quinta-feira, 12 de setembro de 2019

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA








Os amigos que partiram…








IN MEMORIAM


MARINA HELOÍSA ÁLVARES SERRÃO

 (1935-2019)




Marina Heloísa Álvares Serrão  – nasceu na cidade de Santarém, no dia 14 de Janeiro de 1936 e faleceu na cidade de Lisboa, no dia 9 de Setembro de 2019.

Marina Serrão! Nome que é um símbolo!

Era símbolo de crença, de bondade e de quantas boas e indescritíveis qualidades. Era uma mestra! Era uma grande catequista! Os adolescentes procuravam-na, buscando os encantos do seu convívio. A todos recebia de braços abertos a todos auxiliava.

Era uma crente de uma fé esclarecida e sincera, um coração de ouro. Marina tinha uma nobre alma perfumada pelas regras de São Francisco de Assis, o amoroso contemplativo e doce amigo dos humildes. Era muito sensível  a todas as obras de caridade, onde participava no exacto cumprimento dos seus deveres de boa cristã. Era assim, uma verdadeira ‘franciscana’, reflectindo no trato e nas conversas com os seus jovens, esta nobreza de alma.

A esmerada educação, a tolerância e o carinho deviam pertencer à sua família, mas a ‘santidade’ essa era para todos e não herança de pessoa alguma.

Recordações…uma ficará para sempre gravada na minha memória. Aquela tarde do mês de Janeiro de 2009, quando a visitei em sua casa para lhe dar uma agradável surpresa. Mostrei-lhe os meus primeiros escritos de homenagem a um amigo comum: Padre Correia da Cunha (Pároco de São Vicente de Fora 1960-1977). Roguei que me transmitisse a sua qualificada opinião com toda a sinceridade e me dissesse o que sentia. Leu com muita atenção os textos, e no fim, voltando-se para mim, com aquele seu modo acolhedor, um grande sorriso, mas um ar triste: «João Paulo não se pode fugir a um dever, tanto mais quando esse dever corresponde ao sentir da nossa alma. Bem sabes da minha imensa admiração que tinha pela grandeza moral e de carácter do nosso saudoso prior». Depois disse-me: «o Padre Cunha, para mim, continua vivo nesta monumental igreja tão sua, a que tanto a sua alma queria… (pela janela da sala de visitas observa-se toda a panorâmica da igreja)».

Quem, como nós, tivemos a felicidade de gozar da sua convivência, sentimos-nos comovidos ao lermos estes textos.

Nessa tarde, falámos um pouco de tudo. A Marina ousou falar do sacerdote que ela adorava e aproveitou para evocar um passado de recordações de factos e episódios da vida desse amigo comum.

Falava com tanto entusiasmo, tanto calor, tanta vida que me parecia ressurgir no meu espírito toda a energia para levar por diante a missão de homenagear o grande Mestre de Vida. Muitos desses episódios foram inseridos no livro de que sou autor: Correia da Cunha (Padre-Marinheiro-Poeta).

A derradeira vez que a vi estava já prisioneira da cegueira. Festejou-me imenso. O seu imenso talento permitiu-lhe evocar com grande flagrância e singeleza as grandes personalidades do passado da Paróquia de São Vicente de Fora e dos tempos de convivência com o Padre Correia da Cunha. A sua inesquecível Anita Themudo Barata…

A Marina pelo seu primoroso coração, a sua sensibilidade pura e fina delicadeza conquistava os adolescentes e jovens, motivando-os no respeito cristão e humano bem como pelos interesses das suas vidas.

Assim, fecharei esta singela e sentida homenagem a Marina Heloísa Serrão, uma grande amiga da Comunidade Paroquial de São Vicente, onde desenvolveu uma excelente actividade pastoral em prol dos mais jovens.

Dai-lhe Senhor, o eterno descanso e brilhe para ela o esplendor da Luz eterna.

Paz à sua formosa alma!












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1 comentário:

  1. Ela levava toda a gente a fazer coisas que pareciam difíceis. Éramos crianças e adolescentes e, mesmo com o comportamento rebelde próprio das nossas idades, aprendíamos com a “Mãe” espiritual, na igreja de São Vicente de Fora, a realizar, de forma comprometida – umas vezes mais empenhados e outras menos – pequenas obras em prol da comunidade. Coisas simples mas que aos olhos de adolescentes pareciam coisas enormes.
    Marina Serrão ajudava-nos a escrever peças de teatro para levarmos a centros de dia e lares de idosos, ajudava-nos a pintar para colorirmos a vida de alguém, ajudava-nos a cantar para sermos voz de alegria, mesmo desafinados em tantos momentos, e encaminhava-nos, ainda pequenos, a conhecer pessoas que precisavam de ver e falar com gente.
    Agora que somos todos adultos e já não a temos entre nós, entendemos que aprendemos tanto com os que têm energia para edificar uma comunidade inteira. A Marina tinha uma força que só poderia vir do amor de Deus que vivia dentro dela. Ia por todo o mundo anunciar que vivemos acompanhados, em qualquer circunstância, no bom combate pela justiça em favor dos mais desfavorecidos.
    Assimilamos mais com os olhos do que com os ouvidos. É com o testemunho vivo do que vemos alguém de referência a fazer que podemos aspirar a ser melhores. Temos a promessa de que estamos acompanhados nesta travessia, até ao fim do mundo. É esta presença que sentimos que nos pode alimentar em cada viagem. Estamos atentos a quem encontramos no caminho?
    Sílvia Júlio
    “Um momento com Deus”, GDR – GauDium Rádio

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