«PACTO DE AMOR… COM VISTA À
PROCRIAÇÃO E EDUCAÇÃO DOS
FILHOS.»
Nestes cursos de preparação para o matrimónio da autoria do Padre Correia da Cunha, o casamento canónico é tratado como um «pacto de amor», sendo o amor dos cônjuges o ponto crucial da teologia matrimonial.
Era sua preocupação apresentar valores que contribuíssem para a sustentabilidade dessa livre união, ou seja o amor como princípio de força e comunhão conjugal assente na fidelidade. A poliandria e a poligamia não só ferem a dignidade humana como excluem a formação de um lar fecundo e feliz.
Só um amor monogâmico pode valorizar a igualdade dos cônjuges e fazer com que um casamento seja uma verdadeira história de amor.
Estas palestras do Padre Correia da Cunha, de preparação pré nupciais visavam mostrar que o casamento é um processo de amadurecimento afectivo que conduz à procriação.
Para o Padre Correia da Cunha os filhos para serem bem formados, precisavam não só do amor dos pais, mas do amor entre os pais. Neste contexto o amor não só ocupa um lugar central no casamento religioso como se constitui no seu fundamento.
texto de Padre Correia da Cunha
A UNIDADE: Falamos já de duas
condições necessárias para a realização do matrimónio, a saber, a Capacidade
moral e física, e a liberdade consciente de contrair o vínculo matrimonial com quem
se quer desde que ambos os nubentes estejam nas condições de casar validamente
Falemos agora de uma terceira
condição, a saber, a Unidade. Unidade quer dizer monogamia, isto é casamento de
um só homem com uma só mulher.
Opõem-se à monogamia, ou seja, à
unidade matrimonial, a poliandria – estado em que uma mulher tem vários homens
– e a poligamia – estado em que um homem tem várias mulheres.
Qualquer destas duas situações é
contrária aos fins do casamento, e, portanto, é inadmissível entre gente
civilizada e muito mais entre gente cristã.
Com efeito, a poliandria,
situação em que vários homens têm relações com uma mulher, trás consigo:
a) infecundidade pois normalmente o abuso das relações sexuais torna estéril a
mulher. É João de Deus, o grande poeta lírico do século XIX, quem diz que «Deus
à prostituta não dá honra da maternidade».
b) A
prostituição da mulher que normalmente se sente um animal de prazer para os
homens com que vive. A entrega do corpo ou corresponde a um amor, isto é, ou se
considera como símbolo, sinal de amor das almas, ou é um simples acto animal,
indigno do ser humano que é mais do que animal.
c) A
degradação do homem. Este sente-se simplesmente um macho como os outros que
usam a mesma mulher e não um ser superior com quem ela reparte os carinhos e
comunga uma vida de família.
d) A
ruína moral e física dos filhos que por ventura nasçam. Realmente sem se saber
qual é o pai, como é que algum dos homens pode tornar o seu corpo a formação da
criança?
E dado o abuso
das relações sexuais a criança normalmente nascerá com taras e deficiências físicas.
e) Além
disto tudo, há a própria desgraça física e moral da mãe, como é fácil concluir.
A poligamia, em
que um homem tem várias mulheres, embora não tenha tão graves e funestas
consequências, tem, no entanto, tremendos horrores a castiga-la.
1º. A destruição
da família. Um homem que vive com várias mulheres é um homem sem lar. Não quer
dizer que não possa ter filhos de todas; mas onde é que está o ambiente de
família, o sentido das responsabilidades paternais, o amor dos filhos para com
o pai e até entre si mesmos? São todos filhos do mesmo pai, talvez, mas não se
sentem irmãos!
2º. O homem
macho. Numa situação destas o homem sente-se unicamente o macho que fecunda, e
que normalmente se esgota até sob o ponto de vista físico.
3º. A mulher
fêmea. Unicamente fêmea visto que não partilha dos carinhos e amizade
conjugais, mas só a que serve de prazeres meramente animalescos. E se alguma é
a favorita, logo as outras, que dão ao homem o seu sexo como a própria
favorita, sentem a inveja e o ciúme por não terem filhos, com que direito é que
os da favorita são filhos queridos e os outros não?
4º. Perde-se o
sentido da fraternidade, como é óbvio.
5º. Não pode
desenvolver-se a educação dos filhos nem o verdadeiro amor entre o homem e as
várias mulheres. Podíamos acrescentar ainda muitas outras razões. Mas cremos
que estas são mais que suficientes para que entre gente civilizada se evite tão
horrível flagelo. De resto, a poligamia presta-se a que as mulheres reduzidas a
simples fêmeas sejam facilmente desprezadas logo que se tornem pouco
apetitosas, e, por consequência, se atirem para a prostituição, até por ciúme.
Por tudo isto, o
casamento tem de ser monogâmico, isto é, de um só com uma só. União total para
toda a vida é a única que estabelece uma solidariedade, uma comunhão perfeita
entre ambos e cria as condições de fidelidade fundamental entre o homem e a
mulher, criaturas humanas, criadas por Deus com iguais direitos e deveres.
Forma a entidade
moral, a família, em vista da procriação e educação dos filhos.
União moral: só
a monogamia favorece tal união entre os esposos:
- União de duas
vidas e de duas almas, para além da satisfação das paixões carnais.
União de
igualdade: só a monogamia concede dignidade à mulher igual ao homem.
Unidade
familiar: só a monogamia permite a educação séria dos filhos pelo pai e pela
mãe, unidos para essa grande obra da formação de homens.
Isto é tão claro
que dispensa mais comentários.
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