São Martinho! Bela página cristã, recordando um salutar sentimento de partilha. No encontro com o mendigo, com a sua espada Martinho cortou o seu manto ao meio para o dividir com o pedinte. Desde esse momento, por esta época o tempo mantem-se soalheiro, designando-se verão de São Martinho.
Hoje este dia traz-me à memória
os grandes magustos organizados pelo Padre Correia da Cunha, na paróquia de São
Vicente de Fora, onde os sentimentos puros, aquelas singelas demostrações de fraternidade
e aquelas sublimes provas de amizade congregavam toda a comunidade à volta da fogueira
das castanhas.
Não faltavam as castanhas assadas, no forno da padaria do Senhor António Barata (1931-2021) que recentemente nos deixou. Aproveito para recordar este homem de uma postura e de um trato formidável. A sua preciosa colaboração nos magustos de São Martinho era de mestria e grande zelo pelas suas extraordinárias qualidades e virtudes. Sempre apreciei este homem franco, simples, amigo do trabalho e muito honesto. Era um ser humano verdadeiramente feliz porque é dotado dos melhores sentimentos cristãos. Nunca recusava um pedido do seu pároco e sempre manifestava a sua disponibilidade para colaborar na feitura do grandioso magusto da Paróquia. Eram uma larga quantidade de sacos de castanhas. Toda a família paroquial se reunia no pátio dos corvos, para degustar castanhas e regá-las com o vinho novo e jeropiga. Para o Padre Correia da Cunha esta tradição não podia deixar de se comemorar na sua paróquia, pois era também uma forma de homenagearmos os nossos antepassados…
Na época actual esquecemos de
tudo o que somos para pretender sermos tudo o que jamais seremos… São Martinho
apesar de ser quase indiferente dos contemporâneos, com as comunidades entregues a
outras preocupações, haverá, ainda, por aí, quem se lembre de imitar as
tradições herdadas deste clérigo. Provar a pinga no dia de São Martinho. Que
saudade dos meus dezoito anos!
Hoje, olhando para aquela Igreja
de São Vicente de Fora, apenas me traz recordações e saudades nos meus
pensamentos retrospectivos que a fúria da actualidade não consegue afastar das
minhas ideias.
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