segunda-feira, 3 de junho de 2019

PE. CORREIA DA CUNHA – ACÇÃO CATÓLICA XIII E OS SEUS MÉDICOS














MÉDICO – MARINHEIRO - POETA




A sabedoria, a justiça e a bondade são qualidades só de alguns homens. São pilares cruciais para a ascese na realização dos desígnios divinos. Para retractar o autor do texto que abaixo transcrevo, escrevi em 2015 o livro cujo título sintetizei em PADRE-MARINHEIRO-POETA.





No passado dia 30 de Abril, na Academia de Marinha, no dia em que o Senhor Almirante Joaquim Félix António celebrava o seu 90º aniversário, este oficial-general apresentou uma conferência, o que pensa ser a sua última presença neste órgão cultural da Marinha, intitulada: “A POESIA RESTANTE DO VELHO MARINHEIRO’’


Ao contemplar o bondoso rosto deste brilhante orador que prendia todo o auditório, dei por mim a pensar que melhor título para uma obra literária sobre este afectuoso velho almirante da Marinha de Guerra: MÉDICO-MARINHEIRO-POETA. É um vate de coração sempre jovem que trabalha cada vez com mais cuidados a sua obra poética, toda de arte e de brilhante encanto.

Esta sessão foi adorável pelo conjunto de poesia que perpassou toda a cultura do país que um dia o viu nascer. A política, o fado, a mulher e o amor; a felicidade e o desalento e outros estados de alma. Também mencionou o almirante Gago Coutinho e a tauromaquia, com destaque para os marinheiros ligados à Festa Brava. Não esqueceu os anos de oiro da sua juventude na secular academia de Coimbra.

Naquela tarde senti uma rara marca de arte em todos os seus poemas, pois cada vez mais o poeta afina o seu talento. O médico Félix António não esmorece e constantemente sonha em impregnar a sua poesia de um cunho muito pessoal. A sua poesia canta adoravelmente a sinfonia dos provérbios e adágios do povo português.

Como médico é uma alma de eleição que é estimado e admirado por todos os seus pares, que têm a honra de terem privado e colaborado com esta grande figura de inexcedível bondade, finura de espírito e alta expressão de ternura. A presença de uma vasta multidão de operários da saúde nesta sua conferência é bem testemunho da nobreza de sentimentos que os continuam a unir a este Médico-Marinheiro e Poeta.




Houve também um maravilhoso momento de homenagem ao seu grande amigo o Doutor António Saturnino Sútil Roque (1932-2018), dedicando-lhe um belíssimo poema. Estavam presentes no auditório da Academia a viúva e a filha deste ilustre médico. Foi a forma de compartilhar as suas saudades, emoções e sonhos ao notabilíssimo e grande profissional da medicina. O Doutor Sútil Roque ajudava os outros a recuperar a saúde, seguindo os nobres ditames de uma vocação tão profunda e sublime visando ser útil à humanidade.

Este médico viveu durante muitos anos na paróquia de São Vicente de Fora, tendo como pároco o seu ex-capelão Correia da Cunha de quem era amigo do coração, desde os velhos tempos em que foi médico da Marinha como oficial da reserva naval.

Quando o Padre Correia da Cunha se aproximava de algum paroquiano pobre, precisando de ajuda médica logo recorria ao seu ‘anjo’ Sútil Roque que o tratava sem cobrar quaisquer honorários e ficando os medicamentos a cargo do sacerdote.

A bondade e a dignidade não necessitam de cumprimentos. Eram estes actos simples e realizados no mais profundo silêncio que realmente contavam na vida destes homens.

Foi também desta forma singela a melhor maneira de recordar e agradecer a este Médico-Marinheiro-Cantor tudo o que fez pela gente pobre e humilde da sua paróquia.

Ao terminar a conferência o notabilíssimo Almirante Joaquim dos Santos Félix António entusiasticamente manifestou o seu apaixonado amor à Marinha de Guerra. Ali cumpriu o seu dever com nobre e leal patriotismo. Foi um tributo de gratidão e de despedida com muita saudade, carinho e emoção. A assistência em profundo silêncio e em atitude de grande respeito escutou comovidamente este preito de eterna gratidão à sua grande paixão: a esplendorosa Marinha Portuguesa.






COM OS JOCISTAS A CAMINHO DA SANTIDADE!



Como realizar a união com Nosso Senhor?

É certo que os meios gerais de santificação são comuns a todos os homens, mas aqui, como em tudo, é necessário descer à especificação; e portanto adaptar esses meios gerais à santificação especial dos jocistas para que eles possam convenientemente corresponder à vocação a que foram chamados. É claro que não se vão dar a um pobre operário que mal saberá ler os meios que se dariam a uma alma instruída e educada nos altos e profundos mistérios.

Como trabalho preparatório de santidade purifiquemos a alma e limpemo-la dos «óbices» impressão o seu progresso na ascensão para Deus. É o trabalho de progresso, o trabalho purgativo, de esforço de ascese. 

Por meio duma vida de oração viva e vivida há que desenvolver-lhe a fé, fazendo os entrar em contacto com Deus: como que abraçando-O pessoalmente como dizia um santo, é que o jocista tenderá a realizar a união com Deus.

Vivendo por Ele (Amor) e para Ele (Apostolado) o jocista chegará a luminosa paz da vida interior a vida na Paz.

PRIMEIROS TRABALHOS: «NEMO POTEST DARBUS DOMINUS» 

O fim que temos em vista para com os nossos jocistas (e para nós) é a união com Cristo pela caridade. Ora isto é impossível sem termos um coração puro e um olhar simples para que todo o corpo seja simples e puro e tendo paz se torne luminoso. E…não se pretenda servir a dois Senhores… 

Ora tudo isto supõe a expiação dos pecados passados por uma leal e sincera penitencia; supõe a luta enérgica e desmedida contra a tendência ao mal que em nós sentimos – fones pecati – e contra as tentações que necessariamente virão. 

É necessário usar de meios espirituais, que purifiquem, fortifiquem e estimulem a nossa vontade. E os meios mais importantes e essenciais são: a oração e a mortificação, tanto do orgulho, vaidade e curiosidade, como também do prazer sensual, frívolo e carnal e do amor desordenado às vaidades deste mundo e, em ajuntarei: até dos prazeres lícitos.


NECESSIDADE DA ASCESE E PENITENCIA 

São três os motivos principais destas necessidades. 

Embora nas leis Divinas brilhe a sabedoria, a justiça e a bondade de Deus, contudo desde a queda original que deixou em nós a –fones pecati – custa muito a obediência dos sentidos à razão e da razão às exigências da fé: - Os mandamentos são a estrada real que nos levam a Deus e é necessário fazer um autentico e serio esforço para nos deleitarmos nos mandamentos divinos mais que em todas as riquezas e prazer desta terra lembrando-nos que seguindo aqueles e desprezando estes gozaremos da paz inefável dos filhos de Deus.

Este esforço é exigido pela luta inevitável para resistir aos assaltos da tríplice correspondência e também para alcançar a perfeição moral, junto da ordem e harmonia que nos vem da nossa vida espiritual, e reinar sobre o pequeno reino inferior já dominado pela nossa mortificação e ascese. 

Lembremo-nos, além desta, que os jovens operários têm dificuldades especiais: o fervor inexperiente da juventude, a efervescência das paixões etc. afora as dificuldades de ordem meramente moralismos exemplos e conselhos, solicitações etc…

O ideal jocista é vencer o mundo com Cristo na obra da restauração cristã do mundo, na recondução das massas operárias de Cristo-Operário.



UM PERIGO GRAVE

Acontece mesmo que este trabalho feito por apostolado e para glória de Deus pode tornar-se de tal maneira aliciante que nos entreguemos completamente a ele, sem nada conseguirmos porque por nós mesmos nada podemos:

1º - porque nem temos cabedal suficiente de vida interior. 

2º - nem a seiva suficiente exigida para que a acção produza frutos. 

É frequente até que o entusiasmo e alegria de se devotar aos outros, sobre tudo se tem bom êxito, chegue como gula a criar a necessidade da, fazendo perder progressivamente a convicção prática da necessidade da vida interior a falta de delicadeza de consciência, a insuficiente guarda do coração, a dissipação e mil e uma coisa que chegam a a regularidade da vida espiritual.

Contra isto que D. Chautard clamava a heresia das obras lembremos as palavras de Nosso Senhor : Si autem Christus in vobis est, corpus quidem mortuum est propter peccatum, spiritus autem vita est propter iustitiam. 

O ruído faz pouco bem e o bem faz pouco ruido, é também outro principio de D. Chautard. Na medida em que o assistente amar Nosso Senhor poderá inflamar nesse amor as almas jocistas.

HÁ QUE INCUTIR AOS JOCISTAS A NECESSIDADE DESTA ASCESE 

São três as razões principais: 

1º Que os nossos jocistas já não são crianças, mas jovens que são susceptíveis de se conduzir mas não como animais muita animália. 

2º Que os nossos jocistas não são ovelhas ou cordeiros doceis que se deixem conduzir inconscientemente e sem procurar saber porque é que o padre ou a Igreja exigem ou pedem tal e tal coisa. 

Os nossos jocistas, não esqueçamos na prática, são animais racionais e portanto tomemo-los tais quais são. Certamente não se contentam com indicações ou ordens e visto que a religião tanto nas suas praticas como na sua fé o reflexo da verdade e da sabedoria divinas. 

3º Que os nossos jocistas são destinados a rerem chefes. Durante muito tempo ainda toda a nossa acção sacerdotal atingirá só a só por seu intermédio. 

É preciso que eles saibam ser educadores de seus irmãos e para isso necessitarão dos nossos conselhos e das razões que os apoiam.

















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