segunda-feira, 12 de abril de 2010

PADRE CORREIA DA CUNHA – JOGO DA BOLA

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FELIZES QUANDO REINA A PAZ E A ALEGRIA…EM LIBERDADE!!!





Como eu sempre refiro, as nossas infâncias foram muito boas, apesar da escassez de recursos financeiros. Éramos pobres, mas muito simples, humildes, limpinhos…e felizes, muito felizes! O Padre Correia da Cunha sempre nos ensinou a partilharmos e a vivermos como irmãos.


Todas as brincadeiras eram muito básicas mas possuíam uma grande dose de inocência e magia. Entre as inúmeras brincadeiras da época, uma das mais populares era saltar o eixo, lançar o lenço…. Eram brincadeiras inocentes naturalmente, mas bem divertidas. Mas, sem dúvida jogar, à bola no fundo das escadarias da Igreja de São Vicente de Fora era uma felicidade. Era tão boa essa simplicidade. Duas balizas inventadas e uma bola.






As vitórias e conquistas eram tão importantes que as transmitíamos calorosamente ao Padre Correia da Cunha. Por sensibilidade ou medo de alguma bolada, o Padre Correia da Cunha estacionava sempre o seu carro mini longe das balizas imaginárias. E na sua passagem pelo terreno de jogo, de calçada portuguesa, não se arrogava de intervir activamente na jogada, rematando para testar a qualidade do guarda-redes. Ainda hei-de abordar os jogos de futebol entre casados e solteiros organizados por Padre Correia da Cunha nos campos do Seminário dos Olivais.



Por vezes éramos surpreendidos por agentes da polícia que nos interrompiam o emocionante jogo. Ainda hoje não consigo compreender porque praticar desporto ao ar livre era considerada uma ofensa à ordem pública. Quase sempre tínhamos tempo para nos pirarmos e nos acolhermos sob a protecção do local sagrado.



Ao sábado, as condições do campo de futebol para os putos eram substancialmente melhoradas com a cedência da Cerca da Paróquia, por parte do Padre Correia da Cunha, sob a condição dos putos serem acompanhados pelos catequistas. Belas lições de camaradagem se aprenderam nessas tardes de jogatana que se tornaram inesquecíveis. Os jogos eram autênticos trabalhos de grupo. Só poderíamos obter êxito se toda a equipa tivesse bem – consciência do papel que cada um tinha de desempenhar na sua função, nunca esquecendo o objectivo comum que era o golo.



Estas vivências durante a infância foram extremamente importantes e contribuíram de sobeja maneira para o nosso crescimento. Quem não se lembra do Abel, do Quim, do Carvalheira, do Manel, entre outros?




Para muitos, frequentar a catequese e participar na missa era muito chato mas jogar à bola e participar nos jogos de pingue-pongue, snooker, que o Padre Correia da Cunha colocava à disposição dos putos, era assombroso.O Padre Correia da Cunha sabia falar com todos e tocar no coração de cada um mas não me lembro de alguma vez ter obrigado ninguém a tomar parte nas celebrações ou a frequentar a catequese.


Ele sabia que o chamamento partia sempre de Cristo, a ele competia-lhe apresentar-se sempre de coração aberto e tentar pelos seu exemplo penetrar com muito afecto na formação humana e cristã dos seus jovens. Obrigar seria uma adesão que não resultaria… Eram os jovens que deviam querer participar de livre vontade e diga-se que nunca lhe faltaram pequenas multidões de putos nas actividades da pastoral paroquial.


Muito gostaria de contar com testemunhos dos putos, hoje homens, que fizeram parte dessas multidões que ajudaram Padre Correia da Cunha e mantiveram com ele uma relação privilegiada de muita dedicação, afecto e amizade.



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1 comentário:

  1. Anónimo16.4.10

    A voz do Goulinho aqui na encosta da serra do Açor pregunta em que ano o Sr Padre entrou em São Vicente agradeço a quem me poder dar a informação.
    Voz do Goulinho
    António Assunção

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