quarta-feira, 11 de março de 2009

PE CORREIA DA CUNHA E O OBJECTIVO

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‘’Construir uma Comunidade mais Justa, Fraterna e Humana. ‘’




O ano de 1971 é marcado pela agitação estudantil. As reivindicações dos jovens estudantes ficaram conhecidas em todo o país, onde a juventude reclamava pela liberdade e contra o fim da guerra


 Nesse ano dava-se início, na Paróquia de São Vicente de Fora, ao primeiro movimento no sentido de juntar todos os jovens da paróquia, criando-se o GRUPO DE JOVENS OBJECTIVO, com cerca de cinquenta elementos. Era função de qualquer cristão evangelizar e os jovens faziam-no com a sua forma de estar. Os jovens eram conhecidos pela sua irreverência, festividade e rebeldia. Assim de repente estas características podiam ser julgadas como más, mas quer queiramos, quer não os jovens eram assim.


Era a sua cultura, quase todos universitários, e a sua forma de estar que os levavam assumirem a defesa de nobres valores que há época eram reprimidos pelo regime.



O grupo de Jovens OBJECTIVO deixava assim um convite a cada jovem: seguir Jesus Cristo, não abdicando da sua energia para debater e defender os seus direitos e contribuir para a criação de uma sociedade mais livre, humana, fraterna e justa. Participavam na paróquia, ajudando a dinamização de acções de solidariedade para com os mais desfavorecidos. Lembro-me dos importantes cursos de alfabetização para adultos.

Como se compreenderá PE. CORREIA DA CUNHA tinha uma formação política um pouco conservadora, mas manifestava uma verdadeira tolerância activa e dialogante. Não se baseava na sua impotência ou na sua incapacidade para obrigar os jovens assumir as suas convicções mas respeitava, com alguma dificuldade, a autonomia de cada pessoa no domínio ideológico. Todo o ser humano pode adoptar a sua própria benignidade em fontes diferentes. O pluralismo de pensamento era uma oportunidade, um desafio ético e uma promessa da valorização do humanismo cristão.

Segundo a sabedoria juvenil da época, a Igreja devia contribuir com maior eficácia para ajudar a instaurar a justiça como ordem social e política, noutros termos a justiça era uma virtude pessoal que deveria incidir no bem da Comunidade, que implicava um empenho pessoal. Os jovens de São Vicente de Fora manifestavam o desejo sincero de colaborar, intervindo activamente em debates, com propostas que eram discutidas calorosamente, sentindo que a sua força e união constituiria uma força viva para levar por diante a transformação da sociedade num mundo melhor.

É obvio que Pe. Correia da Cunha ficava surpreendido com o teor destas discussões, manifestando, por vezes, a sua absoluta discordância e desejando uma evolução lenta, gradual que passasse pelo coração de cada um. Ele costumava afirmar que sabia bem o que era melhor para a Comunidade. Em público era determinado, firme e por vezes hostil. Em privado era afável e humilde na abordagem destas temáticas.






Confesso que o testemunho memorial sobre o passado deste importante Grupo de Jovens dos finais dos anos sessenta e inícios de setenta é para mim uma interpretação de reconstrução. Mas não pode ser de outra forma, a menos que me considerasse o dono da verdade absoluta. Escrever um testemunho sobre uma experiência que não vivi, na sua total profundidade, coloca-me uma série de filtros.



Sinceramente gostaria de ter sobre o Grupo de Jovens OBJECTIVO outras verdades. Seria bom que Rui Aço, Carlos Pereira, Zélia Nunes, Mila, Natália Oliveira e Pe. Ismael, ‘’líderes’’ do Grupo Objectivo, partilhassem com todos as suas experiências e leituras sobre esse passado.
Se o fizessem, ficaríamos muito felizes, veríamos certamente alguns nichos sagrados que associamos à nossa memória e que seriam relativizados.

É evidente que também poderiam contribuir com documentação sobre esses tempos tão importantes para a nossa formação de jovens na busca da fé. Deus continua a ter futuro nos Jovens.
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2 comentários:

  1. Anónimo5.6.10

    Eu sou a Natália Oliveira. Uma das fundadoras do Grupo de Jovens OBJECTIVO. Fiquei emocionada com a referência e com a lembrança do saudoso Pe. José Correia da Cunha. Aquele período marcou-nos muito e apesar da vida nos ter levado por caminhos diversos nunca esquecemos os amigos daquela época. Espero que esteja tudo bem! E já agora olha que eu estou convencida que a foto é mesmo do Rui Aço. Quanto ao Rogério não há dúvidas. Ainda me lembro bem dele. Beijos da Natália

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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