domingo, 18 de outubro de 2015

IN MEMORIAM - PADRE MANUEL COSTA AMORIM












IN MEMORIAM


PADRE MANUEL DA COSTA AMORIM


31/01/1952 – 16/10/2015





É voz comum ouvir dizer que os portugueses não cultivam a memória, tão pouco conhecem a sua História e se esquecem muitas vezes dos seus heróis. Se isto é verdade, para além de ser uma injustiça para com todos aqueles que fizeram tudo por nós no passado, seria uma injustiça para aquele que aqui se pretende homenagear.

É uma grande ameaça ao nosso futuro. Só conhecendo bem o passado poderemos compreender o presente e viver melhor o futuro.

Move-me pois o desejo de deixar registado para o amanhã, singelo testemunho sobre o esforço exemplar do Padre Manuel da Costa Amorim, que foi a realização de uma obra imensurável, que D. Manuel Linda, Ordinário Militar para Portugal, assim expressou:

"Detentor de um temperamento jovial, polido, afectuoso e humilde, relacionou-se com todos com a maior simplicidade e forte espírito conciliador. Sem jamais ceder na sua ligação à fé e à sua condição de sacerdote, nunca a sua pertença à Igreja constituiu motivo de segregação ou de inimizade com alguém. Pastoralmente sempre muito empenhado…”

Quando em 2009 iniciei a missão de escrever a biografia do Capelão da Armada: Correia da Cunha, buscando preencher uma grave lacuna e resgatar a memória de um antigo capelão que merecia ser lembrado pela muita obra realizada na Armada Portuguesa, considerei ser necessário obter a recomendação do Padre Manuel Costa Amorim – Capelão Chefe do Serviço de Assistência das Forças Armadas e que ele próprio fosse autor do prefácio da obra no capítulo: o marinheiro.

Foi através de um amigo comum, o Senhor Eng.º Eugénio Ramos (CMG), que conheci este Padre Contra Almirante e lhe entreguei uma prova final da obra para sua apreciação.

Recordo o agradável sorriso com que nos cumprimentou  e nos levou para o seu gabinete de trabalho. Ali, examinou o livro e fez os maiores elogios. Disse-nos que já tinha ouvido falar muito do Capelão Correia da Cunha e mostrou-se muito feliz em receber o livro: CORREIA DA CUNHA – MESTRE DE VIDA (Padre-Marinheiro-Poeta).

O capelão Manuel Amorim, como referiu naquele encontro, não tivera a grata oportunidade de conviver com o Capelão Correia da Cunha, que teria procedido à inauguração do templo de Nossa Senhora do Mar que nos acolhia naquela magnifica manhã. No entanto, chegaram-lhe imensos testemunhos: «o Padre Correia da Cunha fora uma das mais fortes inteligências que passaram pela Capelania da Armada.»

A minha solicitação, da feitura do prefácio a este dedicado Capelão, fora encaminhada para a quem no entender do Padre Amorim deveria ser o autor do prefácio. A recomendação do Padre Amorim não fora bem acolhida…

Mas uma sã amizade nasceu naquela manhã entre mim e o Padre Amorim e que viria a perpetuar-se por um muito tempo. O Padre Manuel Costa Amorim era dotado de muitos talentos mas o maior dom era a simpatia e a sua enorme facilidade para fazer amizades.

Um trágico acontecimento interrompeu bruscamente a actividade que vínhamos planeando para a divulgação da minha obra: CORREIA DA CUNHA – MESTRE DE VIDA, nas mais relevantes instâncias da Marinha

Vítima de uma cruel enfermidade em poucos meses deixou-nos. O Manuel Amorim partiu da mesma forma como sempre viveu, humilde e fiel ao Senhor. Após o seu alento, adormeceu mansamente nos braços do seu Salvador. O seu corpo não foi descansar nas profundezas do mar azul que durante tão longos anos calcarreou ao serviço da Marinha Portuguesa. Foi repousar nas verdejantes terras do Minho, no lugar de Belinho – Esposende donde era natural.


Tendo-se espalhada a notícia do seu falecimento,  a Capela de Nossa Senhora do Mar na Base Naval de Lisboa ficou literalmente cheia de pessoas de todas as idades e condições sociais: desde os velhos de cabelos brancos até os meninos… também não deixaram de se representar os  mais altos dignitários da hierarquia militar, religiosa e civil.

Tinha fixado residência na Base Naval de Lisboa, onde nunca deixou de exercer uma dupla função, Capelão da Armada e Pároco () da Comunidade Paroquial de Nossa Senhora do Mar. Como sacerdote, procurava transmitir a mensagem evangélica  e praticar os seus ensinamentos.

O Reverendo Manuel Amorim era um lutador e um  empreendedor.  Ele não somente beneficiou o templo como organizou uma serie de acções no domínio da educação cristã para crianças, jovens e adultos… angariando grande respeito e prestígio junto da comunidade militar e pastoral.

Termino descortinando um  sacerdote que soube rodear-se de um corpo de cooperadores, amigos e educadores, que sobre o seu comando  foram desbravando terrenos para a sementeira… Era um homem de oração, de fé e coragem nas causas em que se empenhava.  Por este desaparecimento irreparável, pela falta que sentimos, e nos comove angustiosamente, da sua presença amável e franca, da sua palavra serena e confortante, da sua bondade que nos foi lema...





AMAR ALGUÉM É DIZER-LHE: TU NÃO MORRERÁS JAMAIS. 

Gabriel Marcel

À família enlutada, à Marinha, à Arquidiocese de Braga, à Paroquia da Senhora do Mar e aos muitos amigos expresso as condolências. A todos peço uma oração por alma do saudoso e querido Padre Manuel da Costa Amorim,rogando a Deus que o acolha na sua infinita misericórdia!

Notas:

Foi o 1.º capelão a quem foi imposta a Boina de Fuzileiro e do seu pródigo múnus sacerdotal relevam-se, entre outras distinções: o facto de ser o único capelão que ostentou o distintivo de horas de Embarque, devido às horas que andou embarcado; o único capelão português nomeado capelão honorário do Santuário de Lourdes (França); o único capelão em toda a história do Serviço de Assistência Religiosa a ser graduado em Oficial General com o posto de Contra Almirante; e o único capelão condecorado com a Medalha da Defesa Nacional.










PADRE MANUEL DA COSTA AMORIM


31/01/1952 – 31/01/2016



O Padre Manuel Amorim foi um exemplo edificante. Quantos momentos, gratificantes proporcionou a milhares de pessoas, ora com a palavra confortante e estimulante, ora com a caridade que emanava daquele seu bondoso coração.


Tive o privilégio e a felicidade de conviver com ele alguns dias. Foram momentos inesquecíveis. Na sua presença sentíamos uma imensa alegria. Por muito que falemos do Padre Manuel Amorim é sempre pouco diante do que foi a sua trajectória terrena e a grandeza da sua alma.


Se fosse vivo, hoje dia 31 de Janeiro 2016, o 


Padre Manuel Amorim completaria 64 anos.


Fazendo memória viva deste aniversário, o primeiro a ser comemorado no Céu, por impossibilidade do senhor D. Manuel Linda, que participará, em Viseu, na Ordenação Episcopal do Bispo Auxiliar de Braga, D. Nuno Almeida, o Capelão da igreja da Memória, Padre Carlos Catarino, celebra a Missa por alma do Padre. Amorim. 

Será às 10 horas, no Domingo na Igreja da Memória.















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9 comentários:

  1. Pouco terei a acrescentar, pois eu que fui ainda seu catequista, segui sempre a sua juventude e a sua maneira humilde que sempre professou. Ainda adolescente acompanhava a sua avòzinha a pé para as orações na igreja. Um santo homem ainda na terra, agora no Céu por nòs vai velar.

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  2. Conheci o Capelão Amorim em 1980 "Escola de Fuzileiros" e tive a honra de partilhar com ele muitos momentos bons e menos bons,tinha sempre uma palavra amiga para quem com ele se cruzava, eu fiquei a tomar conta da capela na Escola a partir de Outubro do mesmo ano, era ele quem me dizia: Pinheiro vai comprar flores para a nossa capela, vê se está tudo bem, e tantas outras coisas. Mais tarde foi para a Escola Naval, mas sempre falávamos, e mesmo depois de eu deixar o serviço militar, continuamos sempre em contacto,sempre me perguntava pelo Natal: Pinheiro como está a tua família, e mais conversas que tínhamos, durante o ano até à pouco tempo foi assim. Foi com grande tristeza que recebi a noticia, que fisicamente nos tinha deixado. Quero dizer: muito obrigado Capelão Amorim, por tudo, "e ele sabe a que me refiro", ficará sempre na minha memoria e na memoria da minha família. Até sempre GRANDE AMIGO. Pinheiro Escola de Abril de 80.

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    1. Caro amigo Pinheiro foi também com grande pesar que recebi a notícia da morte do "nosso" Capelão Amorim. Escrevi já aqui e no Facebook sobre este grande Homem. Paz à sua alma.A.Dias 7531/79.
      Era da terceira de 79 mas repeti a recruta em Abril de 80 deves ter lembrar de mim era o chefe de pelotão da primeira e chefe de pelotão no ITUNES.
      Grange abraço.
      Minha pagina no face: Américo Silva Dias

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  3. Recordo de me ter contado, que na messe de Oficiais lhe terem dito que lhe seria imposta a boina se fizesse uma pista do lodo, ao que ele com o seu sorriso que lhe conhecíamos, como um pouco tímido, disse que só poderiam estar a brincar, isto em 1980 e estavam. Recordo o Homem, o amigo e um grande carácter. Até sempre meu amigo.

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  4. Foi também com grande tristeza que recebi a notícia deste grande Homem que foi o nosso Capelão Amorim. Homem de grandes valores, humanista, pessoa de bom coracao, íntegro, Homem de valores e de fé. Deixa-me muita saudade pois com ele partilhei muitos bons e menos bons momentos na Escola de Fuzileiros, na Força de Fuzileiros e na base Naval. Para ele a minha saudade e um até um dia. O único Capelão a quem lhe foi entregue a boina azul ferrete com todo o mérito. Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre. A. Dias 7531/79

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    1. Parece que o estou a ver a entrar pela primeira vez na Escola de Fuzileiros pela mão do capelão Sergio (penso que era o nome) um rapazinho do qual tenho muitas saudades muito bom homem. O primeiro orgão que existe ainda na capela foi proposto ppor mim ao Serviço de Abastecimento e com ele. Descansa em Paz grande amigo que me ajudou muito.

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  5. Que arrepiante e lindo testo que parecido tirado de um livro que nos enternece a alma é a pura verdade, tive o privilegio de privar com esse ser humano tão digno de ter vindo a esta vida, mas tenho a certeza que ele está e estará sempre vivo quem faz e pratica o bem nunca morre. Bem-haja padre Amorim e Parabéns.

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  6. Guilherme Reis18.2.18

    Foi um Senhor que conheci em 1989 na Escola Naval, pessoa muito discreta e de uma capacidade relacional impressionante. É dificil de explicar mas era aquele tipo de pessoa com que é extremamente fácil empatizar. No dia em que tomei conhecimento da sua partida, fiquei triste, muito triste pois certamente o país e o mundo perderam um grande Ser humano, continuará e viverá na minha memória, garantidamente enquanto eu por cá andar

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  7. Anónimo19.2.18

    Sao pessoas boas que deixam saudade, mas chegou a sua hora de deixar este mundo material, só peço que no outro estado de vida o espiritual esteja em paz e que nos ajude a nós todos neste mundo material a suportar os momentos negativos rezando e ajudando afastar o negativismo e colocando o positivismo é a saude fisica e saude financeira saude da justiça a oraçao no nosso espirito que faz falta essa alimentaçao nao é só alimentaçao do corpo mas a espiritual

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