sábado, 10 de agosto de 2019

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA








Os amigos que partiram…







IN MEMORIAM


EUGÉNIO DUARTE RAMOS

Capitão de Mar e Guerra

(1936-2019)





Eugénio Duarte Ramos – nasceu na freguesia de Sul do Concelho de São Pedro do Sul, no dia 26 de Fevereiro de 1936.

Homem amável! Amigo de todas as horas tinha um coração sempre aberto ao bem-fazer, um homem maravilhoso que só amigos sabia granjear e que deixa muitas saudades a quantos tiveram o privilégio de conhecê-lo e com ele conviver.



Foi no ano de 2009, pela mão de um amigo comum, o diácono Jorge Cabanelas Campos que conheci o Senhor Comandante Eugénio Ramos. Nesse encontro referiu-me que no ano de 1958, como finalista do Curso Duarte de Almeida, com a patente de Guarda Marinha, embarcou no Navio Escola Sagres, onde conheceu e conviveu com o Capelão Correia da Cunha.

Não podia haver maior alegria.

Eu era o autor do Blogue de Homenagem ao Padre Correia da Cunha. Muito me esforçava para conseguir testemunhos de camaradas da Marinha Portuguesa sobre a vida deste servidor da Armada, entre os anos de 1943 a 1961. Não se revelava fácil tal objectivo, pois passados mais de 50 anos não havia nos quadros da grande instituição pessoas desses tempos.


Quero pois aqui lavrar um forte reconhecimento e agradecimento à preciosa e animada colaboração prestada pelo Comandante Eugénio Ramos (em vida sempre lhe manifestei essa minha imensa gratidão), levando-me junto de imensos oficiais generais, oficiais superiores e subalternos que possuíam muitas memórias e imenso apreço e estima pelo sacerdote que pelo seu espírito de homem de sabedoria, frontal era para todos eles uma personalidade de que não se podiam esquecer.

Acompanhei-o a muitas associações e instituições culturais (Sociedade Histórica da Independência Nacional, Sociedade de Geografia de Lisboa, Academia de Marinha, Instituto D. João de Castro,Irmandade da Misericórdia e de S. Roque de Lisboa, Centro de Estudos Portugueses, Associação 25 de Abril…) onde era sempre carinhosamente acolhido e saudado.

Neste momento em que escrevo estas palavras com a alma torturada, não posso deixar de recordar aquele belo momento em que o Comandante Eugénio Ramos me apresentou, na capela de Nossa Senhora do Mar (*), aquela extraordinária figura humana. Na sua presença amável, nas suas palavras confortantes só brotava bondade. Refiro-me ao inesquecível Capelão Manuel Costa Amorim (1952-2016).

Ontem, dia 9 de Agosto 2019, partiu este grande comandante para descansar junto de Deus e receber um abraços dos imensos amigos que já partiram. 

Eugénio Duarte Ramos hoje dorme um sono sagrado… pois os bons homens nunca morrem…

É um pequeno testemunho que espero seja marcante para nos ajudar a recordar o grandioso espírito de um oficial de marinha que sempre se soube colocar do lado das causas justas nunca se poupando a esforços e sacrifícios.




Recebei Senhor na glória do vosso reino o nosso irmão.




(*) - A capela de Nossa Senhora do Mar foi inaugurada pelo Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira e foi confiado o discurso de inauguração ao Capelão Correia da Cunha.







quinta-feira, 1 de agosto de 2019

PE. CORREIA DA CUNHA – ACÇÃO CATÓLICA XV – NAMOROS VERÃO












AMAR NÃO É PECADO!


Nos tempos actuais, dada a variedade das funções da vida activa de trabalho, ambos os membros da família têm de trabalhar, para reforçar o orçamento familiar. Eu sou do tempo do modelo tradicional familiar: cabia aos pais a incansável tarefa de trabalharem para realizarem a grandiosa missão de sustentar a família. As mães eram uma legião anónima de lutadoras que tudo faziam para o engrandecimento da família. O seu árduo trabalho consistia nas tarefas domésticas e cuidar dos filhos, educando-os e dando-lhes carinho no ambiente doméstico. O trabalho das mães era um ministério, uma abnegação ao serviço da comunidade familiar.

Para o Padre Correia da Cunha os adolescentes e os jovens, na sua maioria estudantes, simbolizavam o património da Igreja do futuro. Era esta paisagem humana a que dedicava toda a sua atenção esperando torná-los excepcionais de forma a realizarem os seus sonhos de vida.




Os espaços do mosteiro de São Vicente de Foram encontravam-se sempre de portas abertas para os jovens poderem conviver e partilharem as experiências de vida. Mas também era um local para as aspirações românticas. No período de férias escolares era ali que iam sonhar as moças bonitas e os rapazes em estado de sonho. Havia ali um lugar deveras romântico nos claustros do mosteiro, a velha cisterna, onde os pares de namorados se acariciavam… Havia raparigas de olhares atraentes e rapazes simpáticos e uma forte aragem perfumada, mas também havia um prior sempre muito atento, cuja sua missão era ensinar. O traço primordial da sua vida era ajudar todos estes jovens a descobrirem as virtudes do amor e da pureza. Lembrando às raparigas a vocação de serem exemplares mães e extremosas esposas. Os rapazes viam nele o símbolo do respeito e o sacerdote sempre lhes recordava as palavras do apóstolo São Paulo: «Os nossos corpos são membros de Cristo…»

As mães no desejo sedento de procurarem bons mestres de vida para os seus filhos ficavam sossegadas, sabendo que naqueles espaços para além do culto religioso e de se murmurarem preces havia um padre que trazia consigo o traço indelével do seu destino: saber ensinar e deixar gravado no coração dos discípulos o Amor a Deus e ao próximo.

