quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

PE. CORREIA DA CUNHA - NATAL 2021







GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS;  PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE



Natal 2021! As divinais mensagens natalícias vão se espargindo pelo mundo das redes sociais, iluminando as almas obscurecidas pelo empecilho desta terrível pandemia, que teima em não nos deixar, provocando tanta desilusão e cansaço. As realidades das notícias só cavam incertezas nos dias que vão surgindo e falta de esperança no porvir.

Desde a minha infância estava acostumado a esperar a noite de Natal, no aconchego do lar  com a família toda reunida, entre cânticos religiosos natalícios, acreditando na bondade daquele menino pobre, nascido numa manjedoura em Belém. Em cada Natal também Ele nascia nos corações humanos. Nas torres das igrejas os sinos anunciavam o nascimento de Jesus, convidando o mundo cristão para participar na missa do galo, em louvor do Deus-Menino. Na minha paróquia de São Vicente de Fora, no final da celebração presidida pelo Padre Correia da Cunha, todos beijávamos o menino; o sonho tornava-se realidade. Muito felizes e alegres abraçávamo-nos fraternalmente. Ao som de melodias celestes aquele espaço decorado e iluminado pelas cintilantes luzinhas transformava-se num mundo de confraternização de beijos e abraços como numa atitude sentimental de solidariedade. Mais tarde, nos claustros do mosteiro era a festa da partilha dos doces tradicionais de natal (filhós, azevias, bolo-rei, sonhos, rabanadas, coscorões, broas...) acompanhados de chocolate quente. A comunidade paroquial confraternizava num amplexo solene, iluminando a almas de todos à volta do seu pastor. Todos acreditavamos na «Paz na Terra aos Homens de boa vontade». Como seria bom que o menino Jesus neste Natal repetisse no interior de cada ser humano a máxima da sua mensagem: '' Amai-vos uns aos outros...'' 

Em todas as noites de Natal há sempre a sublime riqueza dos nossos tempos de infância, onde não havia leis de confinamento... mas grandes abraços que envolviam as nossas almas na grandeza de uma pequena estrela. 

Uma vez mais a celebração do Natal de Jesus iluminará os anseios dos que têm fé. Nos nossos lares festivos e alegres, que ninguém se sinta só, com a reduzida presença de familiares e amigos. Em espírito estarão connosco e unidos nos mesmos sentimentos de fraternidade. O menino Jesus por certo abençoará as intenções verdadeiramente puras dos nossos desejos. Assim, unidos seremos mais fortes. Juntos venceremos esta pandemia. Que o Natal seja cheio de gratidão, saúde e alegria para todos. Os meus votos de Santo Natal para os amigos e familiares. 

UM SANTO NATAL!








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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

PE. CORREIA DA CUNHA E OS MAGUSTOS

 


 




O SÃO MARTINHO...NÃO PODE FALTAR UM BOM MAGUSTO



São Martinho! Bela página cristã, recordando um salutar sentimento de partilha. No encontro com o mendigo, com a sua espada Martinho cortou o seu manto ao meio para o dividir com o pedinte. Desde esse momento, por esta época o tempo mantem-se soalheiro, designando-se verão de São Martinho.



Hoje este dia traz-me à memória os grandes magustos organizados pelo Padre Correia da Cunha, na paróquia de São Vicente de Fora, onde os sentimentos puros, aquelas singelas demostrações de fraternidade e aquelas sublimes provas de amizade congregavam toda a comunidade à volta da fogueira das castanhas.

Não faltavam as castanhas assadas, no forno da padaria do Senhor António Barata (1931-2021) que recentemente nos deixou. Aproveito para recordar este homem de uma postura e de um trato formidável. A sua preciosa colaboração nos magustos de São Martinho era de mestria e grande zelo pelas suas extraordinárias qualidades e virtudes. Sempre apreciei este homem franco, simples, amigo do trabalho e muito honesto. Era um ser humano verdadeiramente feliz porque é dotado dos melhores sentimentos cristãos. Nunca recusava um pedido do seu pároco e sempre manifestava a sua disponibilidade para colaborar na feitura do grandioso magusto da Paróquia. Eram uma larga quantidade de sacos de castanhas. Toda a família paroquial se reunia no pátio dos corvos, para degustar castanhas e regá-las com o vinho novo e jeropiga. Para o Padre Correia da Cunha esta tradição não podia deixar de se comemorar na sua paróquia, pois era também uma forma de homenagearmos os nossos antepassados…

Na época actual esquecemos de tudo o que somos para pretender sermos tudo o que jamais seremos… São Martinho apesar de ser quase indiferente dos contemporâneos, com as comunidades entregues a outras preocupações, haverá, ainda, por aí, quem se lembre de imitar as tradições herdadas deste clérigo. Provar a pinga no dia de São Martinho. Que saudade dos meus dezoito anos!



Hoje, olhando para aquela Igreja de São Vicente de Fora, apenas me traz recordações e saudades nos meus pensamentos retrospectivos que a fúria da actualidade não consegue afastar das minhas ideias.

São Martinho. Uma saudade a mais em meus sonhos para relembrar uma bela página cristã, assinalando uma efeméride na fogueira da minha fé.








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sexta-feira, 2 de abril de 2021

PE. CORREIA DA CUNHA – PASCHA NOSTRUM



A NOSSA PASCOA 
44º ANIVERSÁRIO
2 ABRIL 1977





Em tempo de tríduo pascal, não podia deixar de lembrar com saudade o Padre Correia da Cunha, no dia em que se retirou deste mundo. Foi precisamente há quarenta e quatro anos. (Nas. 26 de Setembro de 1917 e Faleceu 2 de Abril de 1977). Perpetuar a memória dos que pela sua inteligência, cultura foram úteis à comunidade é dever que se impõe.

Dar conhecimento aos presentes e aos vindouros das virtudes e acções que enobreceram os antepassados, para que lhes sirvam de ensinamentos e estímulo, representa benefício para os vivos e justiça para os que já abandonaram esta peregrinação terrena. Foi no dia 2 de Abril do ano de 1977, que o zeloso sacerdote, cujas as palavras de mestre durante anos se afirmaram nos púlpitos da marinhagem e dos vicentinos nos deixou. Ficaram muitos livros de Vida Espiritual.




Hoje, trago a publico um desses livros – PASCHA NOSTRUM – A NOSSA PÁSCOA. É este prestimoso trabalho, uma compendiosa obra que foca a Liturgia Pascal, na vida dos cristãos. Vem na hora própria como o Padre Correia da Cunha o escreve no prólogo: ’’. Nas tuas mãos deponho este livro. Não para o leres com espírito de curiosidade, mas para que, por ele, mais facilmente vivas o mistério central de toda a vida cristã – A PÁSCOA – Foi por isso que lhe dei o nome de PASCHA NOSTRUM.É uma das manifestações da vida da Igreja a que dela dimana como fonte primária e indispensável do verdadeiro espírito cristão: a liturgia. É triste e faz pena… Mas PASCHA MOSTRUM vai-te acompanhar durante estes dias…’’ 

Este livro da autoria do Padre Correia da Cunha foi escrito em linguagem despreocupada que não exclui a elegância da forma e pureza da língua, são conceitos informados por aquele sentido prático e realista que o caracterizaram sempre nos seus escritos litúrgicos, de que deixou imensa obra escrita. O Padre Correia da Cunha foi dos mais esclarecidos espíritos do seu tempo nesta área, considerado um grande latinista e cultor de humanidades. Este valioso livro que conservo em meu poder, representa incalculável valor. Escrito por um homem dotado de uma aguda inteligência e insaciável vontade de saber. Recordo que no cerimonial das suas exéquias ocorridas no Domingo de Ramos de 1977, o seu bom amigo Padre Moreira das Neves teve-o com cerimoniário de toda a celebração.

No espólio da Paróquia de São Vicente de Fora, devem estar sabe Deus, em que estado, imensa obra e manuscritos da autoria deste sacerdote, não seria difícil encontrar preciosidades que deveriam conhecer a luz do dia. A sua alma de rara delicadeza e fina sensibilidade, depurada nas suas persistentes maleitas, vibram nestas obras tão cheias de ternura e amizade.
















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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA

 



Os amigos que partiram...




IN MEMÓRIAM

ANTONIO FRANCISCO FIALHO PALMA

1936-2017



Veio do coração das vastas planícies do Alentejo, onde nasceu no dia 4 de Abril do ano de 1936, na bela vila da Vidigueira. Ali, foi baptizado com o nome de ANTÓNIO FRANCISCO FIALHO PALMA. 

Com apenas 16 anos começou a sua vida de lutas na grande cidade de Lisboa, como empregado de comércio, numa das mais requintadas e prestigiadas lojas de pronto a vestir que havia na baixa lisboeta. 

Sempre foi um excelente trabalhador e cumpridor dos seus deveres, encontrando naquele estabelecimento a sua realização profissional. No entanto, faltava-lhe algo mais. Foi no Patronato de Nuno Alvares Pereira, fundado pelo Monsenhor Francisco Esteves (1871-1959) no ano de 1905, onde eram acolhidos muitos jovens do bairro de Alfama e São Vicente, onde lhes proporcionava a prática desportiva, actividades teatrais, musicais, passeios culturais e religiosos, que o Fialho encontrou um forte espírito de camaradagem, que tanto o cativou. Foi nos finais dos anos cinquenta que este jovem pelo seu comportamento e sagacidade se integra na vida activa do Patronato de Nuno Alvares Pereira. 

É admirável a participação do Fialho naquela obra, com um temperamento obstinado, indomável e com forte energia do seu espirito, ali participava activa e diariamente, em todas as actividades desportivas, culturais e de lazer, após os seus afazeres profissionais. Foi durante muitos anos membro da direcção do Patronato, sediado nas Escolas Gerais. 

Com a chegada do Padre Correia da Cunha no ano de 1961, à Paróquia de São Vicente de Fora, trazendo uma lufada de renovação pastoral, o António Fialho sempre encontrou tempo para se envolver nessa nova dinâmica. O Padre Correia da Cunha sempre elogiou este jovem, pelas missões prestadas ao serviço da Comunidade Paroquial. Foi sempre muito afectuoso e leal para com o seu pároco adoptivo, pois à época o Fialho era residente na freguesia de Algés. 

O António Fialho conquistou na Paróquia de São Vicente de Fora grandes amizades, tornando-se numa figura inesquecível. Sempre que vinha à capital, nunca deixava de visitar o seu amigo Padre Correia da Cunha. 

No ano de 2015, em que se apresentou o livro da minha autoria: Correia da Cunha – Mestre de Vida, tive a necessidade de elaborar uma lista de nomes, de antigos membros da Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, para os convidar a estarem presentes naquele nobre evento. Curiosamente, não houve um só, dos antigos alunos e membros do Patronato de Nuno Alvares Pereira, que não me referisse o nome do António Fialho, como grande discípulo daquele que o livro visava homenagear. 

Nos finais dos anos setenta regressou à terra que o viu nascer, mas nunca deixou de todos os anos, ali acolher as velhas amizades da Paróquia de São Vicente de Fora (amigos do Patronato) num almoço de confraternização com os sabores alentejanos. 

Com muita perseverança, desenvolveu acção relevante no Clube Vasco da Gama da Vidigueira, como director da modalidade do Andebol. Esta colectividade, em reconhecimento do seu profícuo trabalho, tem-lhe promovido grandes homenagens. Não querem deixar de recordar o Fialho Palma, pelo imenso amor e carinho que sempre dedicou á sua terra-natal e clube. 

Foi no dia 21 de Novembro de 2017, ano das celebrações do centenário do nascimento do Padre Correia da Cunha, que o António Francisco Fialho Palma, após doença prolongada, nos deixou. A falta que todos sentimos da sua franca amizade, incentiva-me a lavrar estas singelas palavras em sua memória. 

Dai-lhe Senhor, o eterno descanso e brilhe para ele o esplendor da Luz Eterna. 

Paz à sua grande alma. 












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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

PE. CORREIA DA CUNHA - FADISTA CARLOS DO CARMO (1939-2021)

 






CARLOS DO CARMO (1939-2021) - E SUA MENINA E MOÇA


Não sei como começar a escrever de algo que aconteceu há mais de 50 anos, num dos pátios, dos amplos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora, na cidade de Lisboa.

O fadista Carlos do Carmo a convite do seu grande amigo Padre Correia da Cunha foi cantar a São Vicente de Fora, com toda a sublimidade do fado. Lembro que ele sorria de felicidade radiante, diante de uma enorme plateia completa. Um homem sozinho, acompanhado apenas de um guitarrista e um viola. Cantava primorosamente, pois a sua voz era toda sentimento.

Creio que muitos nunca esquecerão aquela tarde do ano de 1970, como refere o meu bom amigo Carlos Pissarra que muito contribui para a realização daquele maravilhoso evento. O António Carlos Pissarra ficou tão entusiasmado com o êxito obtido, que tentou convencer o Padre Correia da Cunha a transformar aqueles claustros, revestidos de azulejos, numa permanente sala de fados.

Foi brilhante a interpretação do genial fadista, com as melodias extraídas dos acordes daquela guitarra e viola. Conquistou a simpatia e efusivos aplausos dos vicentinos. As almas encheram-se de profundas emoções. No fadista Carlos do Carmo até o próprio silêncio tinha sonoridade.

Os fados interpretados pela voz do Carlos do Carmo eram sentidos pela alma. A arte musical não tem propriedade; é de quem a admira, a entende e a pratica com voluptuosidade dos amantes apaixonados. Era o caso do reverendo Padre Correia da Cunha, que sempre lutou para transformar a sua paróquia num verdadeiro Centro Cultural (a sua sonhada Associação para a música organística). Obviamente, dando primazia às actividades pastorais e ao culto.

Jamais poderemos esquecer a figura deste fadista e as interpretações das cantigas à sua cidade de Lisboa, como ainda hoje recordamos as belas cartas de amor que o Padre Correia da Cunha escrevia à cidade onde nas, cera. Nas nossas almas ficarão impressos pedaços de melodias poéticas, musicando o sentimento existente nos sonhos do nosso amor a esta cidade feiticeira: LISBOA MENINA E MOÇA...

Carlos do Carmo morreu. Soube-o através das Tv's neste primeiro dia do ano de 2011. O seu nome ficará gravado para sempre na história da canção nacional.

Por isso escrevo esta singela homenagem de muita admiração a este grande Homem de bondade e cavalheirismo. Lisboa nunca o esquecerá!







Sei da verdadeira amizade do Padre Correia da Cunha com a Dona Lucília do Carmo. Era plena e cimentada em grandes virtudes, desenvolvida em mútua nobreza de caracteres. Nesta foto : O Padre Correia da Cunha está numa tertúlia com amigos, no Restaurante típico O FAIA, que era proprietária a Senhora Dona Lucília do Carmo.




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