quarta-feira, 20 de novembro de 2019

PE. CORREIA DA CUNHA – ACÇÃO CATÓLICA XVIII










VIVER PARA A ESPERANÇA…




Inicio este texto a partir de memórias dos meus tempos de adolescência. Como sabemos ninguém nasce com princípios éticos. É preciso que alguém nos ensine o conjunto desses valores. O Padre Correia da Cunha, ao longo da sua vida sempre abraçou essa missão.

Creio que ele tinha a maior simpatia pelos jovens rebeldes  que pelos acomodados, pois para ele educar era perdoar e que cada um dos jovens devia contribuir para a transformação do mundo. O Padre Correia da Cunha lembrava sempre que ao contrário do proclamado por muitos, não devemos esperar que o mundo se transforme para nos transformarmos.

Pergunto – me, passados mais de cinquenta anos, se o Padre Correia da Cunha professava mais o modelo de perdão judaico, ou o da doutrina defendida pelo catolicismo, em que os pecados só são perdoados pela absolvição do sacerdote.

Quando alguém dele se abeirava para a confissão, sempre o advertia para que se dirigisse junto do sacrário e pedisse perdão a Deus pelos pecados cometidos contra Deus, pelos pecados cometidos contra os irmãos, que fosse ao seu encontro e lhe pedisse desculpa. Não era preciso andarmos todos os dias a confessar os pecados.

Os confessionários na comunidade paroquial de São Vicente de Fora, acumulavam camadas de pó, pois para o Padre Correia da Cunha o grande momento de reconciliação era a grande celebração comunitária que se realizava anualmente no período da Quaresma.

Seria para mim uma grande alegria poder resgatar os guiões elaborados pelo punho do Padre Correia da Cunha para essas celebrações que eram uma profunda autópsia às nossas consciências e que nos ajudavam na descoberta do caminho da graça e no pedágio da salvação.

No decorrer destas celebrações havia sempre um tempo em que éramos convidados a abraçar os irmãos que tínhamos ofendido, um amigo ou um vizinho e a reconhecer o nosso erro. Eles tinham o dever de perdoar. O perdão deveria ser uma promessa de esquecimento.

Ninguém é tão pecador que não possa encontrar força, pureza e justiça em Jesus Cristo, que por todos morreu…

À medida que nos aproximamos de Deus em arrependimento e contrição, Ele se aproximava de nós com misericórdia e perdão. O caminho que parecia coberto de trevas tornava-se iluminado pela graça. Foi para salvar os pecadores que Jesus veio ao Mundo.

E falando de perdão não posso deixar de narrar um episódio que li e que me causou uma enorme emoção. Quando Nelson Mandela tomou posse de chefe de estado da Africa do Sul, para essa cerimónia oficial convidou e fez questão de ter a seu lado os dois carcereiros que ao longo dos vinte sete anos de prisão o tinha aprisionado e mal tratado. Não optou por ter nesse dia a seu lado os famosos da política internacional. Este gesto de Nelson Mandela fez-me recordar a crucificação de Jesus Cristo no Calvário ao lado de dois ladrões. Ele quis que o olhassem como um ser humano e só se enobreceu com este gesto de humanidade, à semelhança de Cristo não se rebaixou, antes pelo contrário, se elevou.

A confissão do pecado seja, ela pública ou em privado, deve ser feita de maneira franca e sincera, visando a mudança de atitude e pensamento e com o desejo de se dar inicio a uma nova direcção.

Termino recordando o apóstolo Tiago: ‘’ Confessai, pois os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes perdoados.’’

Confessemos pois os nossos pecados a Deus, o único que pode perdoá-los e as nossas faltas uns aos outros.