Como é belo recordar hoje, passado mais de meio século, sonhos que não se realizaram, ânsias de amor devotado, ilusões de ternura desfeitas, beijos inocentes de ardentes desejos… Houve contudo muitos casais de namorados apaixonados que ali se encontraram e realizaram os seus inflamados anseios de construírem um lar de felicidade e uma família abençoada de graça divina.

Tudo gira em torno do destino. O destino é a vida. E a vida é tudo o que realizamos e imaginamos. Em todas vidas há espaços intangíveis. Ninguém consegue apagar os bons ensinamentos e experiências que vivemos e partilhamos com o Mestre de Vida. Nunca ouvi uma palavra de reparo ou reprovação dos pequenos «flirts» e romances de amor próprios da época de verão, ou de rostos femininos apoiados nos ombros masculinos. O sacerdote era o símbolo do bom conselho e amizade. 

Será que em jovem o Padre Correia da Cunha amou sob os auspícios presenteadores de um local romântico?





Texto da autoria do Padre Correia da Cunha



O ASPECTO ESPECIAL DA MORTIFICAÇÃO DOS JOCISTAS: À CONQUISTA DA PUREZA

A mortificação de levar-nos à guarda dos mandamentos divinos e em particular da pureza que é necessária para amarmos a luz e a verdade: 

«Todo aquele que faz o mal odeia a luz, e todo aquele que ouve a verdade ouve a minha voz.»

A nossa alma tem uma grande afinidade para a verdade: Cristo afirmou vezes: ego sum veritas.

O grande e principal obstáculo para muitos é estarem mergulhados na luxuria que é inseparável deste cortejo, a cegueira do espírito, a inconstância, a precipitação, o amor desordenado de si mesmo, o ódio de Deus o afecto ao século e o horror do futuro tudo isto se levanta na alma impura. A inclinação a este vício e por vezes violenta dando por isso grande e graves encargos no matrimónio.

Como a educação dos filhos exige grandes e contínuos sacrifícios é necessário que a natureza sinta inclinação e prazer na sua geração. Temos portanto em nós motivos de tentação que são aumentados pelos numerosos inimigos exteriores.

CONTUDO NÃO É ESTA A ÚNICA DIFICULDADE

Não se deve perder de vista que seria falta de táctica lutar directamente contra tal inimigo. Na unidade da natureza humana há a substância de dois elementos: espírito e corpo. Há portanto dualidade.

Apesar desta divergência e incompatibilidade, deste conflito exige a razão que a divisão e opção seja um favor do que exige a parte superior o espirito. Isto tornava-se fácil com o com preternatural da integridade primitiva. Hoje a nossa vitória está na força, na graça de Cristo sendo insuficiente o conhecimento da lei: Mas isto não é tudo. Há pecados maiores que os de Sodoma. A virtude por excelência é a caridade. Diremos pois que a pureza é a virtude que maiores cautelas exigem mas que a principal é a caridade. E a virtude essencial para o padre que deve possuir um alto grau de sindéreses.

SAIBAMOS GRADUAR A CULPABILIDADE

Sabemos que na deleitação venérea directamente voluntária e completa não há matéria leve. 

Contudo o pecado mortal supos sempre deliberação e consentimento pleno. Ora as circunstâncias as paixões e maus hábitos podem perturbar a deliberação ou diminuir o voluntário, embora a vontade possa permanecer viciada in causa. 

Pode haver jovens de 17,20,25 anos inteiramente convertidos a Cristo, conquistados pelo se amor e perdoados, mas que todavia ficam na sua alma ou melhor na sua carne os sinais das quedas anteriores, antigas paixões maus hábitos.

Tal jovem sente no seu organismo como que reflexos quase mecânicos da lubricidade. Talvez estes jovens levem às costas faltas dos progenitores. 

Há almas assim. Menos nos deteremos a canalizar ou estudar os números e as espécies dos seus pecados que a incutir-lhes a necessidade de vigiar para não darem pábulo a paixões desenfreados. A prudência nos indica que é conveniente estimular a sua generosidade no divino serviço: cumprindo bem os seus deveres, confessando e comungando. A divina beleza de Cristo descoberta pela prática da caridade e do apostolado nos compromete a procurar uma difícil vitória.


ENTRAR NO JOCISMO NÃO É RECEITA SUFICIENTE

Acabámos de ver que a pureza difícil para todos, é o ainda mais para os jovens operários que frequentemente trazem taras consequências de alcoolismo e da perversão dos progenitores acrescentadas avolumadamente com as próprias culpas. Não esqueçamos que o meio operário é por regra uma ocasião próxima de pecado e tudo os solicita para o mal. Podemos aplicar ao meio operário estas palavras de São Paulo: «as coisas que eles fazem em segredo vergonhoso são dizê-las». Não deixar-se corromper neste ambiente é sinal de boa vontade.

FAÇAMOS LABOR CONSTRUTIVO, NÃO MERAMENTE NEGATIVO

É necessário que o jovem se dê conta dos motivos, das razões das nossas exigências e que nas suas almas e arraiguem profundas convicções: o respeito às jovens operárias futuras esposas e mais, o muito apreço em que deve ser tido o amor que não que não sendo viciado é um excelente tonificante, o alto fim do matrimónio cristão, as responsabilidades dos pais, a manterem a ajuda dos esposos etc., a importância de uma vida casta para a felicidade pessoal, mútua e dos filhos, na alta nobreza do próprio corpo que é membro de Cristo. São Paulo diz a este respeito: «Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo!» Tomarei pois eu os membros de Cristo para fazê-los membros duma prostituta. Além de tudo isto a solidariedade e o levantamento da classe operária pede-nos a mortificação…



















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