sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E O EXAME DE CONSCIÊNCIA II

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’Ilusões de um Padre que sonhava mudar o mundo …’’


As celebrações penitenciais, que Padre Correia da Cunha realizava nos tempos fortes do Ano Litúrgico, eram muito participadas pelos seus queridos e estimados paroquianos. As suas preparações eram muito cuidadas. Padre Correia da Cunha procedia sempre à elaboração de um extenso e reflectido GUIÃO onde incluía os grandes pecados sociais, que eram sentidos nesse momento. Para Padre Correia da Cunha o pecado poderia ser um acto individual, mas a sua repercussão implicava sempre o próximo. Afectando o próximo, a Comunidade que partilhava ideais comuns, também era atingida. A celebração penitencial comunitária era o local e o momento certo para aproveitarmos também para nos reconciliarmos uns com os outros, com nós próprios e obviamente com o Pai que nos aguardava para aquele abraço que nos enchia de alegria, de paz e de luz.

Um pedido de desculpas em público era significativamente reforçado e a atitude de mudança era profundamente mais sentida e comprometedora.

Este Guião foi elaborado por si para os seus marujos no ano 1960. Sei que existem dezenas de Guiões para Celebrações Penitenciais, idealizados pelo Padre Correia da Cunha em função da vivência própria do tempo. Todos ficaríamos mais ricos com a publicação dessas magnificas peças de prosa e grande espiritualidade. Pergunto, onde estarão esses guiões?

Em Janeiro de 1977, quase no final da sua vida, assisti à destruição pelo fogo de muitos dos seus arquivos, carinhosamente construídos ao longo da sua vida sacerdotal.
Interrogado por mim, Padre Correia da Cunha sobre esse seu acto imprevisível, obtive como amaina resposta:

’ Tudo isto são ilusões… de um padre que imaginou durante uma vida em transformar o mundo…hoje, sente-se excessivamente cansado de o não ter conseguido… ‘’

Como sabemos Padre Correia da Cunha faleceria no dia 2 de Abril de 1977. Se foi seu amigo, faça a sua adesão a este blogue e envie documentação para publicação. É a forma de homenagear esta grande figura.





4º Mandamento – Honrar pai e mãe ( e os outros legítimos superiores).

- Faltei ao amor e ao respeito que devo a meus pais e aos meus superiores?
- Desobedeci-lhes?
- Causei-lhes desgosto deliberadamente?
- Procurei evitar-lhes aborrecimentos?
- Ajudei-os nas suas necessidades?
- Tenho rezado por eles?
- Tenho tido caridade e paciência para com os meus irmãos, parentes e iguais?
- Tenho escrito aos meus pais com certa frequência?

Deveres dos pais e superiores

- Fui descuidado em ajudar os meus filhos a rezar?
- Tenho tido o devido cuidado em lhes ensinar a doutrina?
- Vigiei-os, repreendi-os e corrigi-os com amor sem deixar de ser firme e decidido?
- Dei-lhes sempre o bom exemplo na prática religiosa, nas conversas, nas atitudes, na vida moral, em geral?
- Tenho-me preocupado com as suas companhias?
- Tenho-lhes proporcionado divertimentos sãos?

Deveres dos empregados

- Tenho faltado ao respeito para como meus superiores?
- Tenho-lhes desobedecido?
- Abusei alguma vez da sua confiança?
- Perdi o tempo que devia dedicar ao seu serviço ou ao cumprimento das suas ordens?
- Fui negligente ou preguiçoso no trabalho ou serviço?

Deveres dos militares

- Tenho cultivado o amor pela minha Pátria?
- Tenho procurado servi-la, cumprindo as missões que me são confiadas, por mais simples que sejam?
- Fui reverente para com os meus superiores, sem adulações nem hipocrisias?
- Tenho cumprido escrupulosamente os regulamentos militares?
- Tenho feito o serviço com dedicação e com consciência de que me preparo para servir a Nação onde Deus me quis?
- Procuro observar toda a disciplina militar?

- Tenho sido bom camarada? Respeitei o que pertencia aos outros? Respeitei as suas pessoas e a sua honra ou fama? Descarreguei para os outros os serviços que me competiam? Tenho admitido conversas indecentes? Tenho alimentado tais conversas?
- Tratei com respeito os meus subordinados?
- Exigi-lhes disciplina e obediência com decisão e firmeza, mas também com consideração que devo a filhos de Deus?
- Dei-lhes maus exemplos nas conversas e nas acções?

Deveres dos patrões e superiores

- Faltei à justiça para com os meus trabalhadores ou subordinados não lhes dando o que lhes era devido?
- Castiguei-os com injustiça?
- Fiz maus juízos a respeito deles ou tomei atitudes desagradáveis para eles, de ânimo leve?
- Tratei-os com a devida caridade e paciência, como filhos de Deus e meus irmãos?
- Velei pelo seu bem-estar moral e físico?
- Procurei ajudá-los com bons conselhos?
- Interessei-me pelos seus problemas, morais e materiais?
- Favoreci-lhes o cumprimento dos seus deveres religiosos?

5º Mandamento – Não matar (nem causar outro dano no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).

- Matei, feri ou magoei deliberadamente alguém?
- Guardo ódios ou rancores?
- Sinto desprezo pelo próximo e chego a mostrá-lo?
- Dei maus conselhos ou maus exemplos?
- Escandalizei o meu próximo e muito especialmente as crianças?
- Estou disposto a pedir desculpa das ofensas que fiz?
- Ridicularizei os outros, critiquei-os, ofendi a sua honra ou a sua fama e o seu bom-nome?
- Tenho respeitado as leis do trânsito , ou conduzo com imprudência?

6º e 9º Mandamentos – Guardar castidade nas palavras e nas obras.

- Cometi acções desonestas sozinho ou com outra pessoas? De que sexo? Era parente? Era livre? Era criança? Ou adulto?
- Disse palavras indecentes ou fiz gestos desonestos?
- Comecei ou mantive conversas indecentes?
- Li ou escrevi indecências?
- Assisti a espectáculos imorais?
- Incitei outros a ler livros ou folhas pornográficas, ou a ver espectáculos desonestos ou imorais?
- Fui a casas de má nota? Vou lá com frequência? Incitei outros a frequentá-las?
- Tenho provocado por palavras ou gestos pessoas de outro sexo?
- Tenho respeitado as leis cristãs do namoro?
- Tenho consentido em pensamentos e desejos contra a castidade?
- Cultivo amizades perigosas para a virtude da castidade?
- Tenho evitado as ocasiões de pecar neste capítulo, evitando conversas, leituras, espectáculos, certas frequências perigosas e excessos de comida ou bebida, etc?
- Se sou casado, respeitei as sacrossantas leis do matrimónio?
- Fui fiel. Nos pensamentos, palavras e obras ao outro cônjuge?
- Provoquei, consenti ou aconselhei algum aborto?
- Impedi ou permiti fosse impedida directamente a concepção?

(Como esta matéria é muito melindrosa, convém que peças ao confessor que te ajude para que não fiques com a consciência sobrecarregada).


7º e 10º Mandamentos – Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo)

- Tirei alguma coisa a alguém, ou ao serviço ou empresa onde trabalho?
- Consenti ou aconselhei que outros o fizessem?
- Fui conscientemente guarda ou ocultador de coisas roubadas ou de pessoas culpadas neste ponto?
- Guardei em meio proveito ou estraguei coisas que me não pertenciam?
- Enganei o meu próximo? Prejudiquei-o nos seus direitos?
- Paguei em devido tempo as minhas dívidas?
- Restitui o que não era meu?
- Deixei-me subornar ou subornei outros?


8º Mandamento – Não levantar falsos testemunhos ( nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo).


- Menti deliberadamente? Em assuntos graves ou leves?
- Fi-lo prejudicando os direitos ou interesses dos outros, ou apenas para me desculpar?
- Fiz juízos temerários?
- Disse mal do próximo? Critiquei injustamente ou de ânimo leve os meus superiores e as suas ordens?
- Critiquei com azedume e sem motivo justo?
- Revelei sem graves razões faltas ou defeitos do próximo?
- Levantei falsos testemunhos ou calúnias?
- Fiz insinuações desagradáveis?
- Lancei suspeitas infundadas?
- Murmurei ou favoreci a murmuração?
- Revelei segredos que me foram confiados?
- Li cartas que não me eram dirigidas sem licença dos seus destinatários?
- Escutei propositadamente conversas particulares? E, se por acaso as ouvi, guardei o devido segredo?
- Deixei de restituir a fama aos outros, podendo fazê-lo?
- Tive o cuidado de impedir a má-língua?






Mandamentos da Santa Madre Igreja

1º Mandamento – Ouvir Missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos domingos e festas de guarda.

(incluído no 3º Mandamento da Lei de Deus).

2º Mandamento – Confessar-se ao menos uma vez cada ano.
- Cumpri este preceito? E cumpri-o bem?
Fiz com seriedade o necessário exame de consciência? Procurei ter dor de haver ofendido a Deus? Propus-me com firmeza de vontade emendar a minha vida?

(Sem contrição ou sem sincero desejo de emenda, não há perdão!)

- Fui completo na minha última confissão?
- E nas anteriores?
- Declarei o número de pecados mortais que cometi?
- Omiti alguma falta por vergonha? Ou por esquecimento?
- Cumpri a penitência que me foi imposta?

(A respeito deste mandamento, medita de novo, se tiveres alguma dúvida, o que atrás está escrito)

3º Mandamento – Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.

- Cumpri este dever de todo o cristão?
- Cumpri-o com as necessárias disposições?
- Cumpri-o em devido tempo, isto é, na quadra pascal? Se não, porquê?
- Procurei comungar depois?
- Comunguei por motivos humanos, por exemplo, para agradar aos superiores?
- Comunguei com a alma em estado de pecado mortal, cometendo assim um grande sacrilégio?
- Comunguei mais vezes durante o ano?
- Recorri a este Santo Sacramento com a devida frequência, para me unir mais e mais com o Senhor e para me fortalecer para a luta contra o mal?

4º Mandamento – Guardar abstinência e jejuar nos dias preceituados pela Igreja

- Uni-me a toda a Cristandade na prática do jejum e da abstinência nos dias preceituados? Ou deixei de o fazer sem licença do confessor ou pároco e sem razões justificativas?
- Usei dos privilégios da Bula não a tendo e não sendo pobre?
- Procurei fazer esta penitência e outras com o devido espírito de união à Paixão de Cristo, para redenção dos meus pecados e dos pecados do mundo; para satisfação da justiça e do amor de Deus?


5º Mandamento – Contribuir para as despesas do culto e para a sustentação do clero, segundo os legítimos usos e costumes e as determinações da Igreja.

- Tenho contribuído consoante as minhas posses para as obras do culto, de caridade e de apostolado da minha igreja paroquial e da Igreja Universal?
- Tenho contribuído para a sustentação do clero?
- Tenho auxiliado os meus irmãos pobrezinhos?
- Tenho auxiliado as missões pela oração e pela esmola?
- Tenho-as auxiliado com a minha acção?

Texto: Padre José Correia da Cunha

Fotos: Hospital da Marinha sito no Campo de Santa Clara, onde Padre Correia da Cunha foi Capelão durante largos anos.


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2 comentários:

  1. assunção12.3.10

    Foi com emoção que relembrei pessoas que marcaram a minha infância e juventude. Conheci M. Francisco Esteves quando tinha 7 anos, foi em S. Vicente de Fora que recebi a minha formação religiosa, pela mão do Monsenhor e mais tarde pelo Padre José Alcobia que foi coadjutor de Monsenhor e ficou interino até o P.Correia da Cunha tomar posse como Pároco. Conheci o PCC quando ele veio viver no Edifício de S. Vicente. Foi ele que presidiu ao meu casamento no dia 1/1/1962. Foi uma cerimónia linda, onde estive acompanhada pelas "Filhas de Maria" e no orgão o Angelo. A Ana T. Barata foi minha catequista e convivi com ela até me casar, depois saí da Paróquia e a vida afastou-me do local onde cresci e do qual guardo muito boas recordaçoes

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  2. Assunção

    Foi com imenso prazer e alegria que acolhi o seu gratificante e simpático testemunho, sobre os bons tempos da sua Infância, adolescência e juventude vividos em São Vicente de Fora. Todos os citados deixaram em todos nós uma herança perene, que queremos manter bem viva. O blogue de Padre Correia da Cunha é um instrumento para compartilharmos recordações comuns porque a amizade nunca acaba mesmo que o espaço nos possa separar…
    Muito grato ficaríamos se pudéssemos tê-lo como seguidor do blogue e partilhar fotos do seu lindo casamento, onde fosse identificado o nosso querido e saudoso Padre Correia da Cunha, e não só… Contamos sinceramente consigo. Um grande bem-haja!

    joaopaulo.costadias@gmail.com

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