O Padre Correia da Cunha ajudava-nos a pensar nos grandes princípios da ética. Estes valores ajudar-nos-iam a contribuir para não mancharmos a nossa história e a não desonrarmos as nossas famílias, pelo que deveríamos cuidar da nossa decência e a termos como regra: um por todos e todos por um! Não nos deixemos arreigar à ideia de cada um por si, Deus por todos, que nos afastará decisivamente de vivermos para a grande esperança.







texto Padre Correia da Cunha

Trabalho positivo do assistente eclesiástico

Não deve encaminhar as almas para a santidade através de um prima difícil e quase impossível apresentando-lhes barreiras como que intransponíveis, mas deve abrir-lhe perspectivas bem como ilimitados horizontes de progressos na intimidade divina acessível a qualquer alma de boa vontade. 

A santidade não é só para religiosos como muitos erradamente pensam, sem autopsiar-se à Acção divina nem passar além das disposições determinadas por Deus, devemos pô-las nas largas avenidas do abandono a Deus que conduzirão as almas à sua inegável união. 

Nos primeiros passos da vida purgativa e mesmo iluminativa devem as almas ter sempre largos horizontes. 

O que é verdade para qualquer alma é o também para os jocistas que não são cristãos de categoria inferior, mas privilegiados. São necessários assistentes sábios mas de experiencia. A nós compete pensar nestas coisas e tornar-lhes fáceis estas ascensões a que eles têm vontade de subir, inculcando-lhes estes dois pensamentos fundamentais: o culto do estado de graça e o rendimento sobrenatural de uma vida de apostolado que é o exercício da caridade para com o próximo. 

Culto do estado de graça. 

Culto significa cultivo, adorno, rodeio de cuidados. 

Implica conhecimentos, estima e aperfeiçoamento daquilo que estamos para desenvolver: o estado de graça. É neste tríplice sentido que empregamos a palavra. Esta palavra estado, aqui não implica possibilidade, nada mais dinâmico que a graça participação incriada da vida incriada que é Deus fonte de toda a vida. Da parte de Deus é um dom definitivo; importa muito apresentar claramente aos jocistas este grande mistério ponto central e culminante da vida cristã para que compreendam, admirem e se torne praticamente o centro da sua vida e fim de seus labores. Não se trata de formar teólogos nem mestres na apologética, mas verdadeiros cristãos que saibam o essencial da sua religião. 

Assim não teremos fiéis por rotura, costume ou tradição, mas cristãos conscientes, orgulhosos da sua fé que conheçam estimem e pratiquem todas as suas exigências porque percebem a sua provação com o fim último. São exigências do Pai que só procura o bem de seus filhos. Assim saberão as razões da sua fé e vivê-la-ão. Não procuraremos espíritos servis melancolicamente envergonhados, mas espíritos ardentes e dedicados ao serviço de Deus. 

O Dogma da graça santificante é Luz 

Buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça. 

A vida eterna é conhecer Deus e a sua graça. Acreditemos no amor de Deus, tais são os grandes sonhos da vida cristã cujo cumprimento tem por prémio a vida eterna. Ora o dogma da graça santificante as pressupõe e as une e beneficia pois é a tradução do amor em que Deus tem a pobre criatura que tirou do nada e elevou à participação da própria natureza divina para um dia associá-la à sua felicidade. 

Este dogma como que envolve em luminosa auréola e coloca no centro da muita fé e da vida o filho unigénito de Deus dado pelo Pai para a nossa restauração espiritual. 

É pois corolário dos mistérios da encarnação e redenção. Este dogma leva-nos ao entendimento da vida de Cristo no seu Corpo Místico que é a Igreja: Ele cabeça, nós os membros. 

Perante o amor que obrigou a entregar-se à morte pela Igreja para a apresentar gloriosa e sem mácula, tornando-se faróis os grandes desígnios da caridade do Senhor. 

O Dogma da graça santificante é calor 

É totalmente verdade que para muitos cristãos os dogmas não passam de definições abstractas e frias que pouco ou nada dizem. Ignoram que todos trazemos o selo do amor que é a própria definição de Deus. 

Este amor é nos revelado infalivelmente por este dogma que nos há-de embelezar pela grandeza que nos faz descobrir em nós e nas esperanças que descortina. Sacia as nobres aspirações da natureza humana e ensina-nos que Deus olha com carinho e mesmo com reverência o mais humilde operário e o enriquece para a eternidade e o tira da miséria e da lama. 

Esta doutrina deve suscitar a admiração e entusiasmo pois é uma grande realidade a única, a que confere a maior dignidade pessoal que se pode imaginar: a dignidade de filhos de Deus, de morrer sob a protecção de Deus que reina em nós e nos convida a penetrar na sua intimidade (conf. Efs. III,18). Assim arraigados na caridade poderemos dar-nos a Cristo e receber D’ele a plenitude da sua graça. 

Eis o que torna suave o jugo do Senhor. Quem ama faz a vontade do amado em tudo. 

Como explicar este dogma.

Hoje a quase totalidade dos cristãos ignora tudo isto ou não compreende. Para tirar esta ignorância orientemos neste sentido as suas leituras, meditações e reflexões. Inculquemos a caridade proferida que dá à vida cristã a contemplação, este mistério para o qual deve convergir tudo. 

- dogma, moral, vida intima e social, oração e vida litúrgica, veremos logo se este ensino é bem assimilado e tem influencia, sobretudo devemos evitar o simples formalismo. 

A lógica diz que seria ilusão pretender para os nossos operários aquisição destas convicções sem que nós sintamos que eles envolvem e enchem a nossa própria vida. Nós havemos de tornarmos-nos tanto mais ricos quanto mais temos de comunicar. 

Como traduzi-lo na vida 

Temos que urgir contra esta ideia que muitos fazem do estado de graça: o não ter pecado mortal na consciência: Não é viver cristãmente. Isto é incompleto. São raras as almas que sabem que o acto de contrição após um pecado mortal nos perdoa o pecado e nos poe logo a viver Cristo contanto que haja o propósito de confissão. O acto de contrição perfeito é a chave do paraíso que havemos de ter sempre na oração para a termos no momento da morte.

Trabalho positivo do assistente eclesiástico 

Não deve encaminhar as almas para a santidade através de um prima difícil e quase impossível apresentando-lhes barreiras como que intransponíveis, mas deve abrir-lhe perspectivas bem como ilimitados horizontes de progressos na intimidade divina acessível a qualquer alma de boa vontade. 

A santidade não é só para religiosos como muitos erradamente pensam, sem autopsiar-se à Acção divina nem passar além das disposições determinadas por Deus, devemos pô-las nas largas avenidas do abandono a Deus que conduzirão as almas à sua inegável união. 

Nos primeiros passos da vida purgativa e mesmo iluminativa devem as almas ter sempre largos horizontes. 

O que é verdade para qualquer alma é o também para os jocistas que não são cristãos de categoria inferior, mas privilegiados. São necessários assistentes sábios mas de experiência. A nós compete pensar nestas coisas e tornar-lhes fáceis estas ascensões a que eles têm vontade de subir, inculcando-lhes estes dois pensamentos fundamentais: o culto do estado de graça e o rendimento sobrenatural de uma vida de apostolado que é o exercício da caridade para com o próximo. 

Culto do estado de graça. 

Culto significa cultivo, adorno, rodeio de cuidados. 

Implica conhecimentos, estima e aperfeiçoamento daquilo que estamos para desenvolver: o estado de graça. É neste tríplice sentido que empregamos a palavra. Esta palavra estado, aqui não implica possibilidade, nada mais dinâmico que a graça participação incriada da vida incriada que é Deus fonte de toda a vida. Da parte de Deus é um dom definitivo; importa muito apresentar claramente aos jocistas este grande mistério ponto central e culminante da vida cristã para que compreendam, admirem e se torne praticamente o centro da sua vida e fim de seus labores. Não se trata de formar teólogos nem mestres na apologética, mas verdadeiros cristãos que saibam o essencial da sua religião. 

