SE ALGUÉM PUDER CONVENCER QUE ERREI POR ACTOS, DE BOM GRADO MUDAREI…
Para trabalhar com os jovens que
são emocionalmente muito vivos e mentalmente ignorantes em matérias de
sexualidade, era necessário educa-los e falar-lhes claramente. O saber nunca
faz mal a ninguém, desde que seja administrado de maneira correcta e em tempo
certo. A ignorância sobre a temática da sexualidade é muito perigosa. O Padre
Correia da Cunha considerava inimaginável que os adolescentes e jovens não
fossem instruídos na área da sexualidade na aprendizagem das ciências naturais.
À época, os pais da paróquia de
São Vicente de Fora, na maioria não tinham noções sobre este assunto. Os pontos
de vista eram tão deformados nas questões da sexualidade que não era possível
convencê-los dos erros em que estavam. Era importante que os filhos fossem
ajudados de fora, pois também não encontravam encorajamento em casa. Os jovens
eram ávidos de conhecimentos e prontos para aprenderem. O prior Correia da
Cunha organizava conferências sobre educação sexual nas instalações da paróquia
e sempre contava com grande frequência de adolescentes e jovens de ambos os
sexos. Estes colóquios eram muito úteis pois que, a despeito da sua vivacidade,
o clérigo possuía imensos conhecimentos para lidar com a maior variedade de
perguntas que surgiam por parte dos participantes.
A educação sexual estava
inteiramente ausente nas famílias e nas escolas, por isso, o Padre Correia da
Cunha considerava que seria obrigação da paróquia apresentar à juventude as
concepções positivas do sexo, que pudessem servir para reconciliar uma visão
mais construtiva da vida. O instinto sexual, se usado legitimamente, torna-se
na base da forma mais elevada do amor. Se as relações sexuais advirem da
harmonia, aperfeiçoamento, felicidade e paz de espírito, elas são boas. No caso
de serem praticadas para mera satisfação física não serão aceitáveis. O sexo é
um dom de Deus e por conseguinte um bem. Não existe no Cristianismo nenhum
fundamento para considerar o sexo como motivo de vergonha. Era claro para o
sacerdote que além de cuidar da vida espiritual dos seus paroquianos não
poderia ignorar a vida física. Ninguém como ele conseguia lidar tão
acertadamente com as questões sexuais, não só pela sua experiência, profundos
conhecimentos, mas sobretudo pelo imenso respeito que estas questões lhe
mereciam. Era indispensável uma perfeita união entre a ciência e a religião
para poder-se assentar em alicerces sólidos a vida familiar e social.
Nunca esqueço estas suas
palavras: «Jesus Cristo ensinava que Deus como Pai amoroso, somente deseja o
bem para os seus filhos.». Nunca falava do sexo como uma coisa imunda, antes
pelo contrário, pelo sexo a nossa personalidade se podia desenvolver em toda a
plenitude da vida, tornando-a mais harmoniosa e repleta de felicidade.
O Padre Correia da Cunha era tão
cheio de compreensão que, embora estes problemas do sexo não parecessem
preocupá-lo, tudo fazia para ajudar os rapazes a não verem nas raparigas uns
belos brinquedos ou objectos de mero prazer. A felicidade só pode ser gerada
pelo auto-domínio e no respeito mútuo, e não pelo egoísmo. O amor é muito mais
do que o simples desejo sensual; é a completa identificação de dois seres. Se procurais
encontrar tal amor – uma tal compreensão – haveis de criar entre os dois um
poder, uma força, que vos tornará capazes de fazer obra de Deus no Mundo.
O princípio básico da doutrina
cristã é: «Amai-vos uns aos outros…» e a sua aplicação às nossas vidas
afectivas resolverá muitas das nossas dificuldades, pelo que o Padre Correia da
Cunha sempre concluía: que tudo o que era feito com amor não era pecado.
Texto autoria do Padre Correia da Cunha
OS NOVOS SÃO MALEAVEIS
Os patinhos e pintainhos quando
sentem as asas a crescer, instintivamente as usam e perdem a docilidade que
antes tinham para com a ave progenitora.
Do mesmo modo os jovens gostam de
se apresentar com um certo ar de independência devido à vigilância mesquinha
que tiveram anteriormente bem como a sua acanhada educação. Se porém se
insurgem contra a autoridade ou melhor contra o autoritarismo, deixam-se
subjugar por explicações certas e singelas.
Não percamos de vista a
instintiva repugnância a serem tratados como crianças. Devemos sempre fazer ver
ao rapaz que os seus defeitos nos são inteiramente desconhecidos, embora nós os
conheçamos todos plenamente. Nunca devemos enganar os novos dando-lhes
explicações falsas porque eles depressa conhecerão que nós os enganamos e
perante eles perdemos todo ou quase todo o prestigio; mas pelo contrário
devemos ilumina-los e esclarecê-los com a lógica da moral cristã. Assim
exercemos neles uma salutar influência.
MARQUEMOS A RESPONSABILIDADE DOS
NOVOS
Devemos pôr à frente dos jovens a
sua vida um conjunto tanto mais os seus deveres a cumprir actualmente como as
obrigações da vida futura.
A «sífilis» ou qualquer outra
doença transmissível com que há-de contaminar a esposa e a futura prole, em que
momento a contraiu? …
Sem dúvida entre os 15 e 20 anos…
quando se divertia! Daí a razão por que a raça é fraca e depauperada. Devemos
mostrar aos jovens a responsabilidade que lhes acarreta por não se guardarem
pois os seus corpos são verdadeiros templos do Espírito Santo.
Devemos mostrar-lhes que a falta
não é simplesmente pessoal mas vai mais além, atinge a todos quantos deviam
integrar o seu futuro lar.
E que dizer das donzelas, que aos
15 ou 20 anos divertem, dançando horas seguidas e para se tornarem mais elegantes
usam trajes apertadíssimos, assim estão pondo obstáculos a um desenvolvimento e
para a formação da sua prole?
Devemos mostrar-lhes com
suavidade, caridade e carinho que o seu defeito em geral se traduz em ruínas incalculáveis,
prejuízos morais, materiais e muitas vezes em prejuízos eternos.
O PAPEL DO ASSISTENTE
Incumbe ao assistente
eclesiástico corrigir com bondade e encaminhar os jovens. Não se deve mostrar
aos jovens apenas o aspecto negativo das coisas, mas também o positivo.
A juventude é a primavera da vida
e por isso é que assim devemos encaminhá-la para que dê muitos e bons frutos no
outono ou seja no declinar da vida.
O amor ao trabalho, a boa ordem e
a disciplina serão para o jovem, as nascentes da alegria da boa consciência e
da prosperidade no futuro lar.
Acima de tudo devemos incutir nos
jovens uma vida profundamente cristã criando neles uma mentalidade que tem como
base e fundamento o Santo Evangelho e não a onda avassaladora do materialismo.
Devemos ensinar-lhes a terem com
Nosso Senhor uma intimidade superior aquela que tem a criancinha para com os
seus pais e também aquela que terá um dia para com a futura esposa: mas para isto
é necessário que tenhamos uma convicção profunda e mais ainda viver esta
intimidade em Cristo.
Acima de tudo deve ser um
verdadeiro cristão, isto é: soldado cristão, pedreiro cristão, caixeiro cristão
etc…
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