Foi precisamente há quarenta anos que perdemos um amigo.
Nesse dia 2 de Abril de 1977, pelas ruas, travessas, becos e pátios...da paróquia de São Vicente de Fora corria uma triste noticia: O padre Cunha morreu.
Os sinos deixaram de tocar, os nossos corações deixaram de pulsar, naquela amarga hora enfraqueciam-se as nossas energias. Uma tristeza profunda a todos cobria.
Foi com um extremo desânimo e profundamente fragilizados que voltamos a entrar naquele templo… nunca mais encontraríamos o amigo que nos acolhia sorrindo, e nos aconselhava com tanta bondade. Era um homem bom que todos tínhamos perdido.
Tudo nos entristecia e quase nem a esperança conseguíamos abraçar naquele dia 2 de Abril de 1977 na Igreja de São Vicente de Fora.
Passados 40 anos os seus muitos amigos quiseram homenageá-lo na igreja que foi sua. Ele esteve lá invisivelmente, mas bem presente, porque viverá para todo o sempre naquela igreja que povoou com todas as suas ilusões de sacerdote. Queria transformar o mundo, com sua juventude, muito trabalho e tanto saber.
O Padre Correia da Cunha amava aqueles espaços, tão seus e que a sua alma queria.
Hoje sentimo-lo bem presente aquando da execução da obra de sua autoria "Portugal Marinheiro" superiormente interpretada pelo Coral Stella Viatae e ao som do seu tão querido órgão barroco.
Todos experimentámos a arte e beleza dos versos do:
PORTUGAL MARINHEIRO
As ondas do mar infindo,
Andam todas a cantar.
Esse poema tão lindo,
Que Deus quis beijar o mar.
E o Mundo maravilhado
Por tal prova de grandeza
Ouve o mar enamorado
Cantando, como quem reza
Meu Portugal Marinheiro,
Noivo das ondas do mar,
Tu és no mundo o primeiro!
Segue o teu rumo a cantar!
Por sobre as ondas do mar,
Na formosa Nau da Glória,
Vai Portugal a traçar
Rumos novos à História!
Força os Portais dos Segredos
do Mar-Oceano fundo
E, vencendo antigos medos,
Dá novos mundos ao Mundo!
Na linda Nau Catrineta
Portugal se faz ao Mar,
Bom marinheiro e Poeta,
Deus o quer sempre a cantar.
O seu heróico passado
É bem digno de memória
E será por nós honrado
Nesta brilhante homenagem falou-nos um
filosofo, um sonhador, um monge beneditino… que soube aspergir com tanto talento
o sublime perfume do homenageado.
Quarenta anos decorridos. E todavia, o teólogo ISMAEL SANCHES retratou o seu prior e amigo como se fosse hoje, usando de uma linguagem elegante que a todos encantou.
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