Assim não teremos fiéis por rotura, costume ou tradição, mas cristãos conscientes, orgulhosos da sua fé que conheçam estimem e pratiquem todas as suas exigências porque percebem a sua provação com o fim último. São exigências do Pai que só procura o bem de seus filhos. Assim saberão as razões da sua fé e vivê-la-ão. Não procuraremos espíritos servis melancolicamente envergonhados, mas espíritos ardentes e dedicados ao serviço de Deus.









O Dogma da graça santificante é Luz 

Buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça. 

A vida eterna é conhecer Deus e a sua graça. Acreditemos no amor de Deus, tais são os grandes sonhos da vida cristã cujo cumprimento tem por prémio a vida eterna. Ora o dogma da graça santificante as pressupõe e as une e beneficia pois é a tradução do amor em que Deus tem a pobre criatura que tirou do nada e elevou à participação da própria natureza divina para um dia associá-la à sua felicidade. 

Este dogma como que envolve em luminosa auréola e coloca no centro da muita fé e da vida o filho unigénito de Deus dado pelo Pai para a nossa restauração espiritual. 

É pois corolário dos mistérios da encarnação e redenção. Este dogma leva-nos ao entendimento da vida de Cristo no seu Corpo Místico que é a Igreja: Ele cabeça, nós os membros. 

Perante o amor que obrigou a entregar-se à morte pela Igreja para a apresentar gloriosa e sem mácula, tornando-se faróis os grandes desígnios da caridade do Senhor. 

O Dogma da graça santificante é calor 

É totalmente verdade que para muitos cristãos os dogmas não passam de definições abstractas e frias que pouco ou nada dizem. Ignoram que todos trazemos o selo do amor que é a própria definição de Deus. 

Este amor é nos revelado infalivelmente por este dogma que nos há-de embelezar pela grandeza que nos faz descobrir em nós e nas esperanças que descortina. Sacia as nobres aspirações da natureza humana e ensina-nos que Deus olha com carinho e mesmo com reverência o mais humilde operário e o enriquece para a eternidade e o tira da miséria e da lama. 

Esta doutrina deve suscitar a admiração e entusiasmo pois é uma grande realidade a única, a que confere a maior dignidade pessoal que se pode imaginar: a dignidade de filhos de Deus, de morrer sob a protecção de Deus que reina em nós e nos convida a penetrar na sua intimidade (conf. Efs. III,18). Assim arraigados na caridade poderemos dar-nos a Cristo e receber D’ele a plenitude da sua graça. 

Eis o que torna suave o jugo do Senhor. Quem ama faz a vontade do amado em tudo. 

Como explicar este dogma. 

Hoje a quase totalidade dos cristãos ignora tudo isto ou não compreende. Para tirar esta ignorância orientemos neste sentido as suas leituras, meditações e reflexões. Inculquemos a caridade proferida que dá à vida cristã a contemplação, este mistério para o qual deve convergir tudo. 

- dogma, moral, vida intima e social, oração e vida litúrgica, veremos logo se este ensino é bem assimilado e tem influencia, sobretudo devemos evitar o simples formalismo. 

A lógica diz que seria ilusão pretender para os nossos operários aquisição destas convicções sem que nós sintamos que eles envolvem e enchem a nossa própria vida. Nós havemos de tornarmos-nos tanto mais ricos quanto mais temos de comunicar. 

Como traduzi-lo na vida 

Temos que urgir contra esta ideia que muitos fazem do estado de graça: o não ter pecado mortal na consciência: Não é viver cristãmente. Isto é incompleto. São raras as almas que sabem que o acto de contrição após um pecado mortal nos perdoa o pecado e nos poe logo a viver Cristo contanto que haja o propósito de confissão. O acto de contrição perfeito é a chave do paraíso que havemos de ter sempre na oração para a termos no momento da morte.















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