«O HOMEM FOI CRIADO PARA DAR GLORIA A DEUS!»
Em certas
ocasiões da nossa vida, relembramos aulas aprendidas na nossa infância. Ao
transcrever esta lição do Padre Correia da Cunha aos jocistas, veem-me à memória
muitas coisas ouvidas nas catequeses deste zeloso pároco.
Como a voz
do eco, o passado surge trazendo à minha mente as palavras do Padre Correia da
Cunha, na sessão inicial de preparação para a minha primeira comunhão: “fomos criados para servir e amar a Deus”.
Todas as pequeninas coisas que fazíamos como crianças, eram para a glória de
Deus…
Deus criou
o mundo e tudo o que nele existe; tudo foi criado para a glória de Deus.
Já na minha
adolescência, muitas vezes interroguei o Padre Correia da Cunha: Porque o plano
de Deus não contemplava um mundo onde todos vivêssemos na paz, na justiça e na
fraternidade?
Havia uma
grande verdade e que estava entranhada na profunda crença deste sacerdote – o
pecado original. Se me recordo, este era o seu discurso: - O homem pecou, errou…
que originou uma ruptura do homem com a sua origem, que era Deus. Esta falha
ficou indelével no coração de todos os homens. O pecado da origem é
perceptível, detectável e sentido por todos e cada um de nós. Foi um acto de
desobediência a Deus. 0 Homem dotado de inteligência e de vontade quis
experimentar a sua capacidade de decidir indo contra à vontade de Deus que o
queria imensamente feliz. Esta experiência tornou-nos uns desgraçados e
marcou-nos para sempre, desde a origem da humanidade.
É urgente e necessário que o homem volte a adorar a Deus observando e praticando agora a nova lei de Jesus Cristo e só assim será possível viver para sempre em paz, justiça e fraternidade. Texto da autoria do Padre Correia da Cunha
Quadro plástico ou vivo que
representa ou que explica a solução do problema.
O Reverendíssimo Chanoine Pe
Glorieux digníssimo e ilustríssimo Professeur au Grand Seminaire de Lille e
erudito autor do nosso livro apresenta um quadro plástico que garante a
autoridade: é o seguinte:
«Encostados a um muro
encontravam-se quatro escadas de mão. Junto de cada uma um homem, melhor um
jovem. O primeiro é um desportista, o segundo um trabalhador manual, o terceiro
um trabalhador intelectual e finalmente junto da ultima escada um jocista com a
sua insígnia e a cruz que representava a sua fé e vida cristãs.
Havia um árbitro que dava o sinal
para subirem as respectivas escadas. Ao primeiro sinal o desportista com toda a
facilidade ginasta trepa rapidamente ao cimo do muro, enquanto que os outros
três ficam nos primeiros degraus.
Qual o seu significado? – o seguinte,
continua o autor, significa que ele não passava de um desportista; fraco
trabalhador e mais fraco ainda sob o ponto de vista cristão.
Ao segundo sinal é o trabalhador
manual que sobe a escada até acima ficando os outros nos primeiros degraus. Isto
significa que era unicamente trabalhador. Pouco se interessa das questões
intelectuais e só rezará quando faz trovoada!...
Ao terceiro sinal e o trabalhador
intelectual que vai na dianteira. Chega ao cimo, vê… mas não tem tempo para
mais…
Ao quarto sinal sobe o jocista
mas…não vai só arrasta consigo os outros todos. Quer isto dizer que o jocista é
jocista em todos os sentidos, meios e condições: quer nos jogos, quer no
trabalho tanto manual como intelectual etc…o jocista é sempre jovem, operário e
cristã.
PLANO INICIAL DO CRIADOR
Nunca devemos esquecer o grande
princípio: «todo o homem foi criado para dar glória a Deus pelo desenvolvimento
de todas as energias, forças e actividades» Estas faculdades eram boas e
auxiliares na nossa perfeição porque eram mantidas na perfeita harmonia pelos
dons, principalmente pelos sobrenaturais no estado de justiça original.
O homem além de rei era o
pontífice da criação por isso devia por , a sua inteligência ao serviço harmonioso do seu fim ultimo : dar
glória a Deus.
O homem era a «obra-prima» das
mãos criadoras de Deus, no mundo visível é claro, a ponto de exclamar: Glória
Dei vivens homo!
A salvação tanto antes como
depois da queda original é uma obra pessoal e individual.
Perguntava São Francisco de Sales
qual seria melhor o estado actual ou o primitivo, o original? A esta pergunta
ele mesmo se respondia: O estado actual é cem vezes melhor! Não cabe nenhuma
dúvida que a graça da redenção é incomparavelmente superior.
Deus tratou-nos com tanto carinho
do qual não podemos ter a menor ideia, essa ideia torna-se tanto mais clara e
forte quanto mais for a nossa fé.
Após a queda original – É
impossível imaginar catástrofe maior do que a que foi causada pelo pecado
original, porque todas as outras catástrofes são uma consequência da primeira.
Foi destroçada a harmonia da
criação embora as criaturas sejam boas, todavia o homem passando a carecer de
integridade nativa, carece também da prudência e discrição necessárias para se
utilizar bem dos bens da terra, e tende a açambarcar egoisticamente e a
encaminhar todas as criaturas á satisfação das suas paixões desordenadas da sua
concupiscências, por ser assim desvia-se do seu caminho e da ordem querida pelo
plano do criador. Daqui a importância de estabelecermos a ordem primitiva e reconquista
da obra da realeza das criaturas sendo para isto necessária uma completa
indiferença a respeito de todas elas como diz Santo Inácio: «No plano original
todas nos ajudavam sempre, mas hoje vemos que não é assim.»
A NOVA ORDEM DE COISAS
A nova ordem aspira a
reconquistar a primitiva como já dizia São Paulo (Romanos VIII. O mundo espera
ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus, porque todo ele está sujeito à
vontade não por seu querer, mas pelo daquele que o sujeitou.
Toda a criatura é boa embora por
vezes possa ser ocasião de pecado para quem não domina em si as paixões e
caprichos, mesmo no estado presente. Não perdendo de vista que se trata do
homem total sob o duplo ponto de vista da sua vida natural e sobrenatural.
Tenhamos sempre presentes esta
regra de oiro: «Devemos usar das criaturas como se as não usássemos,
lembrando-nos sempre de que são meios e não o fim (Coríntios VIII – 30-31)».
TUDO DEVE DESABROCHAR REFORTIFICAR
PARA DEUS
O homem deve tomar muito a sério
a uma vocação de Filhos de Deus. Tanto a vida natural como a sobrenatural devem
sempre desenvolver-se e aperfeiçoar-se até atingirem toda a perfeição possível.
Isto exige, é verdade, grandes e contínuos esforços durante toda a vida, mas
nunca as religiões deve entrar em conflito com a vida natural e muito menos
acima esta com aquela.
As duas vidas nunca se devem
aniquilar ou contrariar uma à outra, antes pelo contrário devem desenvolver-se
paralela e totalmente fazendo entre si uma espécie de com próximo.
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