sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ROBERT DESCOMBES – TESTEMUNHO III

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ET LE TEMPS N'EST PLUS - DIEU MERCI POUR SES QUALITÉS ET BRAVOURE. PCC.










Robert Descombes é titular e conservador do órgão d'Orgelet, um dos mais antigos instrumentos de Franche Comte, e um dos poucos instrumentos do século XVII, existente em França. Como tal, é uma das grandes jóias da sua cidade.

Pela sua enorme reputação, que vai para além das fronteiras, já recebeu visitas regulares de organistas de todo o mundo. Os organistas são pessoas de grandes e eternas paixões. Este grande organista titular e grande apaixonado pelo maravilhoso órgão ibérico de São Vicente de Fora, enviou-nos um testemunho comovente sobre a sua grande e profunda amizade com o Padre Correia da Cunha, que passo a torná-lo público.









Robert Descombes


Foi uma enorme alegria ter encontrado o Blogue da Justa Homenagem a Padre José Correia da Cunha. Fui um seu grande amigo. Sou organista em França. Travei conhecimento com ele no ano de 1967, quando fui a Portugal para descobrir o extraordinário órgão da Igreja de São Vicente de Fora, na cidade de Lisboa. Passei ir a Lisboa cada ano, especialmente pelas grandes festas litúrgicas: Natal e Páscoa.

O Padre José Correia da Cunha sempre referia que eu era o organista itinerante da Paróquia de São Vicente de Fora, pois à altura não havia organista residente.

Lembro com muita emoção todas as pessoas que ali conheci: a Tia Alice (1906-?), o Senhor Abel Varela (1925-2013) e a muita juventude que frequentava a Comunidade Paroquial, assim como a boa gente desse típico bairro de Lisboa.

Aquela época foi uma das mais felizes da minha vida. Era muito jovem e contava com apenas 25 anos de idade, mas nunca esquecerei o indescritível carácter tão forte das cerimónias celebradas pelo saudoso Padre José Correia da Cunha, especialmente a Vigília Pascal (Sábado-Santo), com o imenso fogo nas escadarias da igreja. Sinceramente, sinto uma grande e profunda saudade…

Recordo aqui ainda o seu carro (mini-cooper), que o Padre José Correia da Cunha conduzia com muita velocidade pelas estreitas ruelas de Alfama…

Lembro-me das casas de fado em Alfama, onde ele me levava e onde ele também cantava, com fervor, um dos seus fados preferidos: ‘’ Igreja de Santo Estevão’’. Ainda me vêm as lágrimas aos olhos quando penso naqueles belos momentos. Fui seu hóspede assíduo até ao ano de 1975.

Desde esse ano, deixei de contactar pessoalmente com o Padre Correia da Cunha e só mais tarde soube da sua morte… foi uma imensa tristeza. Sabia que ele estava muito doente.

Quero também aqui trazer à memória o Padre José Diogo d’Orey Mousinho de Albuquerque de Mascarenhas Gaivão (1934-1980), que era coadjutor em São Vicente de Fora. Nunca mais voltei a Lisboa!!! Tenho 63 anos, sou professor aposentado e desejo sinceramente voltar a Lisboa, sobretudo a São Vicente de Fora para reviver algumas das pessoas que ali conheci.

Deixo aqui o meu e-mail. Termino dizendo que gosto muito de Portugal e da língua portuguesa… Foi uma grande alegria ter encontrado este seu maravilhoso Blogue e assim poder transmitir este meu sincero testemunho sobre a grande amizade que mantinha com esse Saudoso e Querido Padre Correia da Cunha.

Obrigadinho!!!

Cumpre-me agradecer do fundo do coração a Robert Descombes o seu simpático e sentido testemunho sobre o Padre José Correia da Cunha. Era bom que muitos dos seus amigos, ainda vivos, pudessem seguir este nobre gesto, permitindo assim que a memória de Padre Correia da Cunha continue viva e a iluminar o caminho de tantos os quantos que o conheceram, ouviram e foram seus dedicados e zelosos servidores.

Há muitos documentos, cartas e fotografias na posse de vários amigos. Estes têm uma importância muito grande, ao contrário do que possam pensar. Ajudem a manter vivo este blogue.

Obrigadinho!!!


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5 comentários:

  1. Anónimo13.2.10

    Quero agredecer ao Joao Paulo ter publicado o meu testemunho sobre Padre José Correia da Cunha, este grande e saudoso amigo que nunca esquecerei, assim como toda a gente que conheci naqueles tempos "de Sao Vicente de Fora", que ficam gravados na minha memoria para sempre, juntos com o extraordinàrio choque que senti, a primeira vez que pus as maos sobre o teclado do maravilhoso e ùnico orgao de Sao Vicente, o mais belo orgao que jà toquei na minha vida!!
    Quero também aproveitar desta mensagem para acordar-me com emoçao e saudade, de todos aqueles que me -conheceram hà quase 40 anos!! e que talvez lembrar-se-iam de mim..Hoje espero poder voltar daqui a pouco tempo a Lisboa, se Deus quiser!
    Un grande abraço para todos
    Robert Descombes

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  2. Em nome de todos os amigos de Padre Correia da Cunha quero agradecer o teu comovente testemunho, sobre este grande Padre que teve uma importância muito grande para toda a juventude de São Vicente de Fora. Foi um monumento humano.
    Muito gostaria de contar contigo como seguidor deste bloque e assim ajudares a manter bem viva a memória deste grande educador...

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  3. Anónimo17.3.10

    Obrigada aos dois a ti João Paulo pelo bloque e a ti Robert por amares desta forma este nobre povo , mas tambem pelo teu nobre talento de saber tocar orgão. Maravilhoso instrumento que me lava a alma com os seus sons tão extraordinarios. Adorei ouvir novamente estes sons.Decerto que um dia te irei ver e houvir tocar orgão no meu pais.

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  4. Dedico este sol do meio dia a Robert Descombes companheiro de armas - é o organista titular de Orgelet - mas, que, surpresa das surpresas, no pouco ...tempo que tive para percorrer a sua página face book, descobri um entusiasmadíssimo francês apaixonado por Lisboa, onde esteve em Junho, delirando com as sardinhas das ruelas de Alfama e deliciado no órgão de S. Vicente de Fora!!!
    Obrigado, Robert!
    Aguardemos pelos "orgânicos" frutos e não só!
    Muito obrigado.
    antónio colaço

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  5. 1967-1977..." Decade prodigiosa ′′ da minha vida... eu vivi, então, entre 20 e 30 anos, as horas mais iluminadas, as mais felizes, as mais ricas, as mais ricas, as Mais intensos, mais altos, mais carinhosos e violentos, mais livres da minha existência.....
    Primeiros anos de ensino, descobertas deslumbrantes da Espanha, dos seus órgãos, de Lisboa, do órgão de São Vicente, encontro de todos os amigos deste bairro e da alta figura do Padre Correia da Cunha, primeiro encontro e amizade privilegiada de George Malcolm e Michel Chapuis, Henrique Delorme... e então, o mundo mágico, fora do tempo e tão perto do coração, Wayland Dobson e Jean Eicher, inseparável da preciosa amizade única de Praxitele Zografos, pintor admirável, e Antonieta., e do encontro de Philippe Jaccottet.. poeta maior do nosso tempo..
    Por trás disso, o grande ensolarado de maio de 1968....
    . Tantas horas deslumbradas, povoadas por seres insubstituíveis, hoje desaparecidos... Ora, ora, ora, vozes, olhares, e mãos... Como a vida é lenta e violenta!!..
    E, finalmente, os claros paraísos de Dordogne, apesar dos rasgos e arranques anunciados, que eu provavelmente não consegui assumir nem suportar em outro lugar.. sem essa fofura...
    ′′ Só uma vez eu teria vivido como os deuses ′′ dizia Hôlderlin.., e eu não pedi mais.."
    Eu não esperava tanto...
    Sombras e ecos perturbadores....

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