terça-feira, 2 de outubro de 2018

PE. CORREIA DA CUNHA – ACÇÃO CATÓLICA VI
















« A VIDA CRISTÃ NÃO SE DESCREVE, EXPERIMENTA-SE E VIVE-SE.»




A intenção do Padre Correia da Cunha com estas lições era ajudar os outros, fazendo uso da sua própria mestria, vivência e experiência. Os problemas abordados nestas lições continuam contemporâneos e relevantes para todos os que se interessam por temáticas da espiritualidade. A espiritualidade cristã tem algumas características essenciais, bem definidas pelo Padre Correia da Cunha neste belo texto. Era a verdadeira dimensão do mistério das verdades objectivas da doutrina traduzida para a vida quotidiana. 

Deus tem um plano especial para cada um de nós: que sejamos parecidos com Jesus e tenhamos um vida vitoriosa nele, para isso, precisamos de estar sempre muito atentos na nossa relação pessoal com Ele.

Todos somos chamados à Santidade, embora esta se exprima de vários modos e segundo o carisma de cada um; a espiritualidade não é um estado, mas uma forma de viver a fé cristã a partir dos impulsos da nossa vida sobrenatural para participarmos da vida divina.

Espiritualidade não é exclusão da materialidade, mas a relação ou união do homem todo-corpo e alma – com o Espírito com Deus.

Neste texto o Padre Correia da Cunha apresenta alguns conceitos divinos e mostra que, ao atendê-los, isso produz transformações em nós, em nossos familiares, amigos e na sociedade. Ouvir e aceitar os chamamentos de Deus é um projecto para toda a vida. Ouvi-lo significa vida, e vida em abundância e vitoriosa.

Se o Espírito de Deus é um, num primeiro momento podemos dizer que só há uma espiritualidade e todos os que fazemos parte da Igreja somos chamados à santidade, pois a verdadeira vida cristã não se descreve, experimenta-se e vive-se.

Para o Padre Correia da Cunha a tarefa de cada um de nós deve ser pois o de conhecer o evangelho e através dele transformar o mundo. Jesus Cristo é o nosso mestre e por Ele, e iluminados por Ele, a nossa vocação é render-nos à compaixão para com o nosso próximo.



Texto da autoria de Padre Correia da Cunha


Exigências da vida cristã. O que não é – o que é? 

Se a vida natural merece tão grandes cuidados quantos, não merecerá a vida sobrenatural num plano muito diferente.

A vida cristã aspira a penetrar todo o homem e a transforma-lo completamente; esta vida deve ser totalitária nem só por dentro nem só por fora, nem tampouco é para estar metida numa gaveta bem fechada donde se tira para usar dela apenas algumas vezes na semana. Não é uma receita, nem mesmo se pode comparar a uma companhia de seguros contra os riscos da salvação eterna, nem tampouco uma secção da nossa actividade, nem um pesado encargo suplementar da nossa dependência de Deus. A vida cristã não é nada disto: mas pelo contrário é uma transformação funda da natureza humana, elevada à participação da natureza divina. É total de todas as horas. 

Não é uma faculdade mas requer todas as potências do homem numa palavra; é toda a energia da vida inteira orientada para o fim sobrenatural.

Ambas as vidas: natural e cristã encontram-se no mesmo indivíduo. 

Há no homem duas fortes tendências que lhe fazem violência: uma natural de que faz parte, outra sobrenatural pela qual Deus o têm elevado à participação da sua própria natureza. A vida religiosa, é a resposta que se deve dar a Deus. Deus é o fim último, será a descoberta terrível que saberão os condenados pois não é pena de fogo que é a mais terrível mas sim a do dano. 

Esta dupla resistência traduz-se em lutas contínuas.

Não há duvida nenhuma: a voz da fé é energia mas o homem a pouco e pouco a pode apagar mas a voz da natureza nunca a pode apagar. 

A generosidade para com Deus nos levanta a coisas muito superiores, por isso facilmente podem vencer muitas dificuldades com relativa facilidade.


A Igreja Católica e o Mundo 

O gravíssimo problema que todo o indivíduo deve resolver é o que se levanta entre a religião e a vida, entre a Igreja e o mundo isto é: entre o cristianismo e o progresso.

A luta que existe entre a voz da natureza e a graça não é mais que um episódio. Os mesmos princípios que permitem resolver e superar o primeiro problema, da mesma forma nos dão a possibilidade e a chave para resolver os problemas tanto o individual como o geral.

A vitória sobre o mundo – primeiro aspecto. 

As duas atitudes que podem ter o cristão perante o mundo são: Servir a Deus no mundo. Servir o mundo por Deus.

Devemos considerar e olhar o mundo como uma coisa transitória e passageira, acrescentando-nos dificuldades para chegarmos a Deus. Não podemos prescindir dos meios e mais coisas para nos santificarmos na vida presente, assim como ao nosso próximo: Hoje existem coisas no mundo de que podemos usar para a nossa santificação, mas todas estas coisas devem ser limitativas; porque temos a considerar algumas nos são nocivas, outras inconvenientes, vigor e saúde na ordem natural é bem, mas passando à ordem sobrenatural é um grande bem: ter saúde para estudar no Seminário é óptimo mas para a estragar em lupanares é uma verdadeira catástrofe, e portanto mais-valia não a ter. 

Devemos, resumidamente, evitar todos os obstáculos que se apresentam à nossa santificação.



A vitória sobre o mundo – segundo aspecto. 

Servir o mundo por Deus, ou seja a recondução do mundo a Deus, tendo por cabeça: Jesus Cristo isto é o ideal que nos deve preocupar.

O mundo foi criado por um Deus infinitamente bom, unicamente para sua Glória extrínseca porque Deus não pode aumentar a sua Glória intrínseca.

O primeiro aspecto foca mais atenção sobre as desordens introduzidas pelo pecado e as graves consequências, segundo observa a ideia geral do plano divino na criação (i.é: a Glória de Deus). 

Tudo no mundo é para nós e nós somos para Cristo e Cristo é de Deus, dizia São Paulo.

A consequência é que não se trata de pontos de vista antagónicos mas complementares, na prática. A vida espiritual consiste em unir e conciliar os dois. Necessita-se de maior heroísmo para resistir do que atacar. Segundo nos ensina São Tomas. Nunca devemos ferir o amor-próprio de ninguém. 



















.









Sem comentários:

Enviar um comentário