sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

PE. CORREIA DA CUNHA - FADISTA CARLOS DO CARMO (1939-2021)

 






CARLOS DO CARMO (1939-2021) - E SUA MENINA E MOÇA


Não sei como começar a escrever de algo que aconteceu há mais de 50 anos, num dos pátios, dos amplos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora, na cidade de Lisboa.

O fadista Carlos do Carmo a convite do seu grande amigo Padre Correia da Cunha foi cantar a São Vicente de Fora, com toda a sublimidade do fado. Lembro que ele sorria de felicidade radiante, diante de uma enorme plateia completa. Um homem sozinho, acompanhado apenas de um guitarrista e um viola. Cantava primorosamente, pois a sua voz era toda sentimento.

Creio que muitos nunca esquecerão aquela tarde do ano de 1970, como refere o meu bom amigo Carlos Pissarra que muito contribui para a realização daquele maravilhoso evento. O António Carlos Pissarra ficou tão entusiasmado com o êxito obtido, que tentou convencer o Padre Correia da Cunha a transformar aqueles claustros, revestidos de azulejos, numa permanente sala de fados.

Foi brilhante a interpretação do genial fadista, com as melodias extraídas dos acordes daquela guitarra e viola. Conquistou a simpatia e efusivos aplausos dos vicentinos. As almas encheram-se de profundas emoções. No fadista Carlos do Carmo até o próprio silêncio tinha sonoridade.

Os fados interpretados pela voz do Carlos do Carmo eram sentidos pela alma. A arte musical não tem propriedade; é de quem a admira, a entende e a pratica com voluptuosidade dos amantes apaixonados. Era o caso do reverendo Padre Correia da Cunha, que sempre lutou para transformar a sua paróquia num verdadeiro Centro Cultural (a sua sonhada Associação para a música organística). Obviamente, dando primazia às actividades pastorais e ao culto.

Jamais poderemos esquecer a figura deste fadista e as interpretações das cantigas à sua cidade de Lisboa, como ainda hoje recordamos as belas cartas de amor que o Padre Correia da Cunha escrevia à cidade onde nas, cera. Nas nossas almas ficarão impressos pedaços de melodias poéticas, musicando o sentimento existente nos sonhos do nosso amor a esta cidade feiticeira: LISBOA MENINA E MOÇA...

Carlos do Carmo morreu. Soube-o através das Tv's neste primeiro dia do ano de 2011. O seu nome ficará gravado para sempre na história da canção nacional.

Por isso escrevo esta singela homenagem de muita admiração a este grande Homem de bondade e cavalheirismo. Lisboa nunca o esquecerá!







Sei da verdadeira amizade do Padre Correia da Cunha com a Dona Lucília do Carmo. Era plena e cimentada em grandes virtudes, desenvolvida em mútua nobreza de caracteres. Nesta foto : O Padre Correia da Cunha está numa tertúlia com amigos, no Restaurante típico O FAIA, que era proprietária a Senhora Dona Lucília do Carmo.




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