«A MELHOR ORAÇÃO É A CARIDADE!»
Guardarei sempre com muita
gratidão a lembrança da máxima do Padre Correia da Cunha: «A melhor oração é a Caridade».
Foi esse o caminho que sempre procurei trilhar ao longo da vida.
O Padre Correia da Cunha
abominava as orações discursivas, orar para ele era um acto de afectividade e
agradecimento. No profundo silêncio, escutar na intimidade a forma de cultivar
o Amor a Deus e aplicá-lo à realidade na qual vivia. Nas celebrações litúrgicas
os leccionários e ordinários serviam apenas como tópicos, as orações, súplicas
e salmos brotavam do fundo do seu coração, adaptadas ao momento presente e eram
sempre fruto da sua imensa inspiração poética.
O que considerava essencial era
que cada um de nós, a começar por ele, se tornasse mais humano à semelhança de Jesus.
Mas lembrava que este processo não era resultado só do esforço humano, por
muito que o desejássemos, mas antes pelo contrário, era consequência da Graça
Divina. ‘’O espírito sopra onde quer,
e ouve a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. (Jo.3.8)’’.
O Padre Correia da Cunha deixou-nos também uma definição lapidar do
cristianismo: «É uma vida que se vive e não um compêndio de ideologia que se
aprende».
A espiritualidade é portanto um estilo de vida, um modo de sentir,
pensar e agir segundo o sopro Divino que é amor, alegria, paz, bondade,
fidelidade…
Ninguém melhor que o Padre Correia da Cunha compreendia o amor entre
um rapaz e uma rapariga. Tinha uma longa experiência no trabalho com os jovens,
ancorado na sabedoria da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja;
apresentando de maneira clara, directa e objectiva tudo aquilo que os namorados
precisavam de saber e viver para cumprirem a bela missão que Deus ambicionava
para esse amor, que germinava no coração de cada um dos enamorados.
Era verdadeiramente um grande orientador espiritual para os jovens que
iniciavam os seus galanteios pelos claustros do mosteiro de São Vicente de
Fora. Ainda hoje recordo essa sua grande missão e preocupação em cuidar com
sabedoria e espiritualidade os aspirantes a formarem uma família cristã.
Oiço ainda hoje muitos
testemunhos de gratidão pela imensa obra que tantas famílias da Armada e da
Paróquia de São Vicente beneficiaram com essa sua acção pastoral.
TEXTO AUTORIA DE PADRE CORREIA DA CUNHA
O fim é sempre idêntico, os caminhos diferentes.
Aplicação concreta.
Outros pontos importantes: vida de oração e vida afectiva.
Frente ás dificuldades.
Como resolver?
A grande lei da Caridade Cristã: Diligere
Deum super omnia, et proximum sicut se ipsum molaribus instat; é o grande
princípio idêntico e único para todas as pessoas, mas as aplicações são, sem
dúvida, diferentes.
Assim os jocistas podem
glorificar a Deus e amá-lo segundo o seu estado o permita. Não é só poder é
também dever. A doutrina que os jocistas percebem melhor, nunca nos esqueça, é
a do Corpo Místico.
Lembremo-nos que os jocistas
precisam de um grande ideal para o alimentar uma grande espiritualidade. Que
comportará pois, a aplicação da doutrina evangélica nos nossos jocistas? Na
prática traz muitas dificuldades.
Nós devemos deixar que se
desenvolva nos jocistas o espírito de classe… Não é contrário ao preceito da
caridade universal, antes pelo contrário, é conforme aos planos da Providência
sobre eles e o papa quere a Acção Católica especializada: operários com
operários, engenheiros com engenheiros, São Paulo faz-se judeu com os judeus,
gentios com os gentios…
E ainda será o espírito
nacionalista exagerado ou o universalista contrário à Doutrina Cristã? Se
qualquer deles o for, será o assistente o trabalho, tarefa de o tirar e de não
deixar que se intrometa. E a comunhão frequente que excelente meio de
santificação pode prejudicar a vida corporal e social do jocista. Que devemos
nós sacrificar a saúde e o dever de estado à alegria de receber todos os dias
Nosso Senhor ou ao contrário?
A vida de oração e a vida
afectiva são outros pontos da máxima importância. Qual será a vida de oração
que o assistente deverá inculcar no espírito dos seus jocistas? Deve levá-los e
orientá-los a uma vida de oração mais afectiva que discursiva? Ou conduzi-los
pelos caminhos por que ele próprio passou? Até que ponto lhes pregará o
desprendimento do coração a vigilância dos sentidos? Deve preservá-los de toda
a afeição, falar-lhes do matrimónio como uma oração secundária? Ou fazê-los
pensar nele e desejá-lo?
Perante tais dificuldades não
basta ao assistente ser um santo sacerdote, consciencioso director de almas mas
é lhe necessário também estudar o problema da direcção dos jocistas em
particular. Os jocistas têm certas necessidades que outras classes sociais não
terão. E são os jocistas que o assistente deve formar e conduzir na sua vocação
jocista ao completo sentimento e vida divina. Deve pois o assistente estudar a
situação os meios em que estão e procurar uma resolução conveniente na sua vida
de cristãos de operários e de jovens sedentos de um grande ideal de futuro…
Como resolver tais dificuldades?
Uma solução se propõe: o estudo serio universal e singular delas e a sua
aplicação pratica, raciocinar sobrenaturalmente, sacerdotalmente a nossa acção
confrontando-a com os princípios que a nossa teologia dogmática e pastoral
escrituristica que nos fornecida durante
o tempo de seminário e que não deixaremos de ver de vez enquanto.
Devemos trabalhar para fazer ver
aos jocistas a grande realidade da vida de Cristo do cristianismo nas suas
almas e sobretudo faze-los viver…
Devemos pensar no grande problema
da direcção espiritual destes jovens operários que serão os apóstolos junto de
seus camaradas e as pedras fundamentais desta grande catedral que eles tanto
desejam construir: a catedral de uma vida da melhor decência de amor e
esperança. Uma vida sobrenatural de Cristo neles.
Mas antes de mais nada
formar-nos-emos a nós mesmo formar em nós os assistentes jocistas com a vida de
oração, de caridade, como a vida de Cristo sacerdote!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário