quarta-feira, 29 de julho de 2020

PE. CORREIA DA CUNHA - JOC «OS DOENTES» IV











MISSÃO DE VIDA: VOCAÇÃO PARA OS DOENTES


O Padre Correia da Cunha esteve à frente da Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, de 1960 a 1977( durante dezassete anos). Ao assumir o governo da paróquia deparou-se com muitos problemas. A regência da paróquia estava entregue a «uma dúzia de beatas» que era «as donas daquilo tudo». Era uma freguesia morta e envolta numa trama de relações e ligações demasiado arcaicas. O jovem pároco vinha cheio de ideias inovadoras. Era um intelectual, um padre fiel mas pouco conformista. Para renovar a paróquia era necessário restituir-lhe gente nova e criar compromissos de empenho social. Vinha da Marinha de Guerra, onde exercia as funções de capelão no Hospital da Marinha. Pelo texto deste coro falado que hoje publico, o Padre Correia da Cunha desde de sempre teve uma predilecção pelos doentes, que considerava que o seu sofrimento era a grande força para o seu ministério. Os doentes eram um dos seus mundos.



Acompanhei o Padre Correia da Cunha em muitas visitas às casas dos seus paroquianos doentes. Hoje poderei testemunhar que aquelas visitas o enchiam de muita energia e felicidade. Nessas visitas sempre tratava os doentes pelos seus nomes próprios . Dedicava vários dias da semana para ir de casa em casa do bairro, onde houvesse doentes e pessoas em sofrimento, mesmo nos ambientes mais pobres. Recordo-o sentado junto do leito de cada doente, falando com todos eles com uma delicadeza paternal.

Na casa de cada doente, sempre havia outros elementos da família, que lhe exponham os graves problemas por que estavam a passar. A segurança social à época era uma miragem. Sempre deixava um envelope com dinheiro para as necessidades mais insistentes da família. Havia uma sincera atmosfera de caridade.

O Padre Correia da Cunha era duro para aqueles que dele se abeiravam, na tarefa da pedinchice e que faziam dessa arte uma profissão. Sofria muito por aqueles que na penumbra da sua casa passavam tantas dificuldades e até fome. Ele considerava que era nos espaços recatados que se tinha de viver a misericórdia e a compaixão, para a força da igreja.

Cada pessoa era importante para ele, e para cada um tinha uma palavra delicada e um gesto certo. Com ele aprendi: «que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita.» O seu ministério era ir de casa em casa para ver e sentir, as necessidades dos seus paroquianos, e contribuir para as solucionar, sem que fossem eles a procurarem a ajuda ou preencherem formulários. A pobreza não era para ser exposta ou o caixote do lixo dos ricos. Quantos lares... não eram apoiados pelo prior de São Vicente de Fora na  mais absoluta confidencialidade!





OS DOENTES

(Durante o desfile do cortejo que transporta os doentes nas macas e cadeiras de rodas em todo o «stadium», a multidão de pé, em silêncio faz a continência jocista!

Dirigente:

Honra a Vós, Irmãos doentes!

Vai para vós o nosso amor mais fervoroso.

Honra vos seja

A Vós, lutadores da primeira linha

A Vós que trabalhais na obscuridade

Das fundações.

Enquanto nós, os que gozamos saúde

Construímos a luz do sol e ao ar livre,

As torres altas do nosso edifício!

Coro Jocista:

Irmãos doentes.

Honra vos seja!

Dirigente:

É aos vossos sofrimentos

Tão nobremente aceites

Que nós devemos

O triunfo do nosso apostolado!

No silêncio das enfermarias

Na solidão de vossos quartos de doentes

A vossa fraqueza faz a nossa força!

Coro Jocista:

Irmãos muito amados, coragem!

Dirigente:

Quando vós sofreis mais

Ou quando as vossas dores se aquietam

Sempre Deus está convosco,

Sempre Deus vos abençoa;

E o que Deus quere

É sempre o melhor!

Coro jocista:

Bendito seja Deus!

Dirigente:

Não vos esqueçais:

Foi do sangue dos mártires

Que germinaram triunfantes

as primeiras legiões cristãs!

Não vos esqueçais:

Cristo pregado na cruz

Pela sua morte

deu-nos a Vida

Coro Jocista

Bendito seja Deus!

Dirigente:

Sobre a patena

Que o sacerdote levanta para o alto

em vosso nome,

bem junto à hóstia do sacrifício.

Vós pusestes o vosso dom,

O sacrifício que é o vosso 

- a doce aceitação do vosso sofrer

Isto que fazeis por nós,

Nunca o esqueceremos.

Multidão:

Nunca! Nunca!










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