rápidas e recuperadoras melhoras. Colocava nesta sua missão excessivo empenho e delicadeza.
Pe Correia da Cunha saia da sua igreja em batina e junto ao peito um pequeno relicário, contendo as partículas sagradas e na sua mão esquerda uma pequena pasta com a estola, sobrepeliz e outras alfaias.
Pe Correia da Cunha saia da sua igreja em batina e junto ao peito um pequeno relicário, contendo as partículas sagradas e na sua mão esquerda uma pequena pasta com a estola, sobrepeliz e outras alfaias.
Ambiente de Taberna
Nestes tempos, Lisboa apresentava-se cheia de tabernas onde ao final do dia alguns trabalhadores bojudos e suados se vinham embebedar entre uns bons copos de vinho. Nessa época, esta calamidade contribuía para a elevação da raça portuguesa. É de todos conhecida a célebre frase: ‘’Beber vinho é dar Pão a um milhão de Portugueses. ‘’. O vinho era considerado a mais saudável e higiénicas das bebidas nacionais. O vinho criava comportamentos eufóricos e que resultavam por vezes em provocações ofensivas.
Um dia ao final da tarde, Padre Correia da Cunha, em sotaina, descia a Rua das Escolas Gerais em Alfama, na sua missão de visita aos seus doentes. Quando ao passar junto a uma taberna, um safardanas, em má hora, se lhe dirigiu com o seguinte comentário:
- Já perdi o dia…por ver um homem de saias…
O Padre Cunha da Cunha seguiu o seu destino em profunda compenetração e em espírito de oração, tendo apenas fixado o rosto do indivíduo. Após terminada a sua missão, junto dos doentes que o aguardavam, regressou à igreja, despiu a sua batina e em traje de fato e cabeção dirigiu-se à Taberna para se encontrar com o ingénuo provocador.
Abeirou-se da criatura, agarrou-a pelos colarinhos sebosos e levantando do chão, contra a uma parede, disse-lhe com toda a frontalidade e autoridade:
- Oh, seu safardanas nojento, sou tão Homem que sou capaz de lhe partir agora aqui as ventas…
Houve logo uma solidariedade absoluta em torno do Pe. Correia da Cunha e não faltaram então as repreensões e berros, por parte dos parceiros de copos do indivíduo, pela estupidez, ingratidão e vinhaça.
Um inexcedível e amigo dedicado de Padre Correia da Cunha, que ali se encontrava e que retirara essa rude personagem das mãos do Reverendo, obrigou-o a fazer um favor que não custaria nenhum sacrifício: pedir desculpas formais ao Padre Correia da Cunha. Este amigo comum considerava a sua provocação como uma grande e humilhante traição a todos e principalmente ao Senhor Padre Cunha que tanto contribuía para o bem comum da paróquia de São Vicente de Fora.
- Já perdi o dia…por ver um homem de saias…
O Padre Cunha da Cunha seguiu o seu destino em profunda compenetração e em espírito de oração, tendo apenas fixado o rosto do indivíduo. Após terminada a sua missão, junto dos doentes que o aguardavam, regressou à igreja, despiu a sua batina e em traje de fato e cabeção dirigiu-se à Taberna para se encontrar com o ingénuo provocador.
Abeirou-se da criatura, agarrou-a pelos colarinhos sebosos e levantando do chão, contra a uma parede, disse-lhe com toda a frontalidade e autoridade:
- Oh, seu safardanas nojento, sou tão Homem que sou capaz de lhe partir agora aqui as ventas…
Houve logo uma solidariedade absoluta em torno do Pe. Correia da Cunha e não faltaram então as repreensões e berros, por parte dos parceiros de copos do indivíduo, pela estupidez, ingratidão e vinhaça.
Um inexcedível e amigo dedicado de Padre Correia da Cunha, que ali se encontrava e que retirara essa rude personagem das mãos do Reverendo, obrigou-o a fazer um favor que não custaria nenhum sacrifício: pedir desculpas formais ao Padre Correia da Cunha. Este amigo comum considerava a sua provocação como uma grande e humilhante traição a todos e principalmente ao Senhor Padre Cunha que tanto contribuía para o bem comum da paróquia de São Vicente de Fora.
Mas beber um copo de três fazia parte da cultura popular, o Padre Correia da Cunha, inevitavelmente, teve de mandar vir e pagar uma rodada para todos os presentes, incluindo o insultuoso e lá saboreou com todos eles esse néctar dos deuses que à época era um alimento de primeira ordem.
Após este desarrufo e já num clima de grande amizade fraterna entre todos, os presentes na catedral do afamado vinho tinto nacional receberam uma lição de catequese relativa ao respeito que todos nós devemos merecer, independentemente das nossas crenças, bem como deveremos prezar o génio e a cultura de cada povo.
No final lá se retirou, deixando os odres no seu habitual cenário dando continuidade à grande tradição: ‘’ QUEM BEBER VINHO CONTRIBUI PARA O PÃO DE MAIS DE 1 MILHÃO DE PORTUGUESES’’
Padre Correia da Cunha era muito querido pelo seu apoio à população e obras de humanidade.
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João Paulo boa tarde
ResponderEliminarJá o disse e volta a dizer: Os teus trabalhos, estes post´s que aqui nos colocas, são bem escritos e contas histórias bem reais das quais também fiz parte.
Actualizei a leitura e fizeste bem em trazeres a D. Emília Caldeira que conheci muito bem. Certo, que na altura, a pequenada a trata-se por “beata”, porém todos tinham por ela uma enorme admiração. Recordo aquela senhora com carinho. Lembro-me de todos os dias vir da Rua Voz do Operário a pé e já em tempos mais recentes de eléctrico, (uma paragem apenas) para levar o pequeno-almoço ao Padre Cunha.
Estas tuas crónicas têm a virtude de nos fazerem recuar no tempo.
Fotos da minha colecção sabem onde as encontrar. Estão colocadas no álbum público em poemasdeamoredor da Gmail, álbum do PICASA.
Deixo-te mais umas ideias para post´s:
Salazar em S. Vicente de Fora.
Olga Violante e os coros da igreja.
Os concertos de órgão e a conservação do mesmo.
A sua luta para acabar com a miserável vida nas barracas que existiam adoçadas ao Mosteiro no Pátio de S. Vicente.
A morte do Hernâni.
As cartas, que escrevia, a pedir às empresas para ajudar a conservar aquele imenso espaço.
As Procissões dos Ramos.
As palavras que ele não deixava por dizer.
A verdadeira história do corvo Vicente…
Os arraiais na cerca e as emissões em directo para a RTP.
As exéquias da morte de João XXIII
A transladação dos restos mortais de. Miguel para o panteão real da casa de Bragança.
A saída do féretro de D. Pedro para o Brasil
Os casamentos… e as flores de laranjeira…
Um grande abraço deste teu amigo
Rogério Martins Simões
Rectifico: começa a faltar a visão,
ResponderEliminarA palavra trata-se por tratasse
Frase completa
Actualizei a leitura e fizeste bem em trazeres a D. Emília Caldeira que conheci muito bem. Certo que na altura a pequenada a tratasse por “beata”, porém, todos tinha por ela uma enorme admiração. Recordo aquela senhora com carinho. Lembro-me de todos os dias vir da Rua Voz do Operário a pé e já em tempos mais recentes de eléctrico, (uma paragem apenas) para levar o pequeno-almoço ao Padre Cunha.