sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

PE. CORREIA DA CUNHA E OS COMPORTAMENTOS

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‘’Viver a caridade na vida quotidiana e ter um coração grande é a mais bela das orações…’’ Pe. Correia da Cunha







Durante o muito tempo que convivi e acompanhei Padre Correia da Cunha, não me lembro de ele ter sido um pregador de muitos legalismos ou de acusar alguma vez comportamentos humanos. Lembro-me, porém, de se acusar todos os dias de ser pecador e de servir uma igreja pecadora. No cânon da eucaristia onde estava escrito: ‘’ oremos pela Santa Igreja…’’ Padre Correia da Cunha improvisava logo: “oremos por esta Igreja pecadora”.

Sempre tive muitas dúvidas sobre aqueles que acusam os outros sem reconhecerem que antes de acusar, a razão da acusação pode estar neles mesmos.

Creio que um dos seus grandes e sábios segredos era o de não condenar, mas antes o de apontar caminhos indulgentes, que cada um, dentro da sua Santa Liberdade de filho de Deus pudesse optar…tudo era permitido desde que o amor e o respeito da dignidade de filho de Deus do próximo imperasse.

Jesus Cristo não foi condenando a desventurada prostituta que conquistou o seu coração.

Ninguém poderá contar com um ‘’amigo’’ que condena, castiga e culpa e aponta o dedo para a chaga que certamente causará já por si um enorme e humilhante sofrimento. O Deus que Padre Correia da Cunha experimentava era um Deus de misericórdia e de amor. Nós, quando jovens, éramos mais interpelados pelo respeito e serviço aos irmãos que ele considerava a mais verdadeira das orações, do que por incumprimento de regras ou comportamentos considerados pelos mais puristas, menos dignos.

A Padre Correia da Cunha várias vezes lhe ouvi tecer a seguinte afirmação: as pessoas só são capazes de respeitar uma regra se a compreenderem. Se não, nunca a respeitarão. Se a regra for imposta pela via do medo ou pelo confrangimento, na hora em que estiver isolada destes, ou daqueles que impõem as regras, ela desfaz-se. Desde sempre, a maior preocupação de Padre Correia da Cunha era a de que tudo teria de ser bem compreendido e interiorizado. Ninguém vive e ama aquilo que não compreende ou que não consegue interiorizar pela luz da fé.

O cristianismo era muito mais do que o cumprimento de regras e rituais. Era uma vivência consciente e permanente. Não eram as muitas missas, nem as muitas leituras dos devocionários, nem reza de muitos terços e orações escritas que nos redimem. E tudo isso só teria algum valor se trouxesse um profundo sentido à nossa vida e se fosse gerador de uma transformação do coração, tornando-o cada vez mais generoso e misericordioso e com maior disponibilidade para amar o próximo. E o próximo era aquele com quem vivemos e convivemos diariamente; pois acusar os erros do mundo era e continua ser o mais fácil…

Para Padre Correia da Cunha não adiantava muito rezar se continuássemos a ser arrogantes, hipócritas e intolerantes… As suas pregações eram cheias de frontais reprimendas, mas pela falta da vivência da caridade. O cristianismo sem caridade era um profundo engano. Jesus Cristo veio para nos libertar e ensinar amarmo-nos uns aos outros. Como ele referia: ‘’parece tão simples mas tão difícil de concretizar na prática’’.